Capítulo XXIX

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Um pedido Incoerente...


Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.  

Lya Luft

O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites.  

Albert Camus.


Olá Rick, quase não te reconheci. – Falou a desconhecida.


– Quem é você? – A garota abaixou a cabeça, fitando o chão. Daniel continuava em silêncio, mas não tirava os olhos da garota.

– Sabia que não lembraria de mim. – Confessou a desconhecida.

– Meu nome é Maria... bem faz um pouco tempo mas eu entrevistei você.

Meus olhos estavam ainda embaçados pelas lágrimas que escaparam depois daquele momento que tive com o Dan, isso dificultava minha nitidez, mas aos poucos eu consegui captar sua face, então as lembranças da Bahia vieram. Sua pele negra como ébano, e cabelos cacheados cheios e lábios grandes – Era ela, a garota que tirou fotos minhas para uma revista lá na Bahia, a garota que teve um lance com o Bruno.

– Você não é fotografa lá da Bahia? – Senti a mão do Dan apertando a minha, não tinha notado que ainda estávamos de mãos dadas. Ela sorriu satisfeita por ter sido reconhecida, ela me olhou, mas logo desceu sua atenção para a mão do Dan que estava entrelaçada a minha, sua expressão ficou confusa, então sua atenção se dividiu da minha mão, para o Daniel, e depois para mim e cada vez mais sua expressão ficava confusa antes que ela pudesse dizer algo, me levantei puxando o Dan pelo braço.

– Espere! – pediu a garota. Me virei, e olhei nos seus olhos.

– O que você quer? – Disse ríspido, ela não se intimidou e me fitou.

– Preciso da sua ajuda.

– O que? Olha sinceramente não sei qual é a sua, mas mal te conheço.

– Por favor... – Implorou a garota, vi que seus olhos estavam enchendo de lágrimas.

– Rick. – Disse o Dan em tom reprovador, se colocando no meios de nós dois, ele me fitou e depois olhou a garota. – Vocês se conhecem?

– Não... como ele disse eu só conheço ele por causa de uma sessão de fotos, mas não é por isso que vim aqui, preciso da sua ajuda Rick, só você pode me ajudar.

– Ajudar? Você é louca? Não temos intimidade para você me exigi nada.

– Eu sei... mas sei que você pode ajudar... é sobre o Bruno.

Um gosto metálico surgiu na minha boca, quando ela disse o nome daquele filho da puta, fechei os punhos com força, respirando fundo, depois peguei o braço do Dan.

– Vamos embora, o que seja que ela quer, eu não estou nem aí, tudo que vier daquele cara eu quero distância. Não sou cupido, se você tem problema com ele, resolvam vocês, não sou amigo dele faz tempo.

– Por favor, precisamos conversar. – Ela intercedeu.

– Rick, – Dan puxou seu braço da minha mão. – Seja o que for para resolver, resolva isso agora, chega de fugir – Disse ele murmurando em minha direção.

Incondicional  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora