29 | vulneráveis

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A noite caíra violentamente aquele dia; o céu estava escuro e uma nuvem densa cobria qualquer vislumbre da lua. A tempestade que havia chegado, parecia não querer abandonar aquela cidade tão cedo. Em todos os sentidos. O Departamento estava com bastante movimento para o horário, repleto de profissionais e pessoas querendo ajudar com informações a respeito do carro estranho em que Benjamin possivelmente estaria. O Diretor Frankie havia conseguido algumas imagens das câmeras de segurança da cidade, estava tudo sob controle até o automóvel partir em direção a rodovia principal e então não terem mais notícias. Policias foram enviados até o galpão em que Ashley fora encontrada, mas nenhum sinal de presença no local; toda a situação estava desgastante.

John Cowen estava em sua sala. A porta devidamente trancada. Ouvia a confissão de Sarah pela terceira vez aquela noite, sempre lutando contra a sua raiva para que não tomasse alguma atitude drástica. Sentia o sangue pulsando violentamente por suas veias, o semblante cada vez mais duro, o maxilar rígido e os olhos perdidos em lembranças que pareciam atormenta-lo. Como ele havia deixado uma psicopata entrar em sua vida? Por que ele ficou tão cego a ponto de se apaixonar por uma completa estranha? Ela havia maltratado Benjamin enquanto ele estava ocupado demais tentando salvar a cidade. Aquilo o queimava por dentro, como se uma faca o tivesse atingido, rasgando-o de todas as formas possíveis. Sentiu uma onda de descontrole pelo corpo; queria matá-la. Como ela ousou fazer aquilo com Benjamin? Seu campeão? Deslizou as mãos pelo rosto tentando retirar aquela angustia que aumentava em seu peito; abandonou a cadeira que estava sentado e pegou um copo de vidro atirando-o fortemente contra a parede. Os estilhaços cobriram o chão do local. Repetiu o movimento com a garrafa de whisky que via pela frente. Mais objetos eram atirados. Precisava descarregar sua raiva. Precisava sentir-se vivo.

Ouviu batidas e reconheceu de imediato a voz de Frankie. Recuperou um pouco de oxigênio e encaminhou-se até a porta, abrindo-a logo em seguida.

— O que está havendo aqui? — o mais velho entrou dando uma boa checada na bagunça que se encontrava a sala.

— Foi tudo culpa minha — o agente sussurrou para si mesmo. Seu olhar estava perdido novamente. — Eu que deixei isso acontecer.

— Você não pode se culpar — o diretor disse com sua voz rouca. — Ninguém poderia prever o acontecido.

— A Ashley tentou avisar — John ergueu os olhos encarando o homem em sua frente. Havia uma dor perdida naquele azul. — Ela sempre desconfiou e eu simplesmente ignorei.

— Do que está falando John? — Frankie questionou, ciente do que ele diria.

— Foi a Sarah — afirmou controlando a ânsia que surgiu ao citar o nome da mulher. — A Sarah e o Harry. Como eu pude ser tão cego?

— Por que você resolveu acreditar nessa hipótese? A Ashley nunca conseguiu confirmar nada, eram apenas suspeitas... — ele foi interrompido quando John colocou em suas mãos o gravador.

— Ela gravou tudo — disse com a respiração pesada.

— A agente Sullivan foi completamente imprudente — Frankie tomou o objeto em mãos contrariado.

— Ela foi corajosa — o agente retrucou. — Uma coisa que eu não consegui ser. Por isso pegaram o Benjamin.

— Pare de se culpar — o diretor aproximou-se. Suas expressões sérias. — Ficar se lamentando não vai trazer o seu filho de volta. Aprenda a controlar suas emoções, isso sempre foi um grande defeito. Quanto mais vulnerável você estiver, mais forte eles vão ficar! Eu sei o quanto dói perder um filho John e você ainda não perdeu o Benjamin, então trate de sair dessa sala e comece a mostrar sua determinação em encontra-lo.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora