Dulce Maria Saviñon
Acordo, mas não abro os olhos pois uma dor de cabeça me abraça. Tive um sonho, não um pesadelo, em que Pablo me encontrava e vinha atrás das pessoas que amo. Espera aí, tem algo pesado em cima de mim. Mesmo assim, estou tão confortável. Ai, meu Deus, é um braço na minha cintura? Abro os olhos em pânico. Onde estou? Viro minha cabeça para trás e vejo dois pares de olhos negros como a noite me encarando e me... admirando?
— Bom dia, pequena. Como está se sentindo? ― Christopher diz calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo ele estar deitado na mesma cama que eu, dormindo de conchinha.
Ai, meu Deus, minha cabeça vai explodir.
— Estou... enjoada? ― Na verdade, meu estômago está embrulhado.
Fazia tempo que não bebia assim. Três garrafas de vinho foram demais para mim. Tudo bem que eu tinha um companheiro bem potente, mas não foi bom.
— Isso é uma pergunta ou uma afirmação?
— Não estou pensando direito. Minha cabeça está explodindo. Ai, meu Deus, o que estou fazendo na sua cama? Com você? Eu... nós...? Ai, Deus, o que eu fiz? ― Digo, olhando para baixo do edredom.
Estou vestida, graças a Deus. Não fiz nada estúpido. Sento-me e tudo gira. Acho que preciso vomitar.
— Calma, não se levante assim. Não vai te fazer bem. Sim, dormimos juntos, mas só isso, tá? Não faria nada com você estando bêbada. Mas não queria te deixar sozinha. ― Ele diz, esfregando minhas costas com carinho. Ele não queria me deixar? Ai, meu Deus, vou vomitar. Levanto-me correndo em direção ao banheiro, empurrando a porta com o pé. Levanto a tampa do vaso e me ajoelho na frente dele, com o rosto dentro do vaso, e coloco tudo que tenho no estômago para fora. Sinto meus cabelos sendo presos no alto da minha cabeça e um carinho nas costas.
— Não, vá embora, por favor, não quero que veja isso. ― Digo, morrendo de vergonha. Não queria que ele me visse assim.
— Não vou a lugar nenhum, pequena. ― Meu Deus, que vergonha.
Não tenho forças para argumentar com ele, mas me conforta saber que ele está aqui. Volto a vomitar e tudo ao meu redor gira. Estou fraca, mesmo assim tento me levantar. Baixo a tampa e dou descarga. Ele me segura pela cintura e me leva até a pia.
— Você se sentirá melhor agora, mas precisa de um banho. Vem, eu te ajudo. ― Encosto meu corpo na pia e me viro para ele.
Como assim ele vai me ajudar? Não, não. Humilhação tem limite. Fora o meu bafo, que devo ter agora. Lendo meus pensamentos, ele se abaixa, pega uma escova de dentes da embalagem dentro do armário, coloca pasta de dente e me entrega.
— Eu imagino que você vá se sentir melhor para conversar comigo, certo? Não precisa ter vergonha, pequena. Já passei por isso e ajudei os rapazes muitas vezes nessa situação. Relaxa. ― Escovei os dentes olhando para ele pelo reflexo do espelho.
Como vou inventar uma desculpa para o que aconteceu? Minha cabeça não consegue trabalhar. Só posso tentar fugir do assunto agora. Finalizo, enxugo a boca e me viro para ele, que está com o corpo colado no meu.
— Obrigada por tudo, mas eu preciso acordar as crianças. ― Digo, tentando escapar do lado do seu corpo, mas ele me prende ainda mais. Eu tento empurrá-lo, mas minha pressão cai e fico tonta e ele me segura.
— As crianças estão bem com a Margô. Você precisa de cuidados agora, pequena. E eu não vou deixar você sair desse quarto enquanto não estiver bem e enquanto não tivermos conversado tudo o que precisa ser dito. Por enquanto, vou te dar um banho e te alimentar. Depois, você descansa e nós conversamos. ― Ele fala tão sério que fico sem reação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Passione
RomanceChristopher Uckermann, um imponente empresário do setor de exportação marítima, é também um temido e implacável mafioso, ocupando o segundo posto na hierarquia da Máfia Italiana. Viúvo e pai dedicado de gêmeos de 4 anos, ele concentra sua vida em to...