39 | apenas diga sim

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2 meses depois

O frio da estação acomodou-se em Nova Iorque, trazendo consigo a melhor época do ano; o movimento constante não se dissipou, longe disso. Todos daquela cidade pareciam ainda mais eufóricos devido ao Natal que se aproximava, tão mais rápido quanto a neve que encobria os chãos das avenidas. No Departamento, mesmo com o intenso trabalho do aquecedor, as pessoas ainda mantinham-se cobertas de uma dezena de agasalhos para evitar um futuro resfriado – o que não seria agradável devido as festas aguardadas. Tudo estava entrando em uma harmonia perfeita, como se nada de horrível pudesse atingi-los novamente; ao contrário do que se pensa, todos os agentes e técnicos envolvidos no caso Sarah Linoy, ainda pareciam bastante apreensivos, como se a qualquer momento aquela mulher fosse ressurgir das cinzas, literalmente. O que para o Diretor Frankie, era impossível. Fizera questão de acompanhar todos os procedimentos envolvendo o corpo dos dois bandidos que causaram as dores de cabeça mais profundas nos últimos anos; fez uma nota mental de que teria boas razões para adiantar suas férias.

John, sentado em seu escritório, organizava algumas papeladas que ficaram à mercê em consequência dos dias conturbados que lhe atingiram. Pediu, apesar da relutância de Frankie, uma semana para que pudesse aproveitar o final de ano ao lado das pessoas que estavam no topo de suas prioridades no momento: Benjamin e Ashley. O pequeno ainda cobrava diversos passeios que o pai havia lhe prometido ao decorrer do ano, que para sua felicidade seriam realizados assim que tudo saísse como John havia planejado. Planos, planos, planos... Tudo rodeava a mente de John e ele ainda não conseguira decidir o que fazer para convencer Ashley Sullivan a morar com ele. Desde que a loira saíra do hospital, ele vinha arquitetando algo convincente para que a mulher saísse do apartamento atual e fosse para o seu. Em seus pensamentos, tudo tornava-se tão simples. Mas, como convencer uma mulher de ferro igual àquela? Deixou um suspiro escapar e fechou a pasta azul que tinha em mãos. Ao fazê-lo, ouviu a porta ser aberta e surpreendeu-se ao visualizar sua futura mulher parada no batente.

— Como andam as coisas por aqui, senhor Cowen? — sorriu ao pronunciar o sobrenome do agente, sentindo o coração aquiescer.

— Posso dizer que melhores agora — respondeu sincero, erguendo-se da poltrona e caminhando em direção a agente.

— Acordou romântico hoje ou é impressão? — Ashley fechou a porta atrás de si, antes de ser envolvida pelos braços do rapaz. Agora estavam próximos o bastante para que as respirações se confundissem.

— Serei um eterno romântico — a mulher fez uma careta, reprovando totalmente a fala que acabara de ouvir. Em resposta, John gargalhou, fazendo todo o corpo de Ashley vibrar com a sensação. — Onde está o Benjamin?

— O deixei na escola — afirmou, brincando com a gola da blusa social que estava totalmente amarrotada. — Parece que a tarde de hoje será um natal antecipado com os colegas da classe.

— Está exercendo bem o seu papel de mãe — disse sem medo, atento a todas as reações que causava no corpo da loira; apesar dos inúmeros casacos desnecessários que a mesma vestia. — Não sei o que falta para você vir morar comigo.

— De novo com esse assunto, John?

Afastou-se com cuidado, tentando evitar ao máximo sua grosseria. Ajeitou o cachecol de lã, dando alguns passos até chegar à mesa, ocupando sua atenção com alguns objetos completamente inúteis que estavam ali presentes. Odiava quando aquele assunto entrava em vigor; não por não querer que aquilo acontecesse, mas por esperar quase dois meses para que um único fato realmente importante não saísse da boca do homem que amava. Será que todos homens eram assim ou exclusivamente John Cowen? Olhou de relance para o agente, que parecia numa luta interna para controlar sua irritação.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora