cena extra | feliz aniversário, ben

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Finalmente os 18 anos. Teoricamente, o momento ideal para se decidir o seu destino. Faculdade, trabalho, estabilidade emocional e financeira. Todos esses fatores são jogados sem nenhum pudor sobre os jovens de hoje em dia; todos ficam sobrecarregados, gastando horas e horas do seu dia afundados numa cama se perguntando se as escolhas feitas foram as corretas. Direito ou Medicina? Engenharia ou Arquitetura? Literatura ou História? Música ou Artes Cênicas? Biologia? E tantas outras áreas que demandariam horas e horas de discussão. Dúvidas como essa são pertinentes e comuns, exceto para uma pessoa no momento: Benjamin Cowen. O melhor da turma, o melhor do time de futebol, o melhor, sempre o melhor. O que as pessoas achariam se soubessem que, dentro de si, não há nenhum desejo acadêmico? O que os seus pais, agentes do FBI, achariam dessa escolha? Logo eles, que passaram por tantos perigos, por situações de quase morte, que em hipótese alguma, o deixariam seguir a mesma carreira?

O garoto de olhos azuis estava há uma hora sentado do outro lado da rua, encarando a academia do FBI em que seus pais se formaram com louvor. O movimento era constante, pessoas entrando e saindo, carros pretos e possivelmente blindados estacionados, alguns policiais fazendo a segurança do lado externo, câmeras e mais câmeras. Queria aquele mundo. Queria estar lá dentro, queria fazer parte de algo maior, onde a segurança das pessoas dependesse de seu esforço máximo e de suas habilidades ainda desconhecidas. Nunca havia pegado numa arma de fogo. Aliás, uma única vez quando todos saíram de casa e ele sem querer encontrou uma calibre 38 acoplada num fundo de uma gaveta no quarto de seu pai. Ele só queria encontrar alguma caneta para fazer a anotação da aula naquele dia; não foi sua intenção. Mas, ao fazê-lo, sentiu a adrenalina tingir as suas veias e despertar uma onda de possíveis situação em que poderia usá-la para o bem. Salvando vidas. Desde então, não quis abandonar a ideia um minuto sequer. Queria ser um agente e seria, mesmo que para isso precisasse passar por cima de questões maternais como a proteção excessiva de sua mãe. Despertou do aglomerado de pensamentos quando ouviu o celular tocando pela décima vez em 30 minutos. Novamente no visor viu o nome de John; mas sabia perfeitamente que não era o seu pai, uma vez que ele já não se demonstrava tão preocupado como quando ele era menor. Ashley Cowen era a responsável da sua lista de chamadas perdidas só aumentar.

— Eu estou vivo, mãe — disse antes do sermão iniciar.

— Eu espero que esteja mesmo Benjamin — ouviu a loira esbravejar no outro lado da linha. Sorriu. — Porque eu vou fazer questão de te encher de tapas quando chegar aqui!

— Você é a melhor mãe do mundo, sabia?

— Esse papo não vai me enrolar outra vez — protestou. — Quero o senhor aqui em vinte minutos ou nada de carro no final de semana!

— É você quem manda!

Desligou o aparelho jogando-o no bolso de sua bermuda; não dava para ter vez com Ashley. Ela parecia ter algum tipo de poder que emanava fortemente e atingia aos outros, principalmente o seu pai; ele nunca fazia nada sem antes levar em consideração a opinião da mulher. Sem contar no poderoso sexto sentido que quase nunca falhava. Quase nunca. Uma vez falhou, parcialmente; quando ela implorou que seu pai não fizesse parte da equipe de um caso especifico no departamento, mas mesmo assim ele foi. Fraturou algumas costelas, mas até hoje Ashley não sabe e se soubesse, não o deixaria esquecer nunca do acontecido. Erguendo-se do lugar em que estava, deu uma última olhada na academia do FBI, prometendo a si mesmo que em breve estaria lá dentro, sendo treinado pelos melhores.

#

Demorou vinte e um minutos para que Benjamin chegasse ao apartamento. Acenou levemente a cabeça para o porteiro, que lhe desejou novamente os parabéns; seus amigos o haviam chamado para beber algumas cervejas mais tarde, então apressou os passos conseguindo alcançar o elevador ainda aberto. Não possuía um acervo de melhores-amigos-do-mundo, mas apenas três que conseguiam lhe tirar do completo tédio: Nick, Jesse e Steve. Eles eram completamente diferentes um do outro, mas ainda sim conseguiam se aturar e dar boas risadas dos momentos mais bizarros que haviam vivenciado no colegial. Nick era "o" cara mais engraçado da turma e talvez por isso levasse uma pequena vantagem quando o assunto era mulher; pelo menos, a cada noitada o seu saldo era positivo. Jesse era mais reservado, o gênio da turma, aprovado em muitas faculdades pelo que Benjamin se lembrava, um coração enorme e sistemático. Mas isso até depois da terceira garrafa de cerveja. E tinha Steve. Steve era Steve, sabem... Um pouco devagar com tudo. Muito devagar. E foi isso desde o primeiro ano, quando John resolveu muda-lo de escola e colocá-lo em um lugar que oferecia a melhor estrutura e era bem vista pelas Universidades. O quarteto mais excêntrico e desse jeito meio louco que Ben gostava.

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