No Tempo de Deus

Capítulo 33

     Deus, era o amor em sua mais pura forma.
           - A última música

***

─ Você está louca? Como você pôde dizer a eles que iriam ganhar muita coisa? - perguntou Amora aos berros chamando a atenção de quem passava por ali no shopping.
─ Amora, calma. Deixa ela se explicar. - disse Hellen tentando acalmá-la.
─ Calma. - ironizou ela. ─ Como vou ter calma com a burrada que ela fez? - perguntou ela abaixando o tom.
─ Amora, o que se ganha quando se vai para a igreja? - perguntei calma, já que eu não tinha motivo para agir da mesma forma que ela.
─ Deus? - sugeriu.
─ Então, será isso que eles irão ganhar. Você acha que eu faria mesmo isso? Tá na hora de parar de pensar assim, você leva tudo na maldade. Coloca coisas boas na cabeça Amora. - falei no mesmo tom de antes.

A expressão dela mudou de raiva a vergonha. Não achei que não fosse passar pela cabeça dela que eu estava falando de Deus.

─ Desculpa Kate, eu agi por impulso. - se desculpou Amora.
─ Tudo bem. Você só tem o gênio forte. - falei, sorri e olhei com sinceridade para ela.
─ Mas por que você falou isso? Você sabe que deu a impressão errada para eles. - disse Hellen confusa.
─ É que no começo eu não tinha percebido a segunda intenção deles, quando me toquei já era tarde para dizer que eu estava falando de Deus, então eu só deixei. O tempo inteiro eu estive me referindo a Deus. O mundo não pode receber o consolador, mas sim quem crer em Cristo Jesus e o busca e quanto mais você o buscar mais achará, e mesmo assim não será o suficiente. Eu sei que agi de maneira errada por passar essa impressão para eles, mas é que eles são tão idiotas por achar que o corpo da mulher é o máximo que elas podem oferecer e mais nada. Mas é claro que vou esclarecer isso depois. - falei olhando para o chão, arrependida do que tinha feito.
─ Está tudo bem Kate, enganar eles de vez enquando é bom. Fora que eu quero ver a cara que eles vão fazer quando souber do que você estava falando. - falou Hellen rindo e eu também sorri.
─ Vamos gente? A gente assiste um filme quando chegar em casa. - disse Amora.
─ É, vamos. - falou Hellen.

Saímos e fomos para o estacionamento, colocamos nossas sacolas no carro e fomos embora.

Elas estavam conversando, mas eu estava absorta em pensamentos. Eu tinha agido errado e isso me deixava mal, e qual seria a impressão que eu passei para Ian? Seria só mais uma oferecida para eles. Mas na verdade eu não estava preocupada comigo, e sim com Deus, porque ao invés de mostrar que quando se tem Deus a gente somos diferentes, eu mostrei que na verdade era igual a todos. Aliás, muito pior, já que eu me dizia santa, e fiz como todas as outras. Era Deus que levava tudo de ruim, e já bastou o que seu filho passou naquela cruz. A cruz que era pra mim. A dor que era minha. Pode parecer besteira, mas para mim não é, eu fico sufocada só de imaginar não sentir a presença de Deus em minha vida, ou não ouvir o som perfeito da sua voz porque música nenhuma é comparada a voz de Jesus, e eu preciso dele mais do que qualquer coisa que há nesse mundo. Não posso usar outro nome ao falar essa frase, humano nenhum se compara a isso, nenhum amor que eu sentir será comparado ao primeiro amor, então é somente a Jesus que eu quero mais que qualquer coisa.

─ Katee? - gritou Amora.
─ Oi? - falei assustada, saindo dos meus devaneios.
─ Tem meia hora que estamos te chamando. Que filme você sugere que a gente assista?

E logo percebi que já estava chegando na rua da casa de Amora.

─ Eu não sei. O que vocês sugerem?
─ Eu sugeri a última música, mas Hellen não quer.
─ O filme nem fala de Deus.
─ Mas o livro fala. - eu disse.
─ Mas não vamos ler o livro, vamos assistir o filme. - protestou Hellen.
─ Então a gente faz assim... Hoje a gente assiste a última música e depois, aliás, outro dia, a gente assiste pregando o amor. - falei tentando convencê-la, já que amo as obras de Nicholas Sparks.
─ Mas fala de Deus? - perguntou Hellen.
─ A palavra pregando não diz tudo? - falei e ela só assentiu.