Dulce Maria Saviñon
Eu sempre me senti incompleta, como se uma parte da minha vida não existisse, estivesse longe, e na verdade estava, minha irmã, minha metade, a parte que sempre faltou em mim.
Ela estava do outro lado do oceano, seguindo os seus sonhos. E eu? Estava aqui tentando entender como a vida podia ser tão injusta, pois mesmo sabendo que agora estava livre, não conseguia me libertar, parecia errado ser livre.
Será que foi um equívoco da minha parte abandonar o que me fazia mal, me puxava para trás e me humilhava?
Flashback
— Você não acha que essa saia está muito curta para ir para faculdade?
— Meu namorado gritou do lado de fora do nosso quarto.
— É só uma saia Pablo, não confia em mim? ― Perguntei, cansada dessa conversa.
— Confio em você, só não confio neles.
Era sempre assim, as roupas, os amigos, os lugares que eu frequentava. Nós nos conhecemos na faculdade, ele cursava direito e eu pedagogia.
Meu sonho era trabalhar com crianças, sempre gostei da alegria e da magia que era o mundo infantil.
Pablo era bonito, tinha corpo sarado, o cabelo sempre com o corte feito, roupas legais, o carro do ano, amigos sempre por perto, era o playboy da faculdade, nunca achei que ele iria me notar, até que em uma festa da faculdade, lá estava ele conversando comigo e pedindo o meu número.
Em menos de um ano estávamos morando juntos, abandonamos nossas respectivas repúblicas para dividir uma quitinete, segundo ele, precisa ficar perto de mim, para me proteger das amizades ruins que eu tinha.
Eu trabalhava durante o dia em um consultório pediátrico, o médico, Dr. Alcides, era um amor, tanto com os funcionários, quanto com os pequenos pacientes dele.
Mas tive que sair do meu emprego, pois Pablo achava que o Dr. Alcides era um pervertido que não tirava os olhos de mim, e a namorada dele não precisava trabalhar.
Minha vida foi assim por muito tempo, vivia em função do meu namorado, que por sinal, não aceitava nem o curso que eu escolhi fazer, pois segundo ele não ia ganhar dinheiro trabalhando com crianças. Mas eu não queria saber do dinheiro, queria ser feliz, coisa que não estava conseguindo há um bom tempo.
Pablo bancava as nossas despesas, afinal, ele vinha de uma família muito poderosa e rica de Minas Gerais, enquanto eu lutava para segurar a minha bolsa de estudos integral que consegui com muito esforço.
— Tudo bem Pablo, eu troco, se vai te deixar feliz. ― Falei, exausta.
— Como é que é? Tudo bem, o que? ― Ele respondeu, perdendo a paciência.
— Tudo bem amor, eu troco. ― Concordei com medo da sua reação.
— Isso mesmo, sou seu amor e você sabe que nunca vai achar alguém que te ame mais do que eu, né?
— Claro que sei, amor!
Estava no meu limite com esse relacionamento, e era o último ano do meu curso, eu só queria me ver livre dessa situação.
Pablo me deixou no campus e seguiu para o seu estágio, na empresa de advocacia do pai. Ele se formou no ano passado, mas ainda não passou no curso da ordem, o pai dele estava uma fera, e como de costume, ele colocou a culpa em mim.
— Você sabe que tenho olhos aí dentro, né? Espero não ter que te lembrar que não precisa de amigos, eu sou suficiente para você. ― Disse me beijando de um jeito molhado demais, como se quisesse marcar território no meu rosto.

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Passione
RomanceChristopher Uckermann, um imponente empresário do setor de exportação marítima, é também um temido e implacável mafioso, ocupando o segundo posto na hierarquia da Máfia Italiana. Viúvo e pai dedicado de gêmeos de 4 anos, ele concentra sua vida em to...