01 | você quando crescer

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Uma sexta-feira fria e nublada não poderia trazer mais do que alguns furtos no centro da cidade para a polícia. Nova Iorque mantinha-se calma desde o ano em que ocorrera um ataque explosivo ao prédio que abrigava uma das joias mais caras da mulher do Governador; um dos piores casos para se resolver segundo os próprios comandantes de lá, quando constataram que não passara de uma armação do próprio marido para que a mulher não utilizasse o artefato à papelada foi jogada para debaixo dos tapetes. 

John odiava relembrar que perdera longos sábados pesquisando sobre os maiores criadores de bombas caseiras da atualidade, enquanto poderia está em um barzinho qualquer esbanjando seu salario humilde. Ah sim, John Cowen. Ele é o melhor agente em atividade pelo FBI, segue ordens da Seção: vagão criado pela própria instituição americana no intuito de desenvolver agentes de renome que sempre seriam lembrados por toda a população. São tidos como heróis. Assim que começou a executar sua profissão fora mandado para a Instalação 9, situada em Nova Iorque. Lá ficava por dentro de todos os crimes que iam ocorrendo pela cidade.

— Me dê algum motivo para eu não abandonar essa profissão.

Murmurou enquanto atirava uma bolinha de papel numa pequena cesta de arames no canto esquerda da sala. Estava na companhia de seu amigo Harry, esse apenas gerencia alguns arquivos mais importantes e passa o resto do dia comendo gigantes bolachas de chocolate meio amargo. 

— Mais uns cinco anos disso e... Seu salário vai triplicar, vai receber uma medalha do presidente e vai andar com algumas gostosas em conversíveis.

— Já tenho um conversível — gabou-se erguendo as chaves.

— Disse certo meu caro, apenas um. 

Trocaram algumas risadas e continuaram na completa monotonia que se instalava no ambiente. Eram grandes amigos, desde que começaram a engatinhar e assistir filmes pornôs. Frequentemente vão a algumas casas de show que estão recheadas de mulheres prontas para irem a qualquer lugar com um cara que tenha um carro. E bom John e Harry estavam dentro desse requisito. Apesar da profissão concedida pelo destino, o rapaz é uma boa pessoa. Não está na lista dos cem homens mais compreensíveis e cavalheiros do mundo, mas por hora ele adquire alguns lampejos. Abre a porta do carro, se oferece para pagar alguma conta e faz elogios constantemente. Esse último depende indescritivelmente da pessoa com quem estiver saindo no momento, afinal, não é para qualquer uma que ele despeja todo o seu charme. Possui um filho, Benjamin Cowen. Sete anos, uma maravilha de garoto segundo o próprio amigo Harry. Quando possuía seus vinte e dois anos, John se envolveu com Sarah Linoy, uma jovem de cabelos negros e olhos incrivelmente castanhos que o encantaram desde a primeira vez que se viram. 

{Há oito anos}

Três jovens andavam sem rumo pelos "Times Square" naquele dezoito de julho. Eram duas e pouca da manhã quando resolveram fazer baderna pelas ruas da cidade, completamente bêbados, completamente fedorentos devido à sudorese e com os olhos cortados por linhas vermelhas. Entonavam alguma canção do Queen, se apoiavam uns nos outros até que viram uma cena muito estranha para se encontrar uma garota.

— Você está me machucando!

Puderam escutar a frágil voz de a morena romper o silêncio daquele beco. Aproximaram-se mais alguns passos cambaleando vez ou outra até perceberem o brutamonte que segurava firmemente os braços da menina. Ele deveria ter um metro e noventa, fazendo uma comparação absurda o homem mais parecia um armário ao lado de um pequeno banco frágil e quebradiço. "Eu quero a merda do dinheiro!" a voz grave fez os sentidos de John se alertar e deu mais um passo a frente, sendo contido pelos seus dois fieis amigos.

— Você está louco? — Harry murmurou. Segurava firmemente os braços fortes do rapaz. 

— A menina está sendo agredida — disse. Possuía certa dificuldade para se mantiver em pé; por um momento sentiu os prédios se movendo. — Vamos deixar alguém morrer? — indagou desvencilhando-se.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora