27 | descobertas

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"Ser profundamente amado por alguém nos dá força;

Amar alguém profundamente nos dá coragem. "

O tempo havia mudado repentinamente aquele dia; uma chuva de verão se aproximava e as nuvens surgiam cada vez mais escuras no horizonte. Distante, o som de um trovão ecoou pelos cantos do estado e as pessoas já começavam a preparar os seus objetos contra a chuva que estaria por vir. Exceto duas mulheres que se encaravam no galpão. Ambas ocupadas demais para se preocuparem com uma mísera tempestade passageira; Ashley mantinha a arma apontada para a morena que ainda sustentava um sorriso debochado nos lábios. Não sabia se era o efeito do vento forte que soprava pelas redondezas, mas a agente sentia seu corpo tremer sob o olhar de Sarah. Talvez tivesse sido estupida demais ao recusar a oferta de Garrett, ela deveria tê-lo escutado, deveria ter deixado que o amigo viesse lhe acompanhar. Mas, e se algo ruim acontecesse? Haveriam duas mortes. Tentou acalmar a respiração, mas tudo o que conseguira fora mais aflição.

— Jurava que você fosse um pouco mais esperta — Sarah iniciou, entortando os lábios em desapontamento. — Você fez exatamente o que eu queria.

Ashley parecia estar num pequeno transe. Esperou por aquele momento durante semanas, desde que a mulher resolvera voltar com o velho papo dos idosos que a acolheram depois do acidente; mas, nunca se perguntou se realmente estava preparada para saber a verdade. Por que o medo resolveu lhe atingir tão sorrateiramente? Como um animal selvagem prestes a dar o bote em sua vítima. Ela estava apontando uma arma para Sarah Linoy. Esposa de John Cowen, mãe do pequeno Benjamin, o qual ela tinha um enorme carinho. Uma confusão de sentimentos inundou seu corpo, fazendo-a sofrer espasmos. Deus, o que eu estou fazendo?!

— Perdeu a língua? — a morena questionou dando um passo à frente. — O que houve com a tão famosa agente Ashley Sullivan?

Tentou controlar suas reações. A pergunta pareceu despertar um autocontrole que estava perdido até então e Ashley pode sentir todos os seus sentidos encontrando a normalidade; sabia quem era. Sabia porque haviam a escolhido para resolver aquele caso. Não deixaria que suas emoções invadissem sua mente a transformando numa completa idiota, estava ali para obter respostas e no fim das contas, quem estava com o revolver era ela e não a outra. Arqueou a sobrancelha, intimidadora.

— Quem é você? — retrucou com a voz firme.

— Boa pergunta — ela sorriu batendo palmas. — Quem você acha que eu sou?

— Além de uma ótima atriz? — Ashley baixou a arma, dando de ombros. — Você nunca me enganou.

— Não era minha intenção te enganar — Sarah disse num tom óbvio. — Eu enganei o John, isso para mim basta. Mas, confesso que você foi uma surpresa bem desagradável.

— Qual o propósito disso tudo?

A agente estava perturbada. Por mais que tentasse manter a calma, sentia uma angustia surgindo e levando toda a tranquilidade que havia conquistado nos últimos segundos. O gravador seria a prova perfeita para que John pudesse acreditar em tudo que vinha dizendo desde então, mas a insegurança sempre fazia questão de lembra-la o quão perigoso aquele ato estava sendo. Nunca havia se envolvido tanto num caso, talvez por esse motivo sentia-se vulnerável em relação a tudo que acontecia.

— Eu só quero viver em paz com o meu marido, que problema há nisso? — a morena questionou visivelmente irritada.

— Matando pessoas? — sorriu incrédula. — Não me parece um bom jeito de manter o casamento.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora