Capítulo 1 - Troye

88 3 0
                                    

Troye - Surpreendido

As nuvens cobriam o céu quando Troye abriu a janela e colocou a cabeça para fora. Tudo bem, pensou ele, hoje é um dia especial e nada poderia estragar. Troye, um jovem de vinte anos de idade, magricela como os seus amigos lhe chamavam, os cabelos e os olhos escuros contrastando contra o branco da pele, abriu a porta do guarda-roupa e jogou várias e várias peças de roupas em cima da cama. Sempre indeciso sobre o que escolher. Vestiu jeans para em seguida tirar. Andou de um lado para o outro, coçando a cabeça, as meias escorregando no piso de madeira.

–  Não, não está bom! Tem que estar perfeito! –falou ele, sabia que estava falando alto e sozinho, não ligava.

O celular vibrou e tocou em cima da mesinha interrompendo os devaneios de Troye sobre o que vestir para tentar impressionar o namorado. Deslizando e quase tombando Troye pegou o celular e atendeu no segundo toque.

–  Quem interrompe um momento crucial na minha vida?  –  brincou ele.

–  Não, espera! Não me diz que você ainda está escolhendo o que vestir? Troye é só o aniversário de o quê...? Quatro anos de namoro? –  questionou intrigado uma voz do outro lado do telefone.

–  É, Sam. Parece que não conhece o seu amigo aqui... –  respondeu Troye retornando para perto do guarda-roupa e lançando mais alguns conjuntos sobre a cama.

–  Realmente, indecisão deveria ser o seu sobrenome    –  afirmou Sam e riu da própria piada.

–  Ha ha ha, sem graça. Você sabe, é importante para mim, quero dizer para nós dois, quatro anos não são quatro dias, não é?

–  Não, não são. Mas importante mesmo é você vir aqui para Nova Iorque, venham vocês dois qualquer dia. Sério, será muito bom! –  exclamou Sam e Troye anuiu, pensando na possibilidade. Meu pai jamais deixaria, pensou ele e continuou a bagunçar as roupas.

–  Tenho que desligar, Sam. Se não eu não termino aqui. Mas eu juro, juro pelo Dumbledore que eu apareço aí para lhe fazer uma visita –  disse ele e parou observando uma velha jaqueta que parecia não ver a luz do dia a tempos.

–  Okay, okay, boa sorte e feliz quatro anos! Magricela! –Troye não aguentou de ansiedade e desligou o celular enquanto Sam ria da brincadeira. Os olhos de Troye de repente iam da jaqueta para a jeans. Uma combinação arriscada, mas legal, concluiu ele, estava perfeito. Hora do banho! E ele foi deslizando para o chuveiro, todo meias brancas e cueca.

Depois de vestido e perfumado, Troye optou por secar os cabelos e fazer o seu famoso topete. Tudo tinha que estar perfeito para ele. Afinal, quatro anos que namorava Mark e ele era tão diferente de Troye em tantos sentidos quanto Troye podia imaginar. O cabelo loiro e os olhos azuis cintilantes. Troye se sentia sortudo. E mesmo que o pai de Troye desconfiasse do namoro, ele não se importava. Hoje o dia e a noite eram deles.

Após checar uma, duas, três vezes se estava tudo certo, Troye decidiu que era hora de ir. Olhou para fora da janela mais uma vez e concluiu que iria chover e não demoraria. Tão apressado quanto antes, pegou um guarda-chuva, desceu as escadas e trancou a porta atrás dele. A casa de Mark ficava só uns quarteirões acima. E Troye caminhava que parecia saltitar de felicidade.

Chegando lá, Troye parou debaixo do batente e hesitou, o braço erguido pronto para bater. Um sentimento estranho, uma leve intuição de algo errado lhe abateu. Olhou para a direita e para a esquerda, ninguém à vista. Troye tocou a maçaneta como se esta pudesse lhe fazer algum mal e devagar abriu. O interior da casa estava escuro mesmo com todas as janelas abertas, o tempo lá fora não contribuía, é claro.

No íntimo Troye percebeu que algo estava errado.

Ninguém veio recebê-lo, ninguém o esperava, nem os pais de Mark, deveriam estar fora, pensou Troye e subiu as escadas direto para o quarto de Mark. Para quebrar o gelo e esconder a estranheza que sentia, Troye sorriu e melhorou a expressão. Ouviu vozes. Será que os pais de Mark estavam conversando com ele? Não sabia.

–  Não, Nico, assim não –  Troye parou e olhou pela fresta da porta entreaberta.

–  Mark, sabe que eu gosto quando faz isso... –  falou uma voz, desconhecida para Troye.

–  Vem cá, deixa eu fazer isso! –  e Troye observou Mark levantar alguém no colo, um garoto e os dois se beijavam. Paralisado, Troye tentava se obrigar a se mover. Ergueu a mão e lentamente abriu a porta para que a imagem que lhe era como um pesadelo se mostrasse real. Mark o estava traindo com um outro garoto.

Tudo o que Troye conseguiu fazer foi dar as costas e voltar por onde veio. Não parou mesmo quando ouviu Mark atrás dele, gritando-lhe o nome:

–  Troye, Troye, não é isso o que você está pensando, calma...

Como um furacão, Troye escancarou a porta e passou por ela. O que havia acabado de acontecer?




Neon NightsOnde histórias criam vida. Descubra agora