Dulce Maria Saviñon
Depois das três primeiras aulas, corri para o outro lado do campo, onde ficava a área de alimentação. Como meu namorado não me permitia trabalhar, eu tinha que arrumar dinheiro de alguma forma. Fazia trabalhos para alguns colegas e cobrava por isso. Não me interpretem mal, eu sei que não é correto, mas não tinha outra opção, pelo menos até meu plano de ir embora dar certo. Eu tinha que aceitar tudo.
Dona Tereza, a tia da lanchonete, me recebeu com um abraço carinhoso, o melhor abraço do mundo. Ela não sabia de tudo que acontecia na minha vida, mas imaginava, já que eu a ajudava na cozinha em segredo. Ela sabia que meu namorado não podia saber. Ela me pagava pela ajuda, já que seu filho havia se acidentado e não poderia mais ajudá-la até se recuperar. Era outra forma que encontrei para conseguir dinheiro extra.
— Você está muito pálida e magrinha, minha filha. Vem comer antes de lavar essas louças ― disse ela, enquanto colocava um escondidinho de frango divino na minha frente.
Se tem uma coisa que me conquista é comida, definitivamente, e a comida da dona Tereza era a melhor.
— Obrigada, nem lembrei de comer hoje ― falei enquanto devorava o prato.
— Come, menina. Saco vazio não para em pé.
Depois do movimento, lavei as louças e ajudei a limpar a cozinha. Eu precisava ficar nos bastidores, não podia ajudar no atendimento, pois não queria ser vista pelos amigos do meu namorado. Fui assistir ao restante das aulas e, no fim do horário, encontrei Maite, que me acompanhou até a saída. Já era tarde, o sol estava se pondo, pintando o céu com tons de um alaranjado lindo.
— Dul, vou fazer uma festa na República neste fim de semana. Será que o insuportável do Pablo deixa você ir? ― perguntou minha amiga.
— Amiga, provavelmente não. A futura esposa de um admirável advogado não pode frequentar esse tipo de ambiente ― respondi, sabendo das restrições que o relacionamento impunha.
— Tão admirável que nem advogado é, né amiga? Nem na OAB ele conseguiu passar ― ela disse, gargalhando alto, e eu a acompanhei. Eu não gostava de diminuir ninguém, mas a Maite me fazia sentir mais leve, e eu precisava aproveitar esses momentos de alegria.
— Do que as meninas mais lindas da faculdade estão rindo? ― um braço passou pelo meu ombro e outro no de Maite, enquanto recebia um beijo no rosto.
— Irmão! ― Maite gritou alto, soltando-se e pulando em seus braços. Antônio era o irmão mais velho dela, morava em outra cidade e sempre vinha visitá-la quando podia.
— Calma, irmãzinha, assim vai derrubar nós dois ― ele disse rindo da animação da irmã.
— Estava com tantas saudades, onde está a Camila? ― quis saber Maite.
— Não estava se sentindo muito bem, no final da gravidez tudo incomoda. Quis ficar na casa da mamãe, mas ela está te esperando lá. Vamos jantar todos juntos? ― perguntou para nós.
— Claro que sim! Mal posso esperar para ter meu sobrinho nos braços — disse Maite, animada com a possibilidade de ser tia. Sua empolgação era contagiante.
— Vamos, Dul? Mamãe mandou sequestrar vocês duas. Ela diz que você nunca mais apareceu lá em casa ― disse Antônio, me repreendendo com carinho.
— Não vai dar, Antônio. Pablo vem me buscar ― disse, me livrando da vergonha de Pablo chegar e fazer um show, pois qualquer pessoa do sexo masculino é uma ameaça para ele.
— Tudo bem, mas não vou aceitar um não da próxima vez, hein? ― disse Maite, me abraçando e dando um beijo. Antônio fez o mesmo, e eles foram em direção ao estacionamento.

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Passione
RomanceChristopher Uckermann, um imponente empresário do setor de exportação marítima, é também um temido e implacável mafioso, ocupando o segundo posto na hierarquia da Máfia Italiana. Viúvo e pai dedicado de gêmeos de 4 anos, ele concentra sua vida em to...