Eu já podia ver a ponte. Poucos metros a nossa frente. A essa altura eu tinha certeza de duas coisas, pimeira: Estávamos sendo seguidas por um lobisomem; segunda: Ele não ia parar. Não era ninguém que eu conhecia. Eu reconheceria o cheiro. E era muito rápido. Por vezes quase havia nos alcançado. Mas, graças a Deus, Brenda estava bem familiarizada com esse tipo de situação e com olhares e sinais discretos combinavamos desvios e distrações, seguindo direções diferentes para confundir nosso perseguidor.
Precisávamos chegar a cidade onde seria mais fácil nos escondermos. O alívio no olhar de Brenda quando chegarmos a ponte era palpável. Mas no instante em que a cruzarmos qualquer sinal de que havia alguém atrás de nós desapareceu. Com exceção do cheiro. Não havia rugido, passos, respiração ou batimento cardíaco, nada. Brenda também padeceu notar.
Estávamos a alguns metros da antiga praça. O chão alí era coberto de pedrinhas de brita, até encontrar o asfalto. Continuamos correndo até outro lado do parque. Mas correr não parecia ter mais sentido. Seja lá quem fosse que estiva atrás de nós, não havia atravessado a ponte. Diminuimos um pouco o ritmo. Eu olhava ao redor preocupada. Aonde estava Johnny?
Seguiamos contornando a pracinha em direção a única rua que tinha saida e iluminação. Meus olhos pulavam do clarão dos postes para a ponte. Olhei para Brenda em sua forma de lobisomem. Estava assustada demais para pensar no quão mais feia ela ficava. Ela olhava para todos os lados, nervosa.
- Acha que escapamos? - Perguntou.
- Eu não sei. - Eu estava ofegante. - A sua família louca que lida com esse tipo de coisa não a minha.
- Por isso você está tão despreparada. - Ela me lançou um olhar mortal. - Olha só, além de exausta está morrendo de medo. Teria morrido se eu não tivesse a ajudado lá atrás.
Eu poderia pensar em uma resposta, mas ela estava certo. Ela tinha provavelmente salvado minha vida. Eu não admitiria isso em voz alta.
- Onde será que está o idiota do Johnny? - Perguntou girando sobre os calcanhares.
- Não sei. - Respondi distraída pensando se não estávamos indo devagar demais.
Foi então que um rosnado forte soou acima de nossas cabeças. Eu senti meu corpo gelar de medo, mas me obriguei a olhar na direção do som. No telhado casa abandonada logo a frente, um lobo de braços e pernas alongados e costas curvas nos encarava com seus olhos vermelhos, rosnando em furia.
Estávamos mortas. O que um Alfa fazia solitário ali? Ele é um Alfa. Fazia o quer que quisesse fazer. Brenda mostrou as presas em resposta ao seu rugido. Eu mal conseguia me mexer. Pelo menos a atidude de Brenda pareceu ofende-lo e ele focou os olhos nela.
- Fuja! - A garota gritou quando o monstro saltou sobre ela.
Eu obedeci, mas por pouco tempo. Como assim fuja? Pensei, me escondendo atrás de uma enorme árvore. Inútil, eu sabia, mas era o que tinha. Eu não podia fugir. Fugir é errado. Evitar problemas é uma coisa, fugir deles é completamente diferente. Ainda assim eu não sabia o que fazer. Fiquei imóvel, ouvindo a batalha às minhas costas. Brenda o havia machucado algumas vezes. Ela era boa. Se tivesse ajuda de alguém experinte poderia derrota-lo. Ou talvez nem precisasse.
Ela era muito rápida e já havia ferido seriamente as duas pernas de seu oponente. Podia sentir o cheiro de seu sangue. Me perguntei quantas vezes ela já teria feito algo do tipo. Um uivo dolorido encheu o ar. Ela havia o acertado com algo que se partiu em mil pedaços. Um dos bancos de pedra da praça, imagino.
Arrisquei-me a dar uma olhada. Brenda saltou sobre as costas de seu adversário já tonto, buscando sua garganta. Percebi o quão gentil ela havia sido comigo durante nossa pequena briga. Provavelmente estava mais preocupada em me atirar à água. Mas então o alfa ergueu seu longo braço e, agarrando a garota como uma boneca de pano, atirou-a contra um poste.
Ela bateu com a cabeça e seu corpo caiu no chão, inanimado. Pensei que agora ele viria para cima de mim, mas não. Cambaleou, praticamente arrastando-se, na direção da garota. Puta merda.
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"True Alpha" - Just a Fairy Tale.
Hombres LoboSer um Alfa vai muito além de ter poder. Ser um Alfa é ser um lider, um bom lider. Ser um Alfa é ser pai, irmão e amigo ao mesmo tempo. É exigir respeito sem ser arrogante, ter sensibilidade e firmeza na medida certa. Mas, pra mim, ser um alfa era s...