Novatas

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Elas eram três. Uma loira, uma ruiva e uma negra. Meio clichê, eu diria. Andavam pelos corredores rindo e cantarolando. Eram muito bonitas, na verdade, eram perfeitas. Pareciam ter fugido do sonho de um Deus. Mas nada disso era problema. A perfeição delas não me incomodava.

O que incomodava era o cheiro. Um cheiro adocicado que se impregnava em tudo ao redor delas. Roupas, cadernos, cabelo. Tudo ficava com cheiro de melado. Isso sim era incômodo, pra não dizer insuportável.

- Quem são elas? - Perguntei.

Kira e Malia estavam conversando comigo e com Brenda sobre o baile de outono. A morena abriu a boca, mas não chegou a falar nada. Uma outra voz tingida de raiva se ocupou em trazer minha resposta.

- Lila, Beth e Amanda. - Lydia contraiu os lábios num bico. - As alunas novas!

- Achei que nós fôssemos as alunas novas! - Disse Brenda.

- Agora são! Elas chegaram no primeiro dia de aula. De cidades diferentes, no entanto, parecem melhores amigas! - Kira explicou.

- Fantástico! - Suspirei.

- Elas fedem! - Acrescentou Brenda.

- Em muitos sentidos! - Lydia sorriu para minha beta.

Era impressão minha ou elas estavam simpatizando? Fantástico. Vi uma delas abordar um garoto, cheia de sorrisos e carinhos. Cochichou algo em seu ouvido. Ele aquieceu com a cabeça e foi embora, enquanto ela e as amigas riam.

Homem é um bicho bobo mesmo! A menina faz um charme e eles lambem até o chão pra ela pisar! Revirei os olhos e voltei a me concentrar na conversa das meninas. Nem tanto, maquiagem e joias não são meu ponto forte, mas pelo menos tudo estava normal, quase não me lembrava que era um lobisomem.

Johnny insistia em continuar me treinando. Me ensinava tudo que o haviam ensinado durante toda a sua vida com o Price. Brenda ajudava as vezes, mas não dá pra dizer que estamos nos tornando muito próximas. Na maio parte do tempo ela apenas tenta não me aborrecer e eu procuro não incomoda-la.

Eu encontrei um novo Dojô para treinar Karatê. E estava me preparando para a seleção do capitão da equipe de natação na manhã seguinte. Era apenas quarta-feira e eu já tinha tudo organizado até o fim do ano letivo.

Ou até o jornal que saiu na manhã seguinte e que graças a Deus e só vi depois da natação.

Eu tinha acordado bem disposta. Tomei café e fui para a escola com um sorriso no rosto. Não dei atenção aos cochichos e boatos que se espalhavam pelos corredores. Eu só conseguia pensar na água transparente da piscina.

Nadar é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Aprendi bem nova. Amava quando íamos a praia e eu podia simplesmente perseguir pequenos peixes e algumas tartarugas mar a dentro. Quando se tornou um esporte para mim, meu desempenho em todas as outras áreas da vida melhoraram. Ganhei vários campeonatos escolares, desde a quinta série.

Depois eu conheci o karatê. Há cerca de sete anos. Foi aí que eu me encontrei. Confesso que as lutas em si não são minha parte favorita, mas cada vez que eu completo um kata, me sinto renovada, completa.

Kata é uma espécie de coreografia, exibindo os golpes aprendidos em cada faixa. Eu era muito boa com isso. Executava cada golpe com perfeição. Estava prestes a pegar a faixa preta. Não fazia muita diferença para mim, só o que me importava era saber cada um dos Katas de trás pra frente se possível.

Não estava nervosa quando pulei na água naquela tarde. E não, Johnny, eu não vou trapacear. Eu não preciso. Fui a melhor em cada um dos pequenos pontos avaliados. Eu estava certa disso.

- Muito bem garotas! - O treinador disse no vestiário.- Vamos ver alguns pontos aqui antes de vocês tomarem seus banhos e ligarem esses secadores barulhentos.

As garotas riram e se sentaram no bancos. Eu fiquei de pé ao fundo, encontada nos armários.

- Primeiro ponto: Nós fomos muito mal ano passado. Fomos humilhados, pisoteados, levamos uns caldos. - As meninas murmuraram monossílabos desanimados. - Mas ano novo, vida nova! Então, vou me arriscar. Vocês já tem uma nova capitã e, quando digo nova, quero dizer nova mesmo. Nina! É você garota.

As meninas bateram palmas e murmuraram coisas sobre eu ter merecido mesmo. A maioria delas estava satisfeita. Claro que outras ficaram decepcionadas por não terem sido escolhidas, mas isso passaria quando eu mostrasse meus troféus.

Esses pensamentos desapareceram quando eu chegei em casa e peguei o jornal em cima da mesa.

"True Alpha" - Just a Fairy Tale.Onde histórias criam vida. Descubra agora