35 | psico

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As ruas anteriores ao prédio que Ashley estava presa agora encontravam-se tomadas por carros de polícia, avisos amarelos em alerta e faixas delimitando até onde as pessoas poderiam se aproximar. Frankie não havia desgrudado de John desde o momento em que o rapaz lhe mandara a mensagem de que tudo, aparentemente, estava chegando ao fim; Benjamin já se encontrava dentro de um ambulatório, todos tomando as devidas precauções para que o garoto não sofresse as sequelas de dias sem comer e dormir. O momento certamente pedia calma e controle, mas John Cowen não estava conseguindo obedecer essas ordens. Seu coração havia se comprimido, seu corpo estava tenso, uma carga de mil toneladas sobre seus ombros. Queria apenas resgatar o quanto antes a agente que colocara a vida em risco para salvar seu filho; ela prometera que voltaria viva e ele estava se agarrando as últimas esperanças que aquela promessa lhe acarretava. Estava observando todo aquele movimento quando o seu celular tocou. Um soco lhe atingiu o estômago quando notou o nome de Sarah piscando incansavelmente; sentiu vontade de vomitar ali mesmo, sem pudores. Despertando de seu momento, arrastou o ícone verde para o lado e levou o aparelho ao ouvido.

— O que você quer? – disse antes de escutar qualquer ruído.

— John... – ele engoliu em seco, o coração acelerando de forma descompensada. Não era Sarah. Muito menos Harry. – John... P-pode me escutar?

— Ashley? – fechou os olhos tentando ignorar a voz fragilizada que vinha do outro lado da linha. O que tinham feito com ela?

— Preciso que tire todos os policiais daqui – ela sussurrava, lutando contra todas as dores cruciantes que invadiam seu corpo. John ouviu um gemido de dor. – Eles vão me matar...

— Eu estou indo pegar você – disse convicto, o coração quebrando em vários pedaços. Tirou o celular do ouvido um segundo, pedindo que aquilo fosse um pesadelo. – Aguente firme.

— Eu não... – um suspiro longo. – Não consigo mais. Por favor, tire eles daqui...

E então a ligação fora cortada, brutalmente. John encarou a tela do aparelho por longos minutos, tentando entender tudo o que havia acabado de ouvir. Um sentimento doloroso preenchendo sua boca com um gosto amargo, provocando uma sensação de invalidez que já conhecia. Observou Frankie se aproximando e pela aparência do Diretor, sabia que não conseguiria esconder o acontecido por muito tempo e nem o faria; Ashley estava com medo. O quão louco isso era? Pela primeira vez, ela pediu sua ajuda. Não diretamente, mas todo aquele esforço para falar tinha um propósito... Ela não aceitaria fazer uma ligação como aquelas, se não estivesse em seu limite. Com as hipóteses fervilhando em sua mente, não notou que segurava o celular fortemente.

— O que houve? – ouviu a voz rouca do mais velho lhe prender a atenção.

— Era a Ashley – disse com franqueza. – Frankie, eu preciso ir até lá.

— Não – retrucou com um olhar preocupado. – Estamos com o esquema quase pronto, não podemos colocar tudo a perder. Isso poderia custar a vida de uma agente.

— Não se trata de perder a vida de uma agente, droga elevou o tom de voz, nitidamente insatisfeito com o que acabara de ouvir. – É a Ashley. É a Ashley que está na merda daquele prédio, precisando de mim. Foi ela quem salvou o Benjamin... E o que eu fiz durante todo esse tempo? – questionou, tendo aquela conversa como a oportunidade perfeita para um desabafo. – Eu nunca fiz nada por ela e ela sempre fez tudo por mim.

Frankie por um instante, pôde entender perfeitamente toda a confusão de sentimentos que estava esclarecida na face do homem. Desviou o olhar, parecendo analisar com cautela a proposta feita; não estava disposto a perder mais um agente, mas estava ciente de que mesmo sendo contrário aquela ideia maluca, John iria contra todas as regras. Afinal, ele era John Cowen; nunca obedecia a nada do que era dito.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora