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Christopher Uckermann

Agatha entrou na sala de estar da casa dos meus pais ao lado de Roberto e sua mãe. Ela estava usando uma maquiagem um pouco carregada, talvez um pouco exagerada, mas estava bonita com um vestido rodado até o joelho e mangas 3/4. Parecia uma virgem sendo vendida para seu dono. O roteiro perfeito na cabeça de Roberto. Se ele acha que me engana, finjo que acredito sem problemas.

Buona notte. ― Agatha disse timidamente.

Buona notte. ― Respondi pegando sua mão direita e dando um beijo.

Minha mãe estava animada, quase pulando de alegria. Meu pai tinha um semblante indecifrável. Giovanni não expressava, mas parecia querer arrancar a cabeça de Roberto ali mesmo. Eu também queria, mas precisava de provas.

— Sem delongas, queria conversar com minha futura noiva em particular. Vamos ao escritório. ― Eu me virei para sair quando Roberto disse:

— Não é de bom tom o noivo ficar com a noiva sozinho antes do casamento, sobrinho meu. ― Roberto disse sério. Seria de bom tom cortar sua garganta agora? ― E sem contar que ela ainda não tem um anel no dedo.

— Estou pouco me importando com o que é de bom tom. E se você quer um anel, aqui está. ― Peguei a mão de Agatha, que até então estava parada no mesmo lugar com uma expressão impassível, e coloquei o anel em seu dedo.

Mandei Giovanni comprar qualquer anel. Eu tinha o da minha Nonna, mas aquele era especial. Eu pensava em dar apenas para Dante presentear sua futura noiva, mas nas últimas semanas, comecei a mudar de ideia. E não seria Agatha a receber o anel.

— Não é como se você fosse dizer não, né? ― Olhei para Roberto. Não queria magoar Agatha nem ser rude, mas não podia demonstrar respeito ou empatia, pois estava lidando com um suposto traidor. ― Agora, vamos, noiva. ― Eu disse enquanto caminhava e ouvia o barulho dos saltos dela atrás de mim. Fechei a porta assim que ela passou.

— Não acredito que você queira esse casamento tanto quanto eu. Então vou ser direta, eu sei de algo que pode te favorecer. Você quer um acordo? — Agatha disse, me surpreendendo. Fiquei de boca aberta.

— Bem, você me surpreendeu. Estou sem palavras.

— Só diga sim. Você é minha última esperança. ― Ela disse, agora com a voz falhando um pouco. Não sou facilmente enganado, mas essa moça não está mentindo.

— E qual seria o acordo? ― perguntei.

— Eu te ajudo a desmascarar o Roberto, e você me ajuda a seguir em frente com minha mãe. Me dê asilo em Portugal e não permita que o Conselho nem ninguém nos mate, a mim ou a minha mãe. Só quero recomeçar. ― Agatha propôs.

— Você sabe que quem nasce na máfia morre na máfia, não posso simplesmente tirá-la dela. ― Respondi.

— Não quero sair, eu gosto do nosso mundo. Só quero fazer a diferença, ser alguém, trabalhar, terminar a faculdade. Não me importo se tiver que casar, mas não agora, não assim. ― Ela explicou.

— E por que eu te ajudaria? Quem me garante que você tem algo que possa me ajudar? ― Questionei.

— Para a sua primeira pergunta, isso. ― Agatha abriu sua bolsa e pegou um pedaço de algodão, passando-o sob os olhos. Imediatamente, as manchas roxas apareceram.

Aquele filho da mãe, ele vai sofrer tanto nas minhas mãos.

— Tenho mais evidências, mas isso não importa agora. E para a sua segunda pergunta, eu já o ouvi conversando em russo várias vezes no escritório, durante a madrugada. Ele tem alguém em Portugal com quem ele troca informações sobre seus passos. ― concluiu.

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