07 | incógnitas e confiança

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Uma semana havia se passado desde o acontecido no cemitério, os comprometidos com o Departamento passaram dois dias analisando os objetos até então recolhidos das respectivas cenas do crime. Ashley ia sozinha desde então para o seu trabalho, chegou até pensar que estava sentindo falta das "pequenas" discussões que acontecia com frequência entre ela e seu companheiro, ter que acompanhar a resolução do caso sem alguém para opinar era realmente tediante. Passava inúmeras horas trancafiada em sua sala, digitando algumas palavras sobre o que estava sendo realizado a respeito das investigações; os pés estavam posicionados sobre a mesa, a tela do imenso monitor roubava toda a atenção de seu olhar e suas mãos moviam-se com rapidez sobre os teclados negros. 

♠ Lana Kraunt: Executada no galpão abandonado, trinta e dois anos. Professora. Caixa de lápis de cor.

♠ Otto Shummer: Executado no cemitério principal de Manhattan. Vigia do Departamento, trinta e oito anos. Caderno com folhas limpas. 

Franziu o cenho na inútil tentativa de criar alguma ligação entre as duas pessoas brutalmente assassinadas; facadas na parte lateral do corpo e objetos estranhos sempre deixados para trás. A execução sempre ocorria ás duas e trinta e cinco da madrugada, era bastante óbvia para Ashley que o autor dos crimes estava querendo deixar algum tipo de marca própria, identidade ou qualquer que seja o sinal que estava enviando para os que trabalhavam ali. Levou a mão até sua nuca e massageou, moveu a cabeça de um lado para o outro tentando manter um ritmo de movimentos relaxantes. Num surto de pensamentos confusos, a mulher manteve-se estática durante minutos até recuperar o mundo ao seu redor; levou a mão até o telefone e digitou o número da sala do Diretor.

— Preciso de uma ficha completa sobre os assassinatos.

{...}

Bem longe do Departamento, encontrava-se John. Estava deitado em sua cama, Benjamin estava sentado ao seu lado com alguns livros espalhados pelo colchão confortável que tanto amava; desenhava algumas coisas sobre alguns papeis, enquanto aguardava o pai despertar de um sono profundo. Já estava ali havia uns quarenta minutos, deveria está na escola, mas por causa daquele pequeno atraso passaria mais um dia em sua casa e ele não poderia achar nada melhor do que isso. 

Os olhos de John foram abrindo-se lentamente, à medida que se movimentava de forma calma e preguiçosa. A faixa que encobria todo a sua cintura denunciava que ainda recuperava-se da fratura que tivera em sua costela, demorou um pouco até sentar-se de forma confortável sobre o seu travesseiro. Levou a mão até a cabeça de Ben e bagunçou os cabelos louros do menino, arrancando um sorriso divertido do mesmo. Com a cara ainda amassada devido à noite proveitosa de sono, deu uma breve olhada ao redor de seu quarto; ao lado de sua cama havia um cômodo na cor tabaco e em cima deste se encontrava uma bandeja de café da manhã, repleta de refeições de ótima aparência. Uniu as sobrancelhas tentando vasculhar na mente alguém que mandara aquilo. 

— Quem deixou isso aqui, filho? — questionou observando o pequeno. Ele ainda rabiscava em algumas folhas e não demonstrou muito em interesse na pergunta.

— A Tia Ashley deixou — disse sem olhá-lo. 

— A Ashley? — retrucou com expressões perplexas. Com um sorriso perturbador nos lábios, notou que fora a primeira vez que pronunciara o nome da mulher.

— É — o garoto pausou as atividades e ajoelhou-se na cama observando com curiosidade as expressões do pai. — O senhor não gosta dela, não é?

— Bom... — ele disse tentando controlar o incômodo que aquela pergunta lhe causara. Consertou-se na cama, sentindo ainda algumas leves dores lhe percorrem a parte lateral da coluna. — Não conseguimos ficar no mesmo ambiente por muito tempo. 

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora