12 | um novo inimigo

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Ódio, fraqueza, desespero. Um misto de sensações ruins caminhava por cada centímetro do frágil corpo da mulher, que sentia uma dor dilacerante lhe cortar a parte lateral do abdômen. O chute havia desmontado todas as suas forças, sabe-se lá Deus como ainda conseguia manter a arma erguida na direção do corpo encapuzado que lhe encarava. A qualquer momento iria desabar naquele chão duro e áspero, seria um alvo fácil para aquele que estava desejando lhe depositar mais alguns golpes até que caísse em um sono profundo. Deu alguns passos para o lado direito, tentando manter sobre controle toda aquela situação inesperada que atingiu o seu – já então, insuportável dia. Não havia ninguém para ajuda-la? Onde estavam os malditos seguranças que há pouco tomavam conta dos portões daquele lugar? Os pensamentos estavam esgotando a lucidez que ainda restava em seu corpo fraco, inspirou o ar pesado que circundava o ambiente e observava atentamente os movimentos mínimos que o homem fazia. Ele, obviamente, deveria estar armado... Mas, o medo poderia ser sentido de longe. Ele sabia que ela não estava brincando. 

— Não vai atirar? — questionou dando uma gargalhada logo em seguida. — Acho que não... Você é muito princesinha.

Como ela odiava ser chamada por aquele nome... Trincou os dentes, mirando o alvo que deveria atingir. Não estava certa do que queria fazer, afinal, mais um homem ferido não estava em seus planos. Mas, aquele indivíduo a sua frente implorava por algumas balas perfurando o seu corpo e ela não estava interessada na biografia do rapaz. Mesmo que fosse filho do presidente, assumiria a responsabilidade atrás de uma cela fedorenta repleta de assassinos e estupradores. Era agora... Precisava ser agora.Vamos Ashley, não seja idiota.

{...}

Havia uma inquietação absurda na sala de Frankie Deutsmond, todos pareciam preocupar-se com a demora da agente. Os minutos passavam tão lentamente, que poderiam sentir o ponteiro do relógio próximo aos ouvidos, ecoando um som quase que imperceptível. John estava preocupado, até mesmo mais do que os outros que aguardavam a última pista daquele caso atormentador. Deveria ter ido com ela... Aquele pensamento lhe atingiu desde o momento que se manteve sentado na poltrona desconfortável da sala do Diretor. O mais velho, por sua vez, tentava demonstrar uma calma inexistente em seu arsenal de sentimentos preocupantes. Mais alguns minutos, a qualquer momento alguém perderia a cabeça dentro daquele pequeno espaço.

O telefone toca, transmitindo um som incômodo.

— Frankie Deutsmond, departamento nove — apresentou-se. Suas expressões congelaram ao ouvir o que a voz feminina lhe dizia. — Qual a posição de vocês? — questionou. A essa altura John já estava de pé, o coração palpitando violentamente contra suas costelas. — Não ataquem... E se for uma emboscada? 


— O que aconteceu? — sua voz saiu falhada. Teve que esperar alguns segundos até o Diretor desligar o telefone. 

— Pegaram a Ashley... John!

Antes que pudesse terminar observou o agente saindo em disparada. Ele ia de encontro a Ashley... Precisava correr contra o tempo... Precisava ajuda-la. 

Mesmo com a velocidade absurdamente alta que conseguira impor ao seu carro, havia demorado vinte minutos no trânsito insuportável de Manhattan. Poderia ter evitado alguns carros, caso pegasses desvios que facilitariam sua vida. O volante com revestimento de couro sofria com a força que ele depositava ali; já não sabia mais como controlar sua imensa vontade de passar por cima de todos os veículos que impediam sua passagem. Como ela estaria agora? Com a demora que estava lhe acarretando os nervos, visualizou o corpo frágil da mulher sendo torturado por algum filho da mãe que da maneira mais covarde a atacou. Aquilo fora o ápice de sua raiva, puxou o carro para a calçada que aparentemente não estava com tanto movimento e começou a esbarrar em latões de lixos e bicicletas que nada pareciam ter com o que estava acontecendo. Seu coração estava violentando todas as leis de autocontrole que ele havia imposto sobre seu corpo, as reações que sentia imaginando sua companheira em perigo estavam o deixando fora de si. Analisando a brecha que se abrira no asfalto, jogou novamente o carro para pista encaixando-o de maneira perigosa entre dois carros comuns que seguiam na direção em que o agente estava indo. Já era tarde demais... 

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora