26 | perigo

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19h05min, pm.

A noite caía com tranquilidade sobre Nova Iorque, o céu ia adquirindo tons alaranjados e logo depois um azul escuro começava a surgir no horizonte. Todas as pessoas exerciam sua rotina, voltando para suas casas, desejando um bom banho e alguma comida desses fast-food. John Cowen já se encontrava em seu apartamento, Benjamin estava sentado ao seu lado no sofá e eles assistiam a algum documentário sobre animais selvagens que passava no canal National Geographic. Haviam aproveitado o restante daquela tarde jogando futebol no campo que havia numa praça próxima ao prédio, depois tomaram um sorvete no McDonald's e partiram em direção a casa exaustos demais para uma outra rodada de brincadeiras e esportes. Sarah ainda não havia chegado e isso causava certo desconforto no agente, não que ela lhe devesse explicações, não estava no direito de exigir depois do acontecido daquela manhã; mas, estava preocupado e a demora só o deixava mais inquieto.

Olhou para o pequeno ao seu lado e percebeu que ele já adormecia, como um anjo. Ficou ali, por alguns minutos, encarando a face da melhor coisa que já acontecera em sua vida. Lembrava-se exatamente do dia em que havia recebido a notícia, as palavras de Sarah ainda perambulavam sua mente vez ou outra; ela estava assustada com toda a novidade, mas John segurou a sua mão e disse que nada mudaria entre os dois. Foi a melhor época de sua vida. Mesmo com todas as mudanças de humor da esposa, sabia que tudo aquilo era consequência de uma gravidez inesperada que trouxera muita luz a vida do agente. Sentiu os olhos queimarem quando, por um segundo, imaginou a vida sem o seu pequeno campeão. Quem era o louco que estava por trás de toda aquela armação?! Por que escolheram justamente alguém tão indefeso? Não deixaria, prometeu a si mesmo. Não deixaria que ninguém encostasse em seu filho.

Com cuidado, pegou o garoto nos braços e o levou até seu quarto, colocando-o na cama. Ajeitou o edredom e depositou um beijo na testa do pequeno. Ali ele estaria protegido de qualquer mal, de qualquer pessoa que estivesse desejando o pior e por mais que John quisesse acreditar naquele pensamento, algo em seu interior gritava que o perigo estava mais próximo do que ele imaginava.

(...)

03h40min, am.

Ashley estava acordada em seu apartamento. As chaves do carro alugado estavam em sua mão esquerda, a outra segurava um copo de café; já havia discutido com Garrett umas três vezes desde que ele lhe contara do encontro entre Harry e Sarah, mas ela estava disposta a seguir seus instintos. Iria até o apartamento do agente 027 e aguardaria até que a mulher desse um passo em falso, a oportunidade perfeita para que ela fosse descoberta. A loira havia pegado um gravador no Departamento e esse já se encontrava escondido em um dos bolsos de sua jaqueta de couro. O quanto antes fosse para frente do prédio, mais seriam as chances de ela encontrar alguma atividade suspeita. John levaria Benjamin para escola ás sete horas e logo depois partiria para o trabalho, Sarah ficaria em casa. Sozinha. Mas, algo dizia que aquela mulher não passava todas as suas manhãs bancando a empregada do marido. Ashley possuía uma convicção absoluta de que ela sairia para encontrar Harry mais uma vez e pensar aquilo lhe causou um nó no estomago. Talvez fosse o café amargo demais.

Deu um último gole e levantou-se da cadeira, pegando a arma que estava sobre o balcão de sua cozinha; encaixou o objeto no cós da calça, foi rapidamente até seu quarto e abriu uma gaveta do criado-mudo que havia ao lado de sua cama, empurrou o fundo falso e retirou outra arma de lá, dessa vez encaixando-a por dentro de sua bota. Aguardaria o relógio alarmar as quatro da manhã e partiria ao seu destino.

— Seu dia chegou... — murmurou para si. — Sarah Linoy.

(...)

07h10min, am.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora