Incondicional (Romance Gay)

Capítulo I

Pai...

O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...

Mário Quintana.

Já fazia tempo que não corria tanto assim, já devia ser 7 horas.

Eu não sei o que eu queria fazer. Saí do hotel era três da manhã e fiquei até esse horário fora, é um milagre minha irmã não ter ligado, também depois do show de ontem creio que ela deve estar no sétimo sono, muitas pessoas devem estar comemorando o natal, nas suas mesas fartas, gargalhando das coisas que aconteceram no ano, desembrulhando presentes e dizendo que foram boas pessoas o ano todo pondo mais ilusão em suas vidas medíocres enfatizando seus sucessos. - Sim com certezas são pessoas medíocres.

Enquanto eu? - Sou tão medíocre quanto elas, estou aqui corroído por frustrações e atormentado com o passado, queria pelo menos entender por que as coisas estão sempre assim, enquanto caminho acabo pisando num folheto. - Era do show de ontem, meu nome estava impresso em letras grandes e garrafais - Faço careta ao ler meu sobrenome "Arcanon"- não sei o que significa, nunca procurei. Bom na minha opinião isso já foi predestinado, quando o senhor destino escreveu minha história deveria ser ruim mesmo, então ele deve ter pensado, " ah o sofrimento desse garoto está muito longe, vamos adiantar um pouco para deixar mais emocionante" então BOOM!! Eu ganhei esse nome, então para não ficar tão negativo, direi que foi escolha da minha mãe e ficamos assim mesmo. Okay? - Não gosto, mais por fim dos casos é a minha marca.

Caminhando pela orla de Copacabana, percebo resquícios do evento de ontem, mesmo com o trabalho constante da prefeitura para manter a praia em boas condições, vejo alguns pontos que denuncia o evento. - Você me pergunta como é ser famoso? Até hoje eu não sei responder, na verdade estou caminhando para relaxar esquecer um pouco essa vida social maluca, não vou dizer que não gosto, mas é cansativo.

Minha mãe se estivesse viva, o que ela diria sobre a vida que levo? Essa é uma das coisas do mundo difíceis de explicar, ontem fez nove anos que ela morreu, não superei mas tive que ir em frente, para meu pai é só mais uma data sem interesse. Eu acho. Por isso que estou caminhando, a maresia sempre me fez bem, até hoje ressoa as palavras duras usadas pelo meu pai contra o meu luto, digamos assim: "homens da família Arcanon não choram, somos fortes, superamos perdas enxugue essas lágrimas, é uma atitude estúpida chorar". Essas palavras assombram meu consciente até hoje; meu pai nunca acreditou na minha carreira musical, mais o que ele podia fazer? Vive ocupado com seus casos.

Meu pai é um advogado renomado, tem uma influência em grande parte do Brasil, mas atualmente ele está nos Estados Unidos no caso "superimportante". Para mim é só uma desculpa para ficar longe do Brasil, ele diz que "não adianta ter advogados no país que não tem justiça".

Então quando ele descobriu já era tarde demais. Em nossos encontros, que são poucos, sempre menciono os prêmios que já ganhei, na esperança de ouvir um comentário, mas... é claro que não ele não comentou, mesmo com esses problemas seguir em frente. Continuei com a música, minha irmã mais velha, Ana, se tornou minha assessora ela foi a única que apoiou minha carreira, vivemos bem, nunca passamos necessidade, dinheiro nunca foi problema, Ana e eu sempre ficamos juntos, mesmo depois da perda da nossa mãe, ela cuidou de mim, mesmo sabendo que compartilhávamos do mesmo sofrimento.

Minha carreira sempre foi... - meu pensamento foi interrompido por uma horda de paparazzi, que voaram sobre mim como abutres em cima da carcaça podre.

Será que minha vida vai ser acompanhada por esses bandos de urubus com câmeras?

- Senhor Rick. - disse os paparazzi - uma rápida entrevista para esclarecer...