[Aviso: Por favor, só ouvir a música quando eu indicar, obrigada]
17:35, Austrália, Corredores.
Como ela odiava aqueles sapatos naquelas horas, só porque ela não podia usar seus amados Converses Pretos com ele, por questões de combinar, ela era obrigada a por sapatilhas e ter que correr pelos corredores toda desajeitada e possivelmente quebrar uma perna. Lembrem-se, era tudo culpa da sapatilha. Não era culpa dela que pessoas sumiam e por mais que ela desejasse não se preocupar, seu cérebro pesava, não era nem o coração, era o cérebro mesmo, que latejava ao não ver certos sulfites sentados ao seu lado na sala de prova. Idiota.
Ela desceu as escadas, não foi nem de dois em dois, foi de quatro em quatro, ela praticamente voava, seus pés não ousavam tocar o chão, sua cabeça não ousava pensar, e ela não ousava parar. Atingiu seu destino acabada, abriu a grande porta de ferro a sua frente, ninguém antes dela e ninguém depois dela. Que frustrante, tudo aquilo para receber vários nadas como resposta. Idiota. Quando era lerda, todos brigavam, quando dava respostas rápidas e curtas, todos brigavam, ela queria ver quando desse um tiro na cabeça de qualquer um. Opa. Estava passando tempo demais com IzZy e Gaby, não que as duas fossem ignorantes ou insensíveis, elas só não toleravam ficar ouvindo bosta de quem não tem nada pra fazer. Bom, Paula também não tolerava, mas uma conversa sempre vai bem, não é?
Bom, acho que vocês gostariam de saber como foi que ela conheceu IzZy e assim entrou para toda essa bagunça.
====== Fl4shB4ck 0n ===========
09:20 da manhã, Austrália, Ano de 2009, Sala de aula.
- Eu mal cheguei aqui e já me vem com uma dessa... - IzZy suspirou, desistente de toda aquela baboseira. - Ah... Eu preciso estudar.
- Agora é aula de quê? - Paula virou-se para ela, naquelas época elas tinham 12 anos, não se conheciam, ou se conheciam pouco, mas elas tinham quatro coisas em comum: Amar Converse, amar Lasanha, mania de falar mal de pessoas chatas pelas costas e uma incrível preguiça de viver.
- Sei lá... - IzZy abriu o caderno, o qual tinha alguém na capa, alguém que não se podia definir como menino ou menina, talvez algum ídolo. Tanto faz. - Química B...
- A do L.S né? - Sim. Esse cara estava lá desde sempre.
- Sim, essa mesmo. - A primeira virou-se para frente, sentada a frente de Paula, ela recostou-se na cadeira, morta. - A minha vontade de estar aqui não é nenhuma, acho que está lá no magma.
- A minha já voltou no tempo. - Paula apoiou a cabeça sobre a mão, bocejando, fazendo um barulho estranho, fazendo IzZy soltar uma risada.
- A minha já encontrou Adão e Eva.
- Xi, a minha tá lá na Pangéia já.
- Quem sabe no Big Bang.
- Podemos fazer isso até amanhã.
- Realmente, nós podemos. - As duas estavam se rachando, quando o professor entrou na sala, ele olhou estranho para elas, sei lá, acho que não estava acostumado a ver felicidade. - Seu nome é IzZy né?
- Sim, e o seu é Paula né? - A menina concordou. - Man, eu não quero mais ficar aqui, sério.
- Você tá afim de sair da escola na próxima aula? - IzZy sorriu travessa. - Primeira vez que vou fazer isso.
- Bora. - As duas tocaram os punhos, sorrindo.
============= Fl4shB4ck 0ff ==========
17:45, Austrália, Quadra de Basquete.
- Ele nem pra estar aqui... - Ela varreu a enorme quadra com os olhos - Eles tinham uma quadra externa na Escola, normalmente os times de basquete iam para lá afim de treinar por horas a mais, e foi onde ela imaginou que ele estaria. Pura ilusão. - Bom, já que estou aqui e ninguém sabe disso, acho que posso treinar um pouco, não vai atrapalhar a vida de ninguém.
Ela andou até o vestiário, largando a mala em cima do banco central do lugar, deserto, com as luzes acesas e a porta fechada, ela encontrou seu uniforme de treino, o que tinha escrito nas costas "Paula" e o número usado para designar Laterais, o "04", ela olhou a grande regata estendida a sua frente, Suga tinha uma igual, e ela tinha uma igual sanidade que estava se esvaindo pensando no garoto. Ah, vá se ferrar.
Colocou o uniforme, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo forte, o qual não soltaria nem com uma tesoura de ponta. - Ui, que rebelde. - Saiu da sala em passos pesados, abriu outra porta de ferro em frente a quadra, o depósito, pegou uma das bolas de lá, e a tocou, batendo-a contra o chão para ver se esta estava boa. Confirmado. Segurou-a com uma mão e com a outra fechou a porta, saindo do depósito e voltando para o vácuo que estava aquele lugar.
A bola bateu no chão, e ela começou a se movimentar pela quadra, voltando a ativa que nunca mais tinha sentido depois do acidente que havia sofrido há alguns meses, ainda bem que ela só tinha quebrado o tornozelo, ou ela processaria o motorista e ainda pegaria o carro pra ela, na fúria mesmo. Correu pela quadra várias e várias vezes, ofegante, suas pernas ainda pesavam, mesmo que agora já não fosse mais uma gosma sedentária. Encarou a cesta a sua frente, suas opções eram: Fazer uma enterrada, fazer uma cesta de três ou não fazer nada. Ela era lateral, cestas de três eram suas especialidade, e era muito admirada por isso, o problema era, não fazia aquilo a sério há meses, sua condição física não a deixou. Posicionou-se no meio da quadra, respirando fundo, se aquilo fosse um jogo de verdade ela estava tão ferrada, já teria sofrido falta por ficar mais de três segundos com a bola, ela suava e tremia, de nervosismo, de cansaço, não sei.
- Ok, você faz isso toda hora... Ou fazia, não é um desafio pra você, não é. - Ela repetia aquilo para si mesma até se convencer e lançar a bola.
[Colocar a música]
Sabe quando parece que o tempo para? Quando você coloca um vídeo do Youtube em slow motion e fica rindo das vozes engraçadas dos artistas? É, era isso que estava acontecendo, mas não era engraçado... Paula parou e olhou a bola ir em direção a cesta, ela estava dividida entre virar-se e ir embora para não sofrer a vergonha de não acertar, ou ficar ali olhando a bola seguir seu caminho seja lá onde ela fosse parar. E quando ela escolheu a segunda opção, ela ganhou na vida.
Um vento passou do seu lado, empurrando seu rabo de cavalo para frente, a visão dela foi tampada por segundos, até ouvir o baque surdo de algo batendo em alguma coisa e depois dessa coisa atingindo o chão, com a força de um monstro, ela engoliu em seco, encarando o menino a sua frente, "Suga", passou por sua mente, quando ele voltou ao chão, o tempo voltou ao normal, e Paula encarou a bola rolar para a porta depois do efeito de uma enterrada. Ela olhou o menino, que fazia o mesmo, passando a mão nos cabelos, alguns segundos se passaram e ela então virou-se, correndo até onde a bola estava, mal ouviu os passos atrás de si, quando estes puseram a mão na bola também, e consequentemente contra a sua, Paula suspirou, surpresa, ela teria soltado o objeto, se as mãos os outro ainda estivessem sobre as dela.
Ela desviou o olhar, envergonhada, será que ela teria errado? Da onde ele veio? Ele estava assistindo o tempo todo? E ainda mais, por que veio? As mãos dele se afastaram das dela, seus dedos fraquejaram e ela foi obrigada a deixar a bola cair, ela ainda estava presa nos olhos dele, com uma face assustada, ela não sabia o que sentir ou o que pensar. Apenas acordou quando sentiu um calor se aproximar, dedos fizeram cócegas nos seus braços arrepiados pela tensão, o calor estava cada vez mais perto, e sua mente estava clara, bem clara, quando lábios juntaram-se ao seus, quentes, macios e molhados.
"Você teria acertado" - Ecoou em sua mente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Graduation
Teen FictionTerceiro ano da escola, acho que temos que aproveitar né? Ninguém liga mais pra nada, não quer nada, mas também quer tudo, vamos contar nessa história experiências de oito garotas que estão de mal a pior nesse último ano, história passada na Austrál...