No domingo acordei tarde, e depois de tomar um banho desci para almoçar, a casa estava completamente vazia, a mamãe e o papai com certeza foram para o clube jogar golfe em pró de algum evento beneficente, fazem isso quase sempre, e isso me orgulha, e o meu irmão ou está trancado em seu quarto em coma, porque aquilo não pode se chamar de sono ou perambulando por aí, então só sobrou eu e a Mercia, que depois de servi o meu almoço também desapareceu, ótimo!!
Então depois de almoçar a Mel me ligou perguntando se eu não queria passar a tarde na casa de campo dos pais da Ella, aceitei seria bom respirar ar puro, me arrumei e depois de deixar um recado na geladeira, sair para encontrar os meus amigos.
-Adoro piquenique - falei enquanto me sentava na toalha que a Ella estendeu na grama, o lugar era realmente bonito, me trazia muitas lembranças boas, a casa era enorme, e a área de lazer maior ainda, tinha piscina, campo de futebol e até um estábulo que a Ella disse nos levar para conhecer depois. - Tem um século que eu não faço isso - falou o Bob comendo uma maçã, - Isso o que? Comer seu esfomeado -falou a Ella abusada - Muito engraçado!! -Bufou ele -Quem fez o bolo? Está demais? -Falou o Charlie comendo uma fatia - A mãe da Tina -apontou a Ella.
- Na verdade, foi a minha avó - falou ela deitada na grama - a minha mãe morreu há alguns anos. - Sinto muito -falei meio melancólica e o pessoal concordou - Tudo bem gente, não me olhem assim, a minha avó diz que ela lutou muito, fez tudo que podia mas não teve jeito e ela se foi - falou se sentando ao cruzar as pernas - Você tem todo o direito de sentir falta Tina, ela era importante para você - falou a Mel - E eu sinto, nossa como eu sinto... E as vezes até me pergunto, quantas pessoas tem leucemia e conseguem se curar, e só a minha mãe teve que morrer - falou ela meio aérea e nós há abraçamos, eu estava me sentindo estranha, não gosto de falar desse assunto - Eu ainda tenho o seu perfume, a única coisa que me faz lembrar dela.... Mas quer saber tudo bem....porque a minha avó sempre diz e é verdade, aqueles que nos amam, nunca nos deixam de verdade!! E eu acredito nisso - falou ela - Nós também!! - Concordamos.
- Se ajuda, eu perdi um hamster há dois anos, foi terrível - falou o Charlie fazendo graça - Ah Charlie!! -Falaram todos rindo.
- A minha família esperava um filho homem na minha gestação - falou a Ella -organizaram tudo, pois de algum jeito a ultração da minha mãe, deu que eu seria um menino, mas como podem ver - falou ela ao gesticular - eles não tocam muito nesse assunto, acabei descobrindo em uma reunião de família, mas sei que eles no fundo se decepcionaram, afinal a minha mãe não pode ter outro filho, eu fui vítima de tratamento, gravidez de risco.
-Agora sim faz sentido - falou o Bob sério - Por isso é tão estranha - completou o Charlie e eu revirei os olhos - Meninos!! - A Mel e eu falamos em coro e a Ella jogou pipocas neles rindo - Idiotas!! -Falou a Tina.
-Bom, minha vez, eu não sou uma filha indiana perfeita e o meu pai vai ter que aceitar que que sou metade americana - falou a Mel enfiando uma mão de pipoca na boca - Com certeza, você é!! - Falamos eu e Tina.
- Tá, eu também tenho uma história triste para contar - fez o Bob - e não é sobre um hamster.
-Menos mal - falou a Ella - Lá vem... -Falei -não me diga que é um traveco? - Brinquei - engraçadinha!! - Fez ele e nós gargalhamos - mas não, eu sou.... Canhoto pessoal -Ah fala sério - falou a Tina - É verdade, vocês ainda não repararam? - Debochou ele - Eu não sabia disso, você é uma aberração - falou o Charlie nos fazendo rir, esses meninos são uma comédia.
- Mas agora falando sério, eu não posso ser um craque no futebol como meus pais querem, eles não entendem que não sou como o John - falou ele sério - e para quem não sabe o John é o meu irmão.
- Não iria dá certo mesmo, você tem dois pés esquerdos - abusou o Bob - depois sou eu a aberração. -Você fica o tecladista perfeito, calado - rebateu o Charlie e rimos.
-Certo, agora você Amy? - Falou a Ella - O que? -Perguntei - parem de me olhar desse jeito.
- Sua vez!! - Falaram todos. Não eu não posso e não tenho nada para contar -Vocês sabem, eu era a garota má e pronto - enrolei sentindo os olhares em mim - Não pode ser só isso! -Falou a Ella e meu coração acelerou - Claro que é, não há mais nada. - Falei desviando os olhares - Então porque não nos olha nos olhos?-Falou a Tina - Amy somos todos seus amigos aqui, não tem porque ter vergonha de nos contar nada.
-Não é vergonha - sussurrei sentindo o olho encher de água, limpei na hora, não quero parecer fraca - Eu só não quero reviver tudo de novo.
-Amy amiga - essa foi a Mel - Está me deixando preocupada,
- Você não matou ninguém matou - falou o Charlie arregalando os olhos, isso quase me fez rir, se não fosse quase verdade - Tem haver com as suas idas ao psicólogo não é? - Perguntou a Mel e assenti, quando á conhecir ainda fazia consultas diariamente.
- Sim Mel, tem haver, eu desenvolvir um quadro de depressão há dois anos - finalmente falei, respirando fundo para não chorar - bom... Se vocês querem ouvir, eu vou falar - eles assentiram e eu continuei - Quando eu e o Austin nascemos não era só nós dois.
-Vocês não são gêmeos? -Perguntou a Mel - Nós não éramos únicos, tínhamos um irmão mais velho.
-Tinham mais um irmão - Sussurrou a Mel surpresa
-Sim o nome dele era Alex, -falei não segurando mais, e uma lágrima rolou -O Alex era tudo que eu e o Austin nunca fomos, ele era alegre, divertido popular uma pessoa incrível, o melhor irmão do mundo, inteligente, gentil, diferente dos gêmeos problema aqui, enquanto o Austin era o arruaceiro rebelde, eu era o demônio em forma de gente, desobediente e mal criada, e o Alex era o mediador, enquanto a mamãe queria levar o Austin ao psiquiatra o papai queria me enfiar em um colégio interno, mas o meu irmão nunca deixou, ele sempre me defendia, era totalmente o meu oposto, estava prestes a se formar, e também era do time de futebol, - funguei respirando forte ao reviver aquela noite, fechei os olhos -Em uma noite, a minha mãe recebeu uma ligação de uma das minhas amigas, dizendo que eu estava bêbada em uma festa do outro lado da cidade, e então o Alex foi me buscar, ele me tirou arrastada de lá, enquanto eu discutia com ele na volta, quando de repente ele.... - Fechei os olhos com força sentindo as mãos dos meus amigos segurando a minha -... Ele perdeu a direção e nós deparamos na estrada e batemos em um caminhão, o Alex morreu antes de chegar ao hospital... Enquanto eu fiquei internada por duas semanas -Ah droga!! - Ouvi o Charlie exclamar passando as mãos nos cabelos.
-Amy não foi culpa sua - falou a Mel.
-É claro que foi, se eu não tivesse ido naquela droga de festa, o Alex não precisaria ter ido me buscar e nada disso teria acontecido - falei me descontrolando, - Ele.... Era titular, era bom.. O melhor iria para a faculdade dois dias depois.
-Você não tinha como saber - essa foi a Tina - Eu só pensei em mim, eu sair naquele dia para cometer uma loucura,como uma garota infantil que quer chamar a atenção - coloquei as mãos no rosto ao relembrar essas cenas que me assombram até hoje - ele era o número um, e eu tirei isso dele.... Ele foi me buscar e eu discutir com ele, falei coisas horríveis - falei aérea - as minhas últimas palavras foram "Eu te odeio" mas não era verdade eu juro que não,.... Eu só queria que ele estivesse aqui, só mas uma chance de dizer isso há ele "Eu te amo irmão, eu nunca te odiaria"......-Concluir chorando muito eu tinha saído de mim, todos me abraçavam - é claro que a culpa foi minha eu o matei.
-Você não tinha como advinhar, todos nós bancamos os infantis as vezes querendo atenção, não se culpe - falou o Bob - Amy você não é culpada amiga - falou a Ella.
-A vida as vezes nos prega peças insubstituíveis - falou a Tina.
Respirei fundo me acalmando e continuei.
-Depois disso, eu passei por uma depressão pavorosa, eu só chorava e gritava e o Austin não estava diferente, tudo me lembrava ele... Então minha família resolveu se mudar para cá, parece que tudo foi esquecido, mais ainda vejo a mamãe chorando pelos cantos ao ver as fotos do Alex na formatura, já que foram as últimas que foram tiradas dele, o Austin não toca mais no assunto, mas sei que sofre com as lembranças, foi o Alex que o ensinou a jogar futebol, o papai vive na empresa entulhado de negócios, esse é o jeito dele de mostrar que não está doendo a falta que ele nos faz, mas sei que a noite ele vai para a sua sala de escritório acompanhado de um copo de whisky e desaba... Já eu como sabem piorei, descontei toda culpa que estava me matando em vocês, me tornei essa pessoa vazia que vive na defensiva - falei passando os olhos vermelhos por todos - os meus pais tentam colocar a culpa de tudo que fiz, do que me tornei de ter infernizando a vida de vocês todos esses anos, nesse episódio... Mas não é nada disso, eu assumo meus erros, não tem nada haver com o Alex, afinal eu também destruir a vida dele.
-Não Amy - ia falando a Ella, quando a Tina a interrompeu.
- E porque parou?
- Parei o que? -Perguntei confusa - De infernizar as nossas vidas? Porque não faz sentido - continuou ela parecendo aérea.
-Ah sim... Há mais ou menos um ano eu mexia nas coisas do Alex e acabei encontrando uma carta, ao abrir notei que era direcionada a todos nós, ele iria nos dá quando fosse a faculdade, na carta ele se despedia, dizia que nos amava eu poderia até imagina - lo escrevendo - funguei e depois sorrir - sentado em sua cômoda, com a luz do abajú acesa, de cabeça baixa há escrever na folha de papel, com a sua letra perfeitamente desenhada, muitos podem pensar porque ele não escrevi um imail, mas esse era o meu irmão, essa era a sua verdadeira essência, - enxuguei uma lágrima solitaria ao canto do olho e prosseguir com o olhar de todos em mim - Depois que eu li alguns trechos resolvi entregar a mamãe que leu cada palavra como se fosse única no momento em que todos estavam presentes na mesa de jantar, só que em um momento percebi que o Alex citou um trecho do livro que ele me tinha me presenteado alguns meses antes e quando subir as escadas correndo para me certificar que estava certa, me surpreende com uma segunda carta dentro do livro, essa totalmente direcionada a mim, pois eu me recusava a aceitar a partida dele... E nessa carta ele também dizia que me amava e que sabia que um dia eu iria amadurecer, porque apesar de eu ser a gemeã do Austin eu era a sua cópia mas fiel e vividá... E de algum jeito eu me apeguei há isso, algo mudou dentro de mim eu realmente queria ser como ele, ele confiava em mim e eu só o decepcionei... Foi aí que decidi mudar pelo Alex, já que tirei a vida dele, não queria tirar a de mais ninguém.
-Você é especial Amy, e essa carta é um sinal de que ele não à culpa pelo acidente, ele te amava em igual ou até mais, nunca te culparia - falou a Tina enquanto eu chorava - A Tina tem razão - esse foi o Bob - Não foi sua culpa, foram as circunstâncias da vida.
- Obrigada pessoal - falei enquanto os abraçava - Vocês são incríveis - E pudi notar muitos olhos cheios de água.
Cheguei em casa e encontrei o Austin na sala.
-Posso saber onde estava mocinha? Já está escurecendo - falou ele me olhando ao cruzar os braços - E você? Já chegou do treino? -Desconversei.
- Não respondeu a minha pergunta?
-Estava com os meus amigos- suspirei rendida - no rancho dos pais da Ella.
-Ella é garota da guitarra suponho?
-Isso mesmo, nós fizemos um piquenique, tomamos banho de rio, e andamos a cavalo.. Ah sim e agora a noite soltamos fogos, foi tudo muito incrível, me sinto tão leve, não sente falta disso irmão? - Perguntei - Disso o que? - Perguntou ele evasivo.
-Dessa leveza da cidade pequena?do cheiro do campo?... Lembra quando éramos crianças e o papai nos levava para cavalgar? E o Alex saia galopando na frente super rápido? Ele era bom nisso também - falei abaixando o olhar.
- Porque isso agora? - Perguntou ele travando o maxilar - Porque me fazer voltar no tempo?
- Porque ninguém lembra mais dele - falei me sentando ao sofá desanimada - Ele existiu está bem?
-Eu sei... É só que dói lembrar de tudo - falou suspirando - Dói ver essa merda toda refletir na nossa família... Em você, e eu só não sei lidar com essa dor.
- Porque não fala comigo? Conversar as vezes ajuda - falei o olhando - Olha para você Amy, está tão confusa.. Não precisa de mais alguém jogando sujeira no ventilador.
- Somos irmãos Austin - falei - Eu sei que não sou perfeita e que tudo isso em parte é culpa minha..
- Não acredito que esta dizendo isso - se levantou do sofá em um rompante - olha a merda que está dizendo... Ninguém nunca te culparia por aquilo, nem eu, nem a mamãe, muito menos o papai... E o Alex ele... Te venerava, você era a parte de um tudo pra ele.
- Eu sinto muito Austin - falei já chorando, amanhã acordaria com o rosto inchado - Eu não imaginava eu fui uma tola - Ele me abraçou apertado - Por favor me perdoe.
- Você faz parte do meu tudo agora também - falou ele deixando uma lágrima escorrer
- Preciso te dizer uma coisa que nunca te disse.... Quando a garota ligou, fui eu que atendi a chamada... E quando eu ia subir para chamar o papai, - falava ele com o olhar fixo em algo, mais eu sabia que eram só as lembranças o paralisando -O Alex apareceu chegando da casa da Emely, ele me perguntou o que houve, e quando eu falei, ele me pediu silêncio,....ao falar com a garota, me pediu para não falar nada com o papai, porque sabia que iria te complicar... E antes de sair para te buscar me fez prometer não contar.
- Não!! -Falei sem acreditar, e voltando a me sentar no sofá sem forças - Ele ainda tentou me proteger? - sussurrei colocando a mão na boca para conter a vontade de gritar desesperada.
- Sim, alias como sempre irmã, ele te amava demais, e a mim também e eu até me permite sentir um pouco de culpa, não deixar de especular se tudo seria diferente se eu tivesse ignorado o seu pedido e chamado o papai - falou abaixando a cabeça - Se ele ainda estaria aqui, mas então veio a minha mente, que quando ele se ofereceu naquela noite, ele sabia o que estava fazendo e que... Ele nunca vai deixar de está aqui - gesticulou colocando a mão acima do meu coração - As lembranças dele são vivas demais para ser esquecidas, ele vai permanecer vivo em todos nós,sei que vai.
- Agora eu sei disso - falei - Que bom que ainda tenho você!!
- Eu sei, você é realmente sortuda, todos adorariam ter Austin Hofrman como irmão - Se gabou ele rindo - Exibido!! - Falei ao também sorrir.
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Além de mim...
RomanceConheça Amy Hofrman uma garota doce e gentil que outrora foi uma vadia ou a rainha delas, mas depois que a mesma passa por uma grande perda decidi fazer mais da sua história.