19 | investigações

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O dia amanhecera sem problemas no apartamento de Ashley, depois da noite conturbada em que recebera a visita de John Cowen e o mesmo fez com que ela perdesse o pouco da energia que lhe restava. Mas, para sua surpresa sua consciência mantinha-se limpa. Estava exausta de perder o controle sempre que se via na presença do agente, exausta daquele "cara" sempre encontrar uma brecha em seus muros de concretos e fazer cair por terra o mantra que sempre repetia para si mesma: jamais deixar que os homens saibam o quão frágil você é. Claro que ela não era nenhuma menininha inofensiva que acreditava facilmente em qualquer lobo mau que aparecesse em seu caminho, mas como todo ser humano Ashley possuía suas fraquezas e a pior delas se encontrava sempre no Departamento nove.

Lavou o rosto com a água gelada que espirrava da torneira de seu banheiro e logo depois avistou o celular apitando freneticamente. Mensagens de Garrett. Havia umas dez no mínimo, mas tratou de olhar a última:

"Espero que você não esteja morta, não quero ter o trabalho de preparar um enterro há essa altura."

A loira sorriu e digitou rapidamente uma resposta:

"Cretino. Estou saindo para o Departamento!

Nos encontramos lá."

NOITE ANTERIOR

John adentrou seu apartamento com Benjamin nos braços, ainda cochilando, como se o mundo fosse o melhor lugar para se estar no momento. Sarah levantou-se rapidamente do sofá indo de encontro ao marido, mas cessou os passos assim que observou o olhar duro que o homem lhe lançou. O agente se encarregou de colocar o filho na cama e fechou a porta do quarto, indo de encontro a mulher. Seus pensamentos estavam uma bagunça... Aliás, ele estava vivendo um momento de perturbação que nunca havia experimentado antes. Claro que na época em que achou ter perdido a esposa a dor que sentira fora inexplicável, mas agora... Tudo estava diferente. Havia os assassinatos. Sarah. Benjamin em perigo. Harry invadindo sua casa. Pessoas sempre lhe avisando o quão cego estava. E havia Ashley, o maior de seus problemas.

Encostou-se no batente da porta que dava acesso a sua sala. Sarah estava de pé, com os braços cruzados e um semblante de dar pena... Os olhos vermelhos, o nariz acompanhando a tonalidade. Ela havia chorando, constatou.

— Ele estava na casa da Ashley — disse. Sua voz saiu quase num sussurro, consequência da exaustão que se alastrava pelo seu corpo.

— Como?! — as sobrancelhas marcadas se arquearam em surpresa. — Aquela mulher como sempre interferindo em nossas vidas... Isso pode ser considerado um sequestro.

— Pare! — John alteou a voz depositando um olhar rude sobre a mulher. — A Ashley não teve culpa nenhuma. Ela o encontrou sozinho, sem saber o que fazer. Como você pode esquece-lo? Você tem noção do perigo que ele correu?

— Não acredito que você está defendendo aquelazinha...

— A questão aqui não é a Ashley, pelo o amor de Deus! — John esbravejou, inspirando o pouco ar que os seus pulmões conseguiam exigir. — Você precisa pedir desculpas amanhã... Ele ainda não digeriu toda a história, a sua volta, é tudo muito confuso pra ele...

— Pra ele?! — Sarah descruzou os braços e trincou os dentes. Aquilo estava a tirando do sério. — O único que me parece confuso aqui é você, John. Vamos, diga... Está tão obvio para mim, por que não admite logo?

John uniu as sobrancelhas em desentendimento. Do que ela estava falando? Na realidade, nunca havia visto uma Sarah tão complexa como aquela que estava presente em sua frente. Ele afrouxou a gravata, como se a peça fosse o motivo para a falta de oxigenação em seu corpo. A morena ainda o fuzilava com seus olhos castanhos impiedosos, como se a qualquer momento todos os segredos do homem fossem ser jogados naquele ambiente.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora