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Christopher Uckermann

Passei a noite em claro. Não foi fácil dormir com tantos problemas na minha cabeça. Já era madrugada quando desisti de tentar dormir, coloquei uma bermuda de treino e segui para o centro de treinamento nos fundos de casa.

Para alguns, era apenas a minha academia particular, mas na verdade era o centro de treinamento dos meus soldados e dos rapazes. Tínhamos outra academia, mas aqui tínhamos privacidade. O galpão era enorme, com estande de tiro, ringue de luta e área de musculação.

Fui em direção ao ringue, já colocando as luvas e me aproximando do saco de boxe, quando um barulho chamou minha atenção.

— Sem sono também, irmão? ― Alfonso perguntou, saindo do vestiário e vestindo bermudas como eu.

— Dia difícil. Já ficou sabendo do que os seus sobrinhos aprontaram? ― Perguntei enquanto ele vestia as luvas. Parecia que não iríamos usar o saco de boxe.

— Já sim. As paredes têm ouvidos, e o Giovanni tem a língua muito grande ― falou sorrindo.

Eu já imaginava. Tá para nascer alguém mais fofoqueiro que o Giovanni.

— Margô acha que a moça é especial ― contei, algo que no fundo eu também achava.

Especial e gostosa. Balancei a cabeça, espalhando os pensamentos.

— Sim, e você não achou só isso, né? ― Alfonso perguntou com ironia, desferindo o primeiro golpe que desviei e acertei um soco em sua costela.

— Você lê pensamentos agora, porra? ― Perguntei surpreso, pulando e desviando de seus ataques.

— Não precisa, está na cara ― respondeu.

Pronto, só falta ele dizer que os olhos são as janelas da alma. Dei um chute e ele se defendeu rapidamente.

— Não posso negar que ela é muito gostosa aos olhos, mas não preciso de uma distração agora ― Levei um soco no ouvido para me provar que já estava distraído. Revidei com uma sequência de chutes até encurralá-lo na parede.

— O que está fazendo aqui, então, a essa hora da madrugada, se não quer se distrair? ― O filho da puta me conhecia como ninguém. Melhor mudar de assunto.

— O que você está achando dessa movimentação toda, Alfonso? Acha que os russos estão se envolvendo com alguns italianos para me ferrar? ― Perguntei o óbvio.

Ele se livrou dos meus chutes e me aplicou um mata-leão, jogando-me no chão.

— Tenho certeza. Minha dúvida é: quem seria louco o suficiente para trair a máfia? ― Perguntou ofegante. Virei meu corpo e fiquei por cima dele.

— Você acha que o seu pai está envolvido nessa história? Afinal, o sonho dele sempre foi ser o Don e não ver o meu pai ocupando esse lugar — perguntei com pesar.

Se meu tio estiver envolvido nisso, não terei piedade, e Alfonso sabia disso.

Finalizei um golpe em seu pescoço e encerrei a luta.

— Meu chefe e líder é você, irmão. Se ele estiver envolvido, não pedirei clemência por ele. Ele nunca foi um homem bom como o tio. Não se preocupe comigo, vamos fazer o nosso trabalho ― Estávamos sentados no ringue, olhando para o vazio.

Eu sabia qual era a opinião de Alfonso. A relação com tio Roberto nunca foi boa. Quem praticamente criou Alfonso foram meus pais, não é à toa que somos irmãos. Mas eu precisava ouvir isso diretamente dele. Tudo estava em jogo, e não irei arriscar nada.

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