Capítulo 52

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TRISTAN

A primeira semana após a morte de Genevieve Roux parecia suspensa no ar, como se a cidade inteira tivesse parado para sentir a ausência dela. As ruas estavam mais silenciosas, e mesmo os poucos que se arriscavam a andar por ali mantinham uma espécie de luto invisível em seus passos. As notícias só falavam disso — manchetes e repórteres incansáveis, revivendo o impacto da perda em cada esquina, em cada rosto que aparecia na televisão. Algumas lojas nem sequer abriram, as portas fechadas como quem desiste de funcionar, respeitando um luto coletivo que tomava conta da cidade. Era como se um véu tivesse caído sobre tudo, abafando as cores e as vozes, deixando no ar apenas a lembrança dela.

Eu me pergunto como, mas aí lembro que a velha é literalmente dona da cidade, seu tataravô, Bing Roux I, descobriu a cidade uma vez que foi expulso da França, sei la quais guerras eles tinham, então ele descobriu a cidade e apelidou de Wallace, pela história que ouvi, foi em homenagem a William Wallace III, deve ser por isso que filho de Roux chama-se William. De qualquer maneira, gostei de como os habitantes estavam respeitando a bruxa Roux.

Eu? Estava aproveitando a paralização da cidade para negociar. Já que o leilão foi temporariamente cancelado, tivemos que fazer outras formas de transportar a droga, consegui, e decidi deixar tudo nas mãos de Lorenzo di Notte. Além de ter criado todo um mundo da máfia em Wallace nesse tempo que estive separado de Ariella, essa semana toda eu tirei para perturba-la.

Ligações, presentes, idas até sua mansão: Essas que ou sua secretária me atendia dizendo que ela está dormindo, ou seu irmão me atendia dizendo que ela não quer me ver. Ela também mandou devolver dois de sete presentes que mandei.

Quando eu era mais novo perguntei para meu pai o que fez ele não desistir de mamãe por todos esses anos e ele disse que quando amamos queremos mover montanhas, eu acredito agora. Mas minha mãe também me disse que temos que limitar nossa força senão nos machucaremos muito. Graças a Deus tive uma boa educação e sou um homem compreensível, se Ariella quer honrar sua avó. Vou respeitar isso.

— Senhor — Dominic entra na minha sala, ergo uma sobrancelha pra ele — Senhor Roux aceitou a visita, meio dia. — Assinto e ele se retira.

Olho para meu relógio que marca dez e vinte dois, é uma quarta feita de um clima suave, o céu está claro e o vento soa frio, o verão está se despedindo aos poucos de Wallace, o que será que Ariella veste no inverno? Balanço a cabeça em negação, não é da minha conta. Eu deveria estar me arrumando pra ir.

[...]

Exatamente ao meio dia estou entrando no escritório de Roux após sua autorização. Veja só, Ariella queria um homem mais forte que o pai dela para salvar mas não encontrou. Não fui mais forte que Roux e até poderia dar um prêmio ao velho.

— Falcone. Você demorou — ele se sentou em sua cadeira pegando o telefone.

— Não precisa pedir nada, serei breve — ele ergue a sobrancelha e devolve o telefone.

— Sente-se.

— Não será necessário, Roux. — Ele se senta ereto me encarando com curiosidade, engulo em seco e arrumo minha postura. — Antes de mais nada, queria dizer que meus pais me falaram para sempre reconhecer meus erros e assumir minhas responsabilidades, — começo, Roux junta as sobrancelhas.

— Sente-se, Falcone. — nego.

— Sinto muito pela sua mãe. Não era fã dela mas.. sei o que é perder uma mãe — ele revira os olhos. — Eu também sinto muito pelos transtornos que minha estadia aqui te causou — Roux segura a cabeça.

— O que você está querendo dizer com isso? — sorrio.

— Que você venceu, Roux. — Tiro as chaves do meu bolso e empurro pra ele. — Vim aqui para devolver isso, esse palácio pertence a Ariella e não a mim, essa cidade é vossa e eu não mando aqui. Vou voltar para Itália, sinto muito por tudo.

Ele me olha como se eu tivesse enlouquecido.

— Era só isso. Vou embora. — dou as costas caminhando até a porta, quando seguro a maçaneta ouço ele coçar a garganta.

— Então você vai desistir da minha filha? — Ergo uma sobrancelha ainda de costas para ele — É assim que seus pais te educaram? Para que você deixasse a mulher que ama casar com outro? Outro que ela não ama? Você vai fazer isso, Falcone? — travo a mandíbula.

— Tentei de tudo com ela senhor, ela não me quer.

— Por Deus, Tristan. — Vocifera. — Você não sabe que as mulheres são teimosas? Se fazer de difícil está no sangue delas, porra! — ele segura meu ombro me virando na direção dele. — Eu não quero Ariella chorando pelo resto da vida, por isso recolha sua merda e vai buscar sua mulher — arregalo os olhos sem saber o que dizer. — Agora que minha mãe morreu você vai desistir da minha filha? Tristan Falcone, desse aeroporto você não sai.

— Eu tenho um jato privado.

— Vai se foder, filho da puta. — sorrio quando ele da um soco leve no meu ombro.

CONTINUA...

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