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Christopher Uckermann

Estaciono meu SUV, seguido por Alfonso e Giovanni, meu braço direito e esquerdo, respectivamente. Admiro o meu império, um prédio cuja fachada perfeita para os meus negócios ilícitos é claramente confundida com o transporte marítimo e construção de embarcações. A "Uckermann Marine" é a maior empresa de transporte e construção marítima de Portugal.

Sim, tornei-me milionário quando a oportunidade de comprar a empresa chegou até mim, cerca de oito anos atrás. O dinheiro limpo que dela provém me faz ter certeza de que foi um bom negócio, mas nada se compara à oportunidade de poder transportar minhas cargas de drogas e armamentos que vêm da Itália e de nossos parceiros comerciais, sem me preocupar com as autoridades.

Estamos localizados em Lisboa, uma cidade que aprendi a gostar, embora não tanto quanto a minha Itália, é claro, mas não fica para trás. Sou o subchefe da máfia italiana, o segundo na linha de comando, mas isso não vem ao caso agora. Meu pai, o Don da Cosa Nostra, está muito bem de saúde e pode se manter no cargo por muitos anos. Enquanto isso, ocupo-me em conquistar territórios e tomar Portugal como um segundo lar para minha família e negócios.

— Nervoso para a sua reunião, chefe? ― Giovanni me tira do diálogo comigo mesmo.

— Deveria? Afinal, não é um fornecedor de armamentos, mas sim de obras-primas. Ainda não aprendeu a separar os negócios? ― disse, perdendo a paciência. Não estava em um dia bom, e eles, mais do que ninguém, sabiam disso.

— Desculpa, chefe. Não está mais aqui quem falou! ― Giovanni coloca os braços para cima, em sinal de rendição.

— Os pirralhos não dormiram de novo? ― Alfonso pergunta preocupado, mas com seu senso de humor apurado.

Os pirralhos a quem ele se referia eram meus filhos, Dante e Nina. Os gêmeos têm apenas 4 anos e já fizeram cinco babás pedirem demissão.

O motivo? Ninguém sabe. Eles não falam, não comem, só infernizam a vida das coitadas até que elas não voltem mais. À noite, eles não dormem direito, principalmente em dias chuvosos. Passo a noite tentando entender do que eles precisam, mas na verdade eu sei. Daria minha vida por eles, o mundo se fosse preciso, mas não posso dar o que eles realmente precisam: uma mãe.

— Sim, eles não dormiram. Chuva e gêmeos não combinam ― disse, atravessando a calçada e entrando na porta giratória do prédio de 26 andares.

— Vou te falar a verdade, sua mãe não vê a hora de te casar novamente. Ela acha que o que falta para as crianças é uma figura feminina. ― Giovanni comenta caminhando atrás de mim e passando pela catraca ao meu lado.

— Minha mãe quer me casar de qualquer maneira. É apenas uma desculpa para apressar as coisas. As crianças já têm uma figura feminina em casa, a Margô. ― Continuo andando em direção aos elevadores.

As recepcionistas me cumprimentam com um aceno de cabeça. Meus funcionários nunca olham diretamente para mim. Todos têm medo de mim por ser um CEO focado nos negócios. Imagina se eles soubessem que sou um mafioso assassino e cruel. Aí sim teriam medo.

— Sua governanta já está velha e sem energia para correr atrás dos pirralhos, Christopher. Em algum momento, você vai ter que resolver isso. ― Alfonso afirma, meu primo e meu futuro consigliere. Ele é o único que ouço conselhos e se atreve a questionar minhas decisões. Isso vale para Giovanni, que é meu amigo de infância. Mas é melhor ele não saber, senão seu ego ficará nas alturas.

— Na hora certa, porra! Já estou cansado dessa conversa. ― Falo impaciente. Paciência não é uma virtude minha.

Giovanni estende o braço segurando a porta do elevador. Entramos e ele aperta o botão para o nosso andar. Lá em cima, está o meu trono, onde vejo o mundo passar aos meus pés. Subimos em silêncio. Eles me conhecem o suficiente para saber quando se calar. Giovanni, além de amigo, é chefe da segurança. É o homem em quem confio a minha vida e a dos meus filhos. Ele está encarregado de toda a nossa segurança.

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