Está tudo bem?

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Stiles conseguiu que entrassemos na área de isolamento. Eu conhecia bem as vantagens de ser filho de um policial. Apesar de nunca ter me enteressado pelo trabalho da minha mãe. Já Stiles parecia um detetive particular que ajudava o pai em seus casos. Ele analisava tudo que podia, o que não era muito porque o xerife Stilinski tentava evitar ao máximo o envolvimento do filho.

Stiles queria ver o corpo, assistir a autópsia se possível. Queria acesso as fitas das câmeras de segurança. Queria usar aquela especial para encontrar digitais e por cães farejadores por todos os lados. Essa última idéia eu dava por realizada, afinal ele tinha três "cães farejadores" alí mesmo. Não que eu goste da comparação. Mas eu, Scott e Noah éramos suficientes para decretar que o ligar estava tomado por um cheiro atípico e bem característicos.

Isso não era prova de nada. Afinal elas nadavam ali todos os dias junto comigo. Meu cheiro também estava lá. Mas Noah acabou soltando um comentário interessante.

- Nunca tinha prestado atenção no cheiro delas, na verdade! - Foi a primeira coisa que disse. - Mas não é estranho que as três tenham exatamente o mesmo cheiro.

Todos nós ficamos um pouco confusos. Cada pessoa tem seu próprio cheiro. Seu cheiro depende da quantidade e do tipo de hormônios que você produz, o que você come, quanta agua você bebe, os lugares por onde anda e outros infinitos fatores. Ninguém é exatamente igual a ninguém. Até mesmo gêmeos como Danny e Dylan tem cheiros distintos. Apesar de eu não me esforçar nem um pouco pra gravar qual cheira a chulé e qual cheira a cachorro molhado!

Mas elas não. Tinham um cheiro só. Quase como se fossem uma coisa só. Era a única explicação possível e não era nem se quer plausível.

A mente de Stiles parecia pipocar. Eu podia ver as engrenagens lá dentro, movendo um maquinário desconexo e abstrato, soltando faíscas, fumaça e eventualmente alguns parafusos frouxos. A mente dele era mais bagunçada do que todos os armários dos meninos do time de Lacrosse juntos. E, pelo que eu vi do armário de Noah, isso não podia significar pouca coisa.

Scott parecia confuso e assustado. Olhava para o amigo ansioso. Esperando pelo resultado de seus cálculos e especulações. Por mais que Scott fosse o alfa, seu amigo parecia ser seu guia, seu chão e seu norte.

Virei-me para Noah, esperando achar o mesmo tipo de confusão em sua cara. Mas fui surpreendida pelo brilho intenso de seus olhos. Sua expressão era alegre com marcas azedas de preocupação. Segui seu olhar e sua voz anunciou, assim que eu a vi, a razão de seu rosto estar ao mesmo tempo tão iluminado e tão sombrio.

- Lydia! - Ele passou por mim, deviou de policiais e enfermeiros para alcançar a ruiva.

Ela estava sentada de costas para nós em uma das espreguiçadeiras que povoavam o local. Parecia distante e demorou a reagir quando Noah a chamou. Ele se abaixou diante dela e disse alguma coisa que eu não me dei ao trabalho de tentar ouvir.

Assim como eu Stiles observava a cena. Seu corpo estava rígido e a mãos fechadas em punhos junto as contas. Como um soldado de chumbo muito, muito aborrecido. Eu sorri feliz quando Naoh e Lydia se abraçaram. Ele soltou fumaça pelas ventas e quase cuspiu fogo em mim com o que eu disse em seguida.

- É! Parece que a ruivinha ganhou mesmo o coração de Noah! - Eu estava feliz pelo meu irmão. Ela era linda. Os olhos de Stiles me acertaram com um soco.

- Ela pode ganhar o coração de quem quiser! - Bufou. - E ela é loira!

Ele saiu marchando na direção do casal e eu procurei o olhar Scott implorando por uma explicação. Ele suspirou e deu de ombros. Seguindo o amigo logo em seguida. Eu fiz praticamente a mesma coisa.

Noah ainda estava abaixado diante da garota. As mãos apoiadas em seus joelhos. Era delicado e gentil com ela. Ver ele assim me dava vontade de vomitar. Stiles, sentado ao lado dela, fazia perguntas e mais perguntas. Ela parecia estar completamente em choque.

Eu e Scott ficamos de pé. Um de cada lado de Noah e ele diante de seu amigo.

- Lydia? O que houve? O que você viu? - Perguntou ansioso.

- Stiles! Calma! - Pediu o alfa, apoiando a mão no ombro do gatoto.

Lydia estremecia de tempo em tempo. Parecia que algo lhe caisava calafrios pré programados. Noah dizia coisas bonitas para acalma-la.

- Está tudo bem, Scott! - Ela disse. Voltou-se para Noah com olhos de anjo. - Está tudo bem!

Ele sorriu e se sentou ao lado dela, abraçando-a pela cintura. Ela se acomodou em seu peito.

- Eu estou ouvindo... - Sussurou nervosa. - A água.

Olhei para a piscina. Deveria estar parada como uma placa de vidro. Mas algo causava pequenas ondulações em sua superfície. Que batiam na borda e voltavam para sua origem até desaparecerem. Cada vez que uma nova onda surgia, Lydia estremecia da cabeça aos pés.

Procurei a orige das ondas. Tinha que ser algo pingando. Elas surgiam perto da escada que dava acesso a piscina. Entre a escada e a borda. Dai se espalhavam pelo resto da piscina. Olhei para o teto que era a única coisa acima da água naquele ponto. Mas não havia nada lá.

- O que a água diz, Lydia? - Perguntou Stiles.

Eu ainda analisava a goteira. Segui o percurso de uma gota, mas não vazia sentido. Ela surgia pouco a baixo do ferro de apoio da escada, não sei se posso chamar de corrimão. Foi então que eu vi. O pequeno objeto. Quase impercetível. Uma correntinha prateada fina como um fio de náilon. Na sua ponta um pingente igualmente minúsculo. Eu estava prestes a ir até lá e pega-lo quando Lydia respondeu.
- Elas estão te chamando! - senti as palavras ecoarem dentro da minha cabeça.

- Eu? - Stiles perguntou assustado. Eu sabia a resposta.

- Não. - Virei-me a tempo de ver o pavor em seus olhos. - Nina. Elas querem a Nina.

"True Alpha" - Just a Fairy Tale.Onde histórias criam vida. Descubra agora