Capítulo 21

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Depois que saí do jardim, voltei pra sala e aprendi tudo que tinha perdido nos últimos dias, e tinha sido muita coisa.

─ To morta. Daqui vou direto para casa. - falou Amora.

Eu sorri pra ela sem entender porque ela estava tão cansada. Fui também direto para casa, e a mesma rotina de falar um Oi para a recepcionista, pegar elevador e subir pra o apartamento.

Ao chegar em casa abri a porta e tinha uma cortina no canto da sala. E pra piorar não tinha ninguém em casa.

─ Mãe? A senhora está aí? - perguntei mas só continuou o silêncio.
Fui até o meu quarto e coloquei minhas coisas lá, e voltei para sala pra ver o que tinha atrás daquela cortina.
Abrir a boca em forma de um " O " bem grande.
─ Meu Deus. - falei, sentindo as lágrimas se formarem nos cantos dos meus olhos.
─ Surpresaaaaa. - fala meu pai e mãe ao mesmo tempo, aparecendo de repente.

Tinha um piano, o mais lindo que já vi na minha vida, atrás da cortina, fiquei encantada. O piano foi o primeiro instrumento que aprendi a tocar, eu tinha apenas 5 anos quando aprendi. Eu amava ficar olhando meu pai tocar, e ele começou a me ensinar e eu amei o piano naquele tempo e amo até hoje.
─ Obrigado. - falo enquanto abraço eles e não consigo conter as lágrimas. ─ Vocês são os melhores pais do mundo.

Minha mãe também acaba chorando.

Fui até o piano, me sentei e chamei meu pai.
─ O meu professor me concede a honra de tocar comigo umas das peças de Bach?
Meu pai vai até mim e a gente começa a tocar. Minha mãe não toca instrumento nenhum, ela sempre preferiu apreciar a música ouvindo do que tocando.

─ Pai, o senhor nunca mais compôs.
─ Não levo mais jeito pra isso filha.
─ Como não pai, as suas músicas são lindas, a Julliard não parava de chamar o senhor para ir pra lá, e foi um dos melhores professores de piano.
─ Eu vou tentar.
A gente termina e eu vou tomar um banho e depois comer alguma coisa.
─ Kate, a Victória já pode receber visitas de amigos. Ela está bem melhor, mas você sabe, a memória dela ainda não teve progresso nenhum. - fala minha mãe.
─ Eu vou ver ela hoje, mas como a senhora sabe de tudo isso?
─ Fui ao hospital hoje e conversei com o médico que está cuidando dela, aquele Benjamin.

Me arrumei o mais rápido que pude para ir ver a Vic, e quando saí de casa já era quase às 6 da noite.

Cheguei ao hospital e fui procurar qual era o quarto da Vic. Ela ficou no 2° andar, vou até o elevador mais demorou demais e subi pelas escadas mesmo, só tive um pouco de dificuldade para subir por causa do violão.

Cheguei ao quarto e fui abrindo devagar a porta e vi que ela estava dormindo, e assim que entrei notei a diferença nela. Estava com cicatrizes nos braços, um embaixo do queixo, estava muito pálida e mais magra que antes.

Segurei a mão dela um pouco e depois me sentei na cadeira que tinha ao lado da cama dela. Ajeitei o vilão ao meu colo, mas não toquei.

Eu não fazia ideia de que música ela gostava e então toquei a primeira que me veio a cabeça, a música era alta, mas toquei baixinho.

Já foi mandando um mensageiro pra avisar
Que está passando o tempo, que está a piorar
E nenhum especialista conseguiu mudar o quadro
E agora resta apenas um milagre

De repente um tumulto toma toda a cidade
Alguém disse assim: "aonde fica o sepulcro?"
E alguém sussurrou, disse: "não tem mais jeito, já faz tempo que o velório já foi feito"

"Diga-me pra onde foi levado, não importa qual era o seu estado
Em tudo isso meu pai será glorificado
Afasta a multidão, ordeno agora
Verás um milagre nessa hora
Pois o mestre chegou, Jesus quem ordenou
Tire a pedra!

No Tempo de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora