Capítulo XI

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Confusão...



  


  Você tem que criar a confusão sistematicamente, isso liberta a criatividade. Tudo o que é contraditório cria vida.  

Salvador Dalí.


A confusão toda que acontece dentro de mim é que a minha razão me manda ir embora, e meu coração não sabe se fica ou se vai com ela.  

Ana Carolina.







Quando voltei para o hotel já era 14:30, o sol já estava no topo do céu realizando seu trabalho contínuo.

Enquanto dentro de mim havia uma mista sensação de medo e empolgação que estavam em conflito. Eu não acreditava que eu o tinha encontrado, minha mente procurava uma forma de me aproveitar dessa nova chance, se ele caiu de paraquedas na minha frente é só mais um sinal para pôr o meu plano em prática, disso eu tenho certeza. Dentro do estacionamento eu respirava e suspirava. — Agora que tenho a certeza que o Daniel está aqui, nada me segura, mas... além da ansiedade existia outro sentimento dentro de mim.... Não sabia descrever, mas sentia-o dentro de mim, é como se fosse um inquilino indesejado e você já tivesse dito várias vezes para ir embora só que você acaba se cansado e só ignora, esse era ele! Aquele velho sentimento...

Insegurança.

Ela se enraizava por todo meu corpo como uma erva daninha, acho que grande parte dos meus erros partem dessa indesejada sensação. Olhei para meu retrovisor e de alguma forma um sorriso surgiu, reação consequencial da lembrança de uma hora atrás, percebi que o Daniel ainda ficava nervoso perto de outras pessoas. Ou isso só foi por causa de mim? Mais e mais perguntas se formavam na minha mente, eu só queria ter uma forma de usar essa oportunidade.

Entrei no elevador.

- Por que que estou com medo? - Murmurei nos meus pensamentos.

Minha mente parecia um redemoinho, minhas emoções estavam a flor da pele, quando eu fixei meu olhar nele fui transportado ao passado, lembrei do seu rosto vermelho, tão vermelho quanto a púrpura, lembro quando eu o elogiei, lembro dos seus imensos óculos, do seu olhar perdido quando tentei conversar com ele ou da sua determinação quando narrou aquela poesia. Nunca o olhei diretamente, mas naquele dia da apresentação foi quando eu o notei, normalmente consigo conversar com todo mundo, mas quando me aproximei dele percebi que não tinha a mínima ideia de como começar, lembrando disso sorri, balancei a cabeça tentando fugir dessas emoções e pensamentos.

O som da campainha do elevador soou indicando que eu cheguei ao meu andar, estava tão atordoado com os meus pensamentos, que nem percebi que minha irmã já tinha chegado, ela falou alguma coisa, mas eu não escutei, larguei o CD na mesa e marchei para minha cama. Meu racional, badalava em minha mente, como os sinos de uma catedral.

- Por que isso está mexendo comigo?

- Rick. - Disse minha irmã me desconectando dos meus complexos. - Tudo bem com você?

- Ah... Tudo bem sim, minha irmã me lançou aquele velho olhar de tipo "não acredito em você".

- E como foi seu encontro com o produtor? - Falei mudando de assunto.

Incondicional  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora