Christopher Uckermann
Cheguei em casa já era madrugada, o dia estava clareando. Passei no quarto das crianças e vi a cena mais linda da vida: Dulce Maria deitada no meio, Nina deitada em sua barriga e Dante em seu braço. Me aproximei sem fazer barulho e dei um beijo na testa dos três. Tentei imaginar uma forma de tirar Dulce Maria dali sem acordar as crianças. Queria colocá-la na minha cama, abraçada a mim, mas não havia possibilidade de fazer isso. Eles eram um só. Admito que fiquei com inveja das crianças por tê-la tão perto.
Fui para o meu quarto, tomei um banho e coloquei uma calça de moletom. Antes de deitar na cama, fui novamente até a porta do quarto das crianças e os admirei um pouco mais.
— Você sabe que está parecendo um stalker, né? ― Alfonso perguntou baixinho, parando ao meu lado.
Quem olha para ele inocente assim, com um copo de leite na mão, nem imagina que bebeu uísque a noite toda, espancou um russo filho da puta e se envolveu com uma prostituta no final da noite.
— Eu sei, já pensei nisso. Quer saber? Eu faço muitas coisas estranhas quando estou perto dela. Pareço um adolescente cheio de hormônios. ― Admiti.
— Nós percebemos isso. E posso dizer? Nunca te vi tão leve, só quando as crianças dormiram em casa pela primeira vez. ― E era verdade.
A sensação de trazer os dois para casa depois do caos que foi no hospital com a morte de Belinda me trouxe paz.
— Ela ajudou as crianças e, no fundo, a mim também.
— Você sabe que não vai ser fácil ficar com ela, né? Ela não é do nosso mundo e pode não aceitar você como é. Além disso, você não pode se casar com ela, e ela não vai aceitar ser sua amante. ― Ele disse apenas verdades.
Me incomoda saber que não vou poder ficar com ela da forma que eu quero.
— Eu vou dar um jeito nisso. Não sei se consigo ficar longe dela por muito tempo. A menos que ela não me aceite como sou, não vou deixá-la escapar.
— Certo, e eu estou contigo. Agora vou dormir, o dia foi puxado.
— Vai lá, vou também. Daqui a pouco Romeo está por aí, e temos que estar cem por cento para ele. ― Segui para o meu quarto com vontade de levá-la comigo.
O dia não começou bem. Acordei atrasado para malhar. Não gosto de perder horários, mas não deixei de ir. Passei no quarto de Dulce Maria, mas ela não estava lá. Na volta do treino, ela ainda não estava na cozinha, nem com seu café com waffles.
Carmen estava no fogão, peguei uma xícara de café, falando ao telefone, e fui para o banho. Pensei em ir no quarto dela e lhe dar um bom dia, mas Giovanni me interceptou no meio do caminho. Uma carga foi entregue faltando mercadoria, e o cliente não está muito feliz. Tivemos que correr para a boate para ver o que aconteceu. Tínhamos passado a noite anterior toda lá, não conseguia deixar de sentir raiva por não ver Dulce Maria novamente.
O soldado responsável pela conferência da carga no contêiner não foi encontrado, o que me leva a crer que ele era mais um dos informantes de Roberto. Ele podia até tentar fugir de mim, mas já era um defunto em pé.
Chegamos em casa na hora do almoço, e fiquei feliz porque ia conseguir almoçar com as crianças e com Dulce Maria. Chegamos à sala de jantar e as crianças estavam sozinhas na mesa, com Margô ao lado delas.
— Boa tarde, meus amores ― disse, me sentando na ponta da mesa.
Alfonso e Giovanni me acompanharam.
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Passione
RomanceChristopher Uckermann, um imponente empresário do setor de exportação marítima, é também um temido e implacável mafioso, ocupando o segundo posto na hierarquia da Máfia Italiana. Viúvo e pai dedicado de gêmeos de 4 anos, ele concentra sua vida em to...