Sem discurso de ódio, por favor

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Austrália, 15:10, Casa da Jay

A porta bateu forte atrás de si, os olhos da garota fecharam-se fortes, "Droga, esse não era o plano." Ouviu um grito feminino do lado de fora, seu instinto de desespero tomou conta de seu corpo, levantou-se em um tropeço, correndo em direção ao extintor, sacou o celular, avistando o primeiro número de sua confiança plena

Jay: Tae, preciso de você aqui em casa agora. É urgente, não fale pra ninguém.

Ela enviou a mensagem e desejou que ele largasse os jornais por um minuto e a visse, ela precisava dele naquele momento. As mãos agarraram o extintor, em uma tentativa frustrada de tirá-lo da parede, ela xingou baixo, correndo os olhos pela sala, bem que seu pai podia ser menos politicamente correto nessas horas, mas pensando bem no que tinha acabado de acontecer, ela não acredita em mais nada, abriu o primeiro armário que lhe foi permitido, jogou tudo no chão, achando um velho pé-de-cabra que eles usavam para desengatar o carro quando algum animal decidia prender seus pertences na roda.

Com toda força que tinha, bateu com o objeto de metal enferrujado no recipiente vermelho, que foi ao chão, com um barulho assustadoramente alto, ela fechou os olhos, ouvindo outro grito.

- Que bosta, que bosta, que bosta. - Nada do V, nada de ninguém, ela irrompeu entre a sala, abrindo o extintor. A cena seguinte não pôde ser descrita, seus familiares gritarem, ela percebeu que todos estavam bem, seu pai agora desmaiado em um canto da sala, a sala tornou-se branca como neve, e passos apressados saíram do recinto, quebrando o vidro, Jay pulou a janela atrás deles, havia uma Avenida à frente deles, esta qual vários carros passavam, ela continuou correndo atrás dele, agora sem nada em mãos, sentia como se estivesse voltando a sua época ativa do primeiro ano do médio, a qual ela não era a que Encobria, e sim a que agia, o vento passou cortante em seus cabelos, e seus pés mal tocavam o chão, e antes que ela pudesse gritar, um estrondo tomou conta de seus ouvidos e ela sentiu braços passaram ao redor de si, antes de desmaiar e se encontrar com a imensa escuridão.

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Austrália, 15:50, Frente do Hospital

- O que você fez com ela seu bastardo?! - Cabelos ruivos soltaram-se do elástico mal preso. - Tá louco?!

- Será que dá pra se acalmar, inferno! - Mary suspirou após gritar, colocando as mãos por cima dos ombros da amiga, que pisava no chão enfurecida. - Não tá vendo que não foi ele?! Olha a cara da criatura.

- Como você sabe? - Mary soltou a mais nova, passando as mãos pelo cabelo em sinal de frustração.

- Por que vocês não ficam quietas e prestam atenção no que ele tem a falar? - Juh cruzou os braços, querendo ir embora.

- Obrigada. - Taehyung na verdade não tinha muito o que falar, ele tinha impedido Jay de ser atropelada no último segundo, mas aquele cara a quem ela perseguia não teve o mesmo fim, e nesse momento estava passando por uma cirurgia de remendo, já que o estrago tinha sigo enorme. O menino contou o pouco que sabia, deixando as meninas dividias entre surtar ou fingir que tinham entendido. Elas preferiram a segunda opção.

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Austrália, 15:40, Casa de Jay

A costumeira sirene misturou-se ao som de passos no ouvido da garota, ela desembrulhou um chiclete começando a mascá-lo enquanto olhava ao redor, seria exagero falar que não tinha mais nada ali, ainda tinha, uma casa sem uma janela, móveis esburacados, marcas de sangue que estava a pouco de secar e muita, mas muita confusão. Levantou o olhar para a pessoa ao seu lado, buscando algum mínimo conforto que fosse, essa a olhou de volta e sorriu fraco, IzZy sorriu de volta, ganhando a confiança que restava para que ela encarasse aquilo frente a frente.

Todos estavam no hospital aquela hora, ou quase todos, IzZy e Rap Monster tinham voltado a casa de Jayara em busca de algo que os ajudassem a entender o que diabos tinham feito aquilo, uma briga entre duas pessoas, ok, mas qual o motivo disso? Elas podiam ser todas "malvadas" na escola, mas isso não se aplicava a vida exterior, já que seus atos eram quase que totalmente elípticos, ou assim elas pensavam.

- O que tanto procura, IzZy? - Namjoon resmungou ao seu lado. - Eu entendo com você está, mas acho que a casa dela não é um bom lugar pra achar nada.

- E por que acha isso?

- Porque acabei de ver um carro em uma velocidade absurda dirigir no caminho do hospital, e assim, sinceramente acho que tem algo haver com aquele sujeito de antes. - Antes que pudesse dizer algo, ele sentiu uma dor na cabeça, a menina tinha lhe dado um cascudo. - Ei! Que foi? To ajudando você!

- Tá sendo é lerdo! - Os olhos agora correram rapidamente até a esquina, avistando o tão carro conhecido de Jay. - Sabe dirigir?

- Hã? Sei... - Ela pegou a mão dele, o arrastando até o veículo, o menino começou a reclamar que eles não tinham a chave, então a garota andou até a frente do mesmo e vasculhou por fios, os puxando e conectando. - Essa é mais um de suas super habilidades?

- Essa é uma de minhas super habilidades da sessão "Como pegar seu carro quando seus pais tiram a chave, Artigo 47A". - Os dois riram, e ela sentou-se ao lado dele. - Acho que você já sabe né?

- Claro. - Engatou o carro, e enterrou o pé no acelerador, ouvindo aquele clássico barulho de borracha queimando, antes do carro sair em uns belos quilômetros pela estrada. O minuto seguinte seguiu-se silencioso, IzZy estava preocupada, suas mãos estavam entrelaçadas em seu colo e seu olhar vidrado na mesma, mas outra coisa tomou-lhe a visão, as longas e finas mão de Mon, ela levantou o rosto surpresa, o olhando, ele sorriu novamente, agora genuinamente, ela se inclinou no banco e deu um beijo na bochecha dele, delicado.

- Obrigada.

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Austrália, 16:00, Do outro lado da cidade

- Tá todo mundo aqui? - IzZy perguntou, ainda meio chocada com os acontecimentos anteriores, os quais foram: Ela chegou no hospital e era verdade, tinha um carro ali, o problema era que Jay já tinha acordado, e Manda e Becca estavam entrando no bendito do carro, quando ela chegou, pulou do veículo antes mesmo de Namjoon ter parado, o que lhe rendeu uns bons gritos, ela o ignorou, abordando os carros, resultado? Uma arma na testa e ela entrando no carro também, eita vida difícil.

- Líder, o que vai acontecer com a gente? - Juh perguntou a menina, agarrada ao braço de Hope na sala de espera.

- Onde você me meteu, IzZy... - Ao contrário das outras, Paula estava mais era para "Eu podia estar em casa dormindo". Suga riu ao lado dela, notando o quanto eram parecidos.

- Nem adianta começarem seus discursos de ódio pra cima de mim, eu não faço a mínima ideia.

- Vocês, CALEM A BOCA! - Uma voz irrompeu o lugar, tomando a atenção de todos. - O Chefe vai vê-los agora, quero todos em fila, não me interessa a ordem, só fechem a porra da boca e não respondam.

O único som que pôde ser ouvido enquanto eles andavam até a imensa sala foi o de Juh engolindo o choro, a partir dali, mais ninguém sabia de nada.


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