Capítulo 40

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Pela frieza dele, não falei mais nada.

Depois de algum tempo, o silêncio estava ficando desconfortável. Era horrível a idéia de pessoas tão más ao redor dele, mas é isso que nos cerca o tempo todo, infelizmente.

─ Você ainda não cansou? - perguntei quebrando o silêncio entre nós, porque quanto mais ele andava, mas a casa parecia longe.
─ Não. - ele respondeu ainda frio. Será que vai ser sempre assim? Jesus, meu lindo amigo, o Senhor está testando minha paciência?

Eu suspirei, Ian é um enigma. Quem deveria estar com raiva era eu, mas é exatamente o contrário.

─ Por que você é assim? - perguntei exasperada. Ele riu. Quanta bipolaridade.
─ Sabe onde tem uma academia de luta?
─ Hein? - perguntei e ele levantou uma sombrancelha. ─ Não, não sei. - falei confusa.

Ele parou um táxi que ia passando, me colocou lá dentro e mandou o taxista nos levar para a academia de luta mais próxima.

─ O que você luta? - perguntei.
─ Boxe, Muay Thai...
─ Ah. - falei desinteressada. Não gosto de luta, violência me assusta.
─ E você? - perguntou e eu fiz uma careta. ─ Esportes? - sugeriu.
─ Subir as escadas para ir ao meu quarto quando estou na casa dos meus pais conta? - perguntei olhando para ele.
─ Não. - disse sorrindo e me puxou para mais perto dele.
─ Não quero ir não. - falei.
─ Não vou demorar.
─ Importa? - perguntei.
─ O que posso fazer para você me esperar? - ele perguntou sorrindo. Eu pensei, mesmo tendo certeza do que iria pedir.
─ Uma semana de Nutella, todos os dias, da maior que tiver.
─ Pelo menos da menor.
─ É pegar ou largar. - falei e ele abriu um sorriso grande.
─ Aceito. - disse e meu sorriso foi de orelha a orelha.
─ Foi ótimo negociar com você. - falei e estendi a mão para ele, com um sorriso idiota no rosto.
─ Você é chocolatra? - perguntou.
─ Sou. - falei. Ele riu.
─ Que instrumentos você toca, princesa? - perguntou olhando para mim.
─ Piano, violoncelo, guitarra e vilão.
─ Guitarra?
─ Quando eu tinha 15 anos, queria fazer algo que não fosse nada calmo, mas não queria pecar contra Deus e nem decepcionar meus pais, então mandei meu pai comprar uma guitarra, e coloquei aqueles sentimentos sombrios para fora.
─ Você é certinha demais. - ele disse e eu o ignorei.

Algum tempo depois chegamos. Ele foi falar com o dono, enquanto eu esperava, onde as pessoas treinavam.

Tinha homens e mulheres. Eu não sabia se ficava aliviada ou perdida. Não me entenda mal, eu não sou possessiva, e praticamente não temos nada ─ mesmo sentindo tudo ─, mas sua beleza é surreal para alguém não prestar atenção.

Fitei o nada, perdida em pensamentos.

─ Você vai treinar aqui, princesa? - perguntou um homem me tirando do transe, cujo devia achar que eu o estava observando, quando na verdade não era isso. Eu apenas neguei com a cabeça e olhei em outra direção.
─ Que pena. - ele falou com um sorriso esquisito. ─ Uma menina linda como você lutando aqui com certeza nos incentivaria a treinar mais. - ele falou sorrindo. Ian chegou e passou o braço pela minha cintura, indicando ao homem como se eu fosse propriedade dele.
─ O que vai te incentivar a lutar é se você sair daqui com os dentres quebrados. - Ian disse com um olhar mortal para o homem.
─ Fica com esse mané não, meu amor. Eu te levo ao paraíso se você vier para os braços do papai aqui. - falou o homem e eu o olhei chocada. Eu teria gargalhado dele, se Ian não tivesse pulado para cima dele e começado a socar ele.

O homem deu um chute nas costelas de Ian, que recuou um pouco. Ian derrubou o homem e ficou por cima dele, tava esmagando-o. Daquele maneira Ian ia matar o homem, que já estava nocauteado, mas Ian não parava. Eu estava começando a entrar em pânico quando um homem tirou Ian de lá.
─ Você me paga. - sibilou o homem antes de perder a consciência por completo.

No Tempo de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora