Provas

2.4K 223 8
                                    

Eles falavam simultaneamente por todos os orifícios do corpo. Ou pelo menos essa era a impressão que eu tinha da conversa deles, enquanto esperavamos na frente da sala do xerife. Então nós fomos finalmente ver os registros das câmeras. Até aquele instante eu estava em uma espécie de transe. Imaginando as milhares de formas de se morrer.

Será mesmo que elas eram vampiras?
Será que haviam vampiros na cidade?

Então paramos diante do computador, nos espremendo para enchergar as imagens na tela pequena. Olhamos primeiro as câmeras do estacionamento. Uma grande picape chegou na frente da escola. Eram quase duas da manhã. Três pessoas sairam. Três garotas. Dava pra perceber apenas por seus cabelos cumpridos, pois não havia iluminação o suficiente para ver seus rostos.

As garotas pareciam estar se divertindo, rindo. Uma garota empurrou outra atravessando um dos canteiros do estacionamento e elas entraram na escola. Alguma coisa caiu do bolso da garota empurrada. Cerca de uma hora depois elas voltaram. Entraram no carro e partiram. Seus cabelos haviam murchado. Molhados, eu imaginei.

Puta merda. O xerife mandou buscar o carro pela placa. Era de Nova Jérsei. E havia sido roubado a cerca de um ano. Só.

Eu ainda estava quieta. Sentada em uma cadeira na frente da mesa do Sr. Stilinski. Pensativa.

- Vamos até o estacionamento! - Stiles disse e todos o olharam confusos. - Vocês não viram que caiu algo do bolso da garota?

- O que? Não! - Foram as respostas.

Eu murmurei um "Aham", imaginando que ninguém ouviria. Mas Stiles me olhou de um jeito que nunca tinha feito antes. Sua expressão dizia: Obrigado, Senhor! Parece que eu não sou o único que pensa aqui! Eu me senti absurdamente elogiada. Resolvi participar mais ativamente.

- Se a corrente não nos leva a nada, seja lá o que for que tenha caído do bolso da garota pode levar! - Expliquei.

- Exatamente!- Stiles disse. - E temos que correr até lá, rezando para que ela ainda não tenha recuperado o objeto.

Foi assim que eu fui parar naquele maldito estacionamento vazio. No escuro. Com frio. Segurando vela, não apenas para o meu irmão, mas para Stiles com Malia e Scott com Kira. Eu chutava a grama do canteiro delicadamente pra ver se topava com alguma coisa.

Devia andar mais com os gêmeos. Eles eram estranhos demais pra namorar. Como eu talvez.

- Eca, o cheiro aqui é insuportável! - Malia disse.

Eu já estava desistindo de defender minhas amigas. O cheiro delas estava por todos os lados. Especialmente nos lugares suspeitos.

- Parece cheiro de grutas habitadas. - Completou.

- Grutas o que? - Stiles perguntou.

- É, grutas onde tem peixes e morcegos! - Explicou. - Grutas vazias tem um cheiro diferente.

Morcegos. Eu estremeci. Vampiros não viram morcegos, certo? Por favor, alguém me diga que não!

- Tem muitas dessas na cidade, Malia? - O seu namorado falava com ela como se fosse uma criança. Ela parecia gostar.

- Eu só conheço uma. - Ela deu de ombros.

- Ótimo. Acho que vamos precisar dar uma olhada nessa gruta. Que tal levar Lydia? - Stiles parecia ter tido uma idéia.

- Certo! - Noah respondeu. - Eu levo elas.

Stiles não parecia gostar da ideia. Estava com muita vontade de ver a caverna, perdão, gruta. E nenhuma vontade de deixar Noah sozinho com Lydia e Malia.

Eu apenas chutava a grama.

- Se quiser pode vir conosco! - Noah disse educadamente.

- Eu vou. Scott, Kira e Nina podem achar essa droga sozinhos. - Ele foi andando em direção ao seu jeep que estacinou longe por precaução.

Eu ainda chutava a grama.

Não me dei ao trabalho de responder os "até logo" do pessoal. Scott e Kira iluminavam a grama com uma lanterna e um celular. Eu não usava nada do tipo.

- Será que elas já voltaram pra buscar? - Perguntou Kira.

- O pai do Stiles está vendo as gravações. Se ele encontrar alguém que veio até aqui e pegou algo ele vai nos ligar. - Scott respondeu.

Exelente.

Continuei chutando a grama.

Scott e Kira conversavam atrás de mim. Eu segurava a maio vela do mundo. Então algo produziu um ruído metálico após xolidir com o meu pé e voar em direção ao asfalto. Meus olhos se iluminaram. Corri até o objeto e o apanhei cuidadosamente. Usávamos luvas como o xerife havia sugerido. Observei o que havia em minhas mãos: Chaves.

"True Alpha" - Just a Fairy Tale.Onde histórias criam vida. Descubra agora