02 | boas novas - ou não

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Não voltara para a Instituição 9 aquele tarde, apesar do tom preocupante que Frankie havia lhe passado, deixava qualquer problema de lado para ter algumas horas de lazer com o filho. Ainda mais quando o próprio fazia questão de pedir, o que deixava John sem muitas saídas para recusar. Foram ao Museu e logo depois passaram em uma franquia do McDonald's para pegar um delicioso McFlurry de ovomaltine para Benjamin – o seu sorvete favorito. 

Estavam caminhando tranquilamente por uma daquelas praças onde quase todas as pessoas resolvem ir ao final da tarde. O tempo estava agradavelmente fresco e o sol já encobria todo o céu com tons alaranjados, o que deixava o ambiente propicia para um bom passeio em família. Como havia puxado o pai, o sorvete não durara mais do que dez minutos nas mãos do pequeno que o devorou como se jamais fosse comer outro por ali. 

— Papai? — disse observando uma família composta de cinco pessoas brincando em um dos parques distribuídos ali. John apenas aguardou para que o garoto prosseguisse. — O senhor pensa em se casar?

— Você ultimamente está me surpreendendo com suas perguntas — comentou avistando um banco desses de madeira barata e sentando-se logo depois. Posicionou o menino ao seu lado. — Não encontrei ninguém que pudesse ocupar o lugar de sua mãe.

— Ela era uma mãe incrível, não é? — sorriu.

— Mais do que isso — respondeu passo levemente a mão esquerda na cabeça do pequeno. — Foi à mulher mais maravilhosa que eu já conheci.

Sentiu o seu smartphone vibrar pela trigésima vez aquela tarde e tomou o aparelho em mãos observando atentamente o nome "Harry" piscar simultaneamente. Levaria um sermão com algumas horas de duração, mas já estava acostumado com os seus inúmeros deslizes acumulados e todos eles pareciam está anotados em uma agenda que o melhor amigo fazia questão de obter. Sempre passava na cara algo acontecido em mil novecentos e antigamente, o que não era muito cortês.

{...}

O dia amanhecera tão rapidamente quanto à sensação de John por não ter dormido quase nada. Novamente um pesadelo interferiu o sono de seu filho e passou o restante daquela madrugada tediosa assistindo a alguns filmes de romance que faziam seu estomago embrulhar. Preparou um café da manhã com ovos fritos e bacon, arrumou carinhosamente a mesa jogando dois copos de plástico por ali e os pratos de porcelana. Sua sutileza era uma de suas características mais marcantes.

— Precisa de tanto barulho papai?

Avistou Ben caminhando com as roupas de dormir. Essas possuíam cores azuis bastante acentuadas e estavam muito maiores do que o pequeno corpo do garoto; ele caminhava a passos curtos e lentos, sua batalha para chegar até a cozinha inseria algumas revistas espalhadas pelo chão e brinquedos que o próprio esquecia-se de guardar. Esfregou a costa de sua mão insistentemente no olho na inútil tentativa de arrancar a grande quantidade de sono presente.

— Pensei que acordar o senhor fosse uma missão impossível — brincou o levantando no colo. — Já estava quase desistindo.

— Você é um agente — murmurou em meio a bocejos. — Precisa resolver esse tipo de coisa.

Compartilharam uma risada matinal e foram para suas respectivas cadeiras. As posteriores necessidades foram feitas com rapidez, John pôs seu terno slim e ajudou o filho a trajar calças jeans, blusa social quadriculada e um pequeno tênis preto estilo vans. Passado alguns minutos o deixou na escola depositando um beijo em sua testa, observou uma bela mulher de seus vinte e poucos anos postada ao lado do portão branco. Ela agachou-se cumprimentando Benjamin com diversos beijos por seu rosto, o garoto fez algumas caretas com expressões difíceis de desvendar e lançou um olhar confuso para o pai que sorriu.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora