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Christopher Uckermann

Acordar de manhã com o braço dormente nunca foi tão satisfatório como hoje. Dante estava com a perna na minha barriga e a cabeça na barriga de Dulce Maria, Nina com os bracinhos em volta do meu pescoço e as pernas na barriga do irmão. Dulce Maria tinha uma mão nas costas de Nina e a outra embaixo do braço de Dante, usando meu braço como travesseiro.

Era a bagunça mais gostosa de se ver. Não sabia onde começava um e terminava o outro. Se no leito de minha morte eu tivesse apenas um momento para lembrar, seria esse, com toda a certeza da minha existência.

Levantei-me com cuidado, tomei um banho e fiz minha higiene matinal. Não queria sair desse quarto, mas o trabalho me chamava. Não queria deixar Dulce Maria com pensamentos ruins, ela já estava abalada o suficiente para achar que me arrependi, como da última vez. Então, peguei um bloco de notas e deixei um bilhete para ela na mesa de cabeceira. Dei um beijo em cada um deles e saí do quarto.

Antes de dormir, pedi para Margô acomodar nossos convidados nos quartos de hóspedes. Imagino que Anahí deva estar maluca para falar com a irmã, já deve até ter acordado. Mas não podia perder tempo, tinha que ir para a boate, entender como Pablo se envolveu com os russos.

Desci as escadas e cumprimentei Margô. Disse a ela que as visitas poderiam ficar o tempo que quisessem e proibi Dulce Maria de fazer esforços. Mandei levar um café da manhã para as três crianças que estavam na minha cama e chamei o médico para examiná-la mais uma vez.

Giovanni estava com a porta do carro aberta, como sempre, fui seguido por ele e Alfonso para o interior do carro.

— Achei que não ia sair mais daquele quarto. Queria ser uma mosquinha para saber o que vocês tanto fazem lá. ― Giovanni não ia me tirar do sério hoje.

— Se você fosse uma mosca, já teria te esmagado.

— Como ela está? ― Alfonso perguntou sério.

— Por incrível que pareça, bem. Apesar dos hematomas e uma dorzinha aqui e ali, ela está bem. Como ela disse, está com a cabeça aberta. Aliás, vocês dois têm autorização para contar a ela aos poucos como funciona nosso mundo. Vou precisar de ajuda.

— Estou aqui para ajudar. ― Giovanni disse prestativo.

— Pode contar comigo também. A parte em que você está noivo, você já contou para ela?

— Não, eu estava em outro mundo dentro daquele quarto e permiti-me viver o momento. Não queria pensar em problemas, mas vou achar o momento certo para explicar a situação a ela. Descobriram como o defunto teve ajuda dos russos? E onde está Romeo?

— Romeo foi expulso da mansão pela sua futura cunhada ― respondeu Alfonso.

— Aquela ali tem a raiva de dois Pinschers na TPM. Ela não suporta nem estar no mesmo ambiente que ele, imagina casar-se ― contou Giovanni, e nós rimos da situação.

— Ela não tem um pingo de medo dele, mesmo sabendo quem ele é. Vai ser divertido ver os dois se matarem ― Alfonso riu, colocando a mão na barriga.

— Romeo acha que fez um bom negócio, mas não sabe a enrascada em que se meteu. Nunca é bom obrigar uma mulher a fazer algo que ela não queira, ainda mais se casar.

— Mas não podemos negar que ali tem fumaça, e onde tem fumaça, tem fogo. Vou assistir como se fossem os meus Doramas, comendo pipoca ― Giovanni disse, referindo-se às novelas que ele adora assistir.

Fofoqueiro e noveleiro, quem olha para esse brutamontes cheio de músculos não imagina isso.

— Vamos falar do que importa ― desci do carro e entrei na boate.

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