No Tempo de Deus

Epílogo

Seis anos depois...

Eu acordei e vi o meu lindo marido em um sono profundo.
Ele era tão lindo...

Me levantei e fui falar com meu Pai, que eu tenho certeza que já me esperava para a nossa conversa.

Depois de orar fui tomar meu banho. Coloquei uma roupa bem leve e fui fazer o almoço.

Ainda era umas 1:30h da tarde, e eu poderia estar dormindo. Mas quando Ian acorda é sempre com uma fome enorme, então tenho que fazer logo a comida.

Ele queria que a gente contratasse uma empregada, mas eu não me sentiria nada bem com alguém mexendo na minha cozinha.

Tinha a parte de cuidar da casa, mas como moramos apenas nós dois e quase nunca estamos aqui, dou conta direitinho.

Nos anos em que a gente ainda fazia faculdade, eu arrumei um trabalho simples. Ian insistia para que eu parasse, mas eu nunca gostei da idéia de ser sustentada pelo meu marido.

Ele fazia alguns shows aqui em Seattle, então nunca estávamos sem nada para fazer.

Já tinha um tempo que ele recebia várias propostas para fazer show fora de Seattle, mas ele não podia ir por causa da faculdade e também não me deixaria sozinha.

Só que eu sempre ficava animada com essas propostas, e quando a gente terminou a faculdade, pisamos na estrada. Resolvemos que passaríamos dois anos da nossa vida dedicado somente a música, e através disso conseguir almas para Jesus, depois nós iríamos fazer uma clínica, que é realmente nossa área.

Eu faço parte da banda, sou vocalista junto com Ian.

Já estão todos casados, só falta mesmo Amora e Ethan, que vivem numa confusão total.

Hoje vamos fazer um show em Minnesota, sim, na cidade em que eu fui para fugir de Ian, mas será exatamente lá que eu farei uma surpresa para ele.

─ Oi meu anjo. - disse Ian chegando por trás de mim, me dando o maior susto. Eu coloquei minha mão no coração, que estava muito acelerado.
─ Você tá doido para ficar viúvo antes do tempo. - falei e ele riu.
─ É bom te dar susto. - disse e eu joguei um pano de prato nele.
─ Isso é o que veremos. - falei, sarcástica.
─ Esse cheiro tá maravilhoso. - disse.
─ Eu sei. - falei dando de ombros.
─ Você tá muito convencida. - falou, beijando meu pescoço. Eu ri.
─ Saia, deixe eu terminar de fazer o almoço. - falei.
─ Vou mesmo, tenho que tomar um banho. - disse.

Ele passou pela sala, tirou a camisa e jogou no chão. Ele sempre fazia aquilo para me provocar, e eu já tinha me acostumado, mas meu humor ultimamente não estava muito bom.

Senti uma vontade enorme de fazer ele descer escada a baixo.

─ Sabia que eu tenho capacidade de te jogar dessas escadas? - gritei bufando de raiva enquanto ele subia as escadas. Eu ouvi o riso dele que só me mais raiva ainda. Eu voltei a fazer o almoço enquanto tentava fazer a raiva passar, mas ela só aumentava. Depois de tanto tempo Ian continuava igual, era como se fosse ontem que estávamos apenas orando.

Meus nervos estavam a flor da pele, e ele não estava colaborando.

Algum tempo depois ele desceu as escadas e foi assistir. Eu coloquei a comida na mesa, assim que ele chegou eu dei as costas para ele, e fui para o quarto.

─ Você sabe que eu odeio comer sozinho. - gritou.
─ Azar o seu. - falei.

Aaargh. Aquilo estava me corroendo.

Sentei no chão ao lado da cama  e coloquei a cabeça entre as pernas.

─ Meu amor. - falou Ian se sentando ao meu lado. Eu levantei cabeça para olhá-lo e vi seus grandes olhos azuis me fitando preocupado. Eu não aguentei e me derramei em lágrimas. Nem eu mesma sabia porque estava chorando, talvez por arrependimento em querer jogar meu próprio marido da escada, mas ele não facilita. ─ O que foi? - perguntou ele aflito. ─ Vai ficar tudo bem. - disse e eu ri. ─ É tão difícil te entender, uma hora tá chorando e no mesmo minuto sorrindo. - falou e coçou a nuca. ─ Mas porque você estava chorando? - perguntou e se levantou, eu fiz o mesmo.
─ Porque eu quis. - falei e enxuguei as lágrimas.
─ Seu humor anda péssimo. - falou e sorri amarelo.
─ A tendência é piorar. - falei, ele fez careta e eu ri.