𝗙𝗜𝗥𝗘 𝗔𝗡𝗗 𝗕𝗟𝗢𝗢𝗗 - @𝗅𝟢𝗌𝗍𝗋𝖾𝗂𝖽

𝟕𝟒 ⌁ 𓈒 ֹ LORENZO MATTIOLI ˳ׄ ⬞

Mattioli entrou em sua mansão com passos firmes, a presença de Enrico logo atrás dando suporte à sua aura de comando. O ambiente, normalmente silencioso, carregava uma tensão incomum. Ao adentrarem a sala principal, seus olhos foram imediatamente atraídos para a figura sentada no sofá ao lado de sua mãe, Giorgia. Serena estava ali também, próxima à matriarca, as duas em uma conversa que cessou instantaneamente ao notarem a presença dos dois homens. O silêncio tomou conta da sala como uma sombra pesada.

Era a primeira vez que Serena pisava na casa de Lorenzo desde a discussão acalorada que haviam tido, e sua presença ali não passava despercebida. O Don manteve a postura imponente enquanto se aproximava de Giorgia, inclinando-se para beijar delicadamente o topo da cabeça da mãe em um gesto quase instintivo, mas carregado de respeito e afeto.

─ Preciso falar com você, Don.

A voz de Serena soou baixa, quase hesitante. Havia algo em seus olhos que Lorenzo não gostou - um reflexo de preocupação ou talvez de medo.

Antes que ele pudesse responder, Giorgia interveio, apertando suavemente as mãos do filho, como se pudesse conter a tempestade que ela sabia que poderia surgir.

─ E precisamos que você mantenha a calma. ─ As palavras de Giorgia eram firmes, mas carregadas de carinho, como se tentasse preparar Lorenzo para algo que ele talvez não quisesse ouvir.

O Don respirou fundo, a mandíbula tensa. Ele se sentou no sofá ao lado da mãe, deixando que ela segurasse suas mãos. Era raro vê-lo permitir tal vulnerabilidade, mas o vínculo entre ele e Giorgia era inabalável. Enrico tomou o lugar ao lado de Serena, observando tudo atentamente, sempre pronto para intervir caso fosse necessário.

O silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor. Serena parecia lutar contra as próprias palavras, seus olhos voltando-se para Giorgia repetidas vezes, como se buscasse forças para falar. O Don, por sua vez, mantinha a expressão fechada, a paciência se esgotando rapidamente. Ele não era um homem que apreciava hesitações, especialmente nos últimos dias, quando tudo parecia conspirar contra ele.

─ Se há algo a dizer, diga logo.

A voz de Lorenzo finalmente cortou o ar, baixa, mas carregada de autoridade. Seus olhos fixaram-se em Serena com uma intensidade que fez a mulher engolir em seco. Giorgia apertou novamente as mãos do filho, um gesto quase imperceptível, mas que pareceu acalmar a fúria latente do Don por um breve momento. Serena finalmente ergueu o olhar, reunindo coragem para dizer o que precisava, enquanto Enrico observava cada movimento.

─ Eu sei onde a Angel está. Ajudei ela a fugir...

O silêncio que se seguiu foi pesado, quase insuportável. Serena falou com uma urgência que Lorenzo nunca imaginou que ouviria, e cada palavra dela parecia atingir um ponto sensível do seu peito. Quando ela revelou que ajudara Angel a fugir, algo dentro dele estremeceu. Seu corpo congelou, e a respiração, que até então era controlada, se intensificou, como se o ar tivesse ficado mais denso. O olhar de Lorenzo se transformou em algo feroz, algo que sua mãe conhecia bem, mas que ninguém mais ousava ver.

─ Sua... ─ As palavras começaram a sair, mas estavam presas, como se a própria ira não permitisse que ele as completasse. Ele tentou, mas a garganta parecia apertada, os olhos queimando com a fúria que agora tomava conta de seu ser.

Serena, no entanto, não deixou que ele terminasse. Ela sabia o que vinha e não queria ouvir mais palavras que talvez não pudesse suportar. Ela acelerou sua fala, com as mãos tremendo, tentando explicar, tentando justificar de alguma forma o que parecia tão impensável.

─ Ela precisava, Lorenzo...Você mesmo sem intensão, destruiu ela. ─ Serena falou rápido, os gestos de suas mãos denunciando a aflição que tomava conta de seu corpo. ─ Ela estava bem, segura, e quando ela se acalmasse, eu queria te contar. Eu queria que vocês resolvessem isso, mas agora...