Califórnia.

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NOTA DA AUTORA:
Voltamos a narração da Nina.

Foi o vôo mais longo da história. Não havia andado de avião muitas vezes, mas não considerava muito agradável. Talvez, se eu me tornasse algo com asas ao invés de um lobisomem, me sentisse melhor. O mais interessante foi pousar na Califórnia. Eu podia jurar que era outono quando saímos de Washington naquela manhã, mas ao meio-dia a diferença térmica era de quase dez graus. Estava muito quente pra mim, apesar de os termômetros não passarem dos 25 oC.

- A Califórnia é quente! - Disse a pequena Daisy quando saímos do aeroporto.

- Você vai se acostumar! - Prometeu Noah que tinha a menina no colo.

Minha mãe alugou dois carros. Disse que os nossos chegariam na manhã seguinte junto com a mudança. Passaríamos a noite em um hotel e após o almoço de domingo conheciriamos nossa nova casa, já limpa e mobiliada, pronta para receber o conteúdo das centenas de caixas que vinham de caminhão. Minha família era muito organizada e eu gostava disso.

A noite conversei com o meu bando a respeito do que achava que havia acontecido. E todos me aconcelharam a fazer a mesma coisa.

- Fale com a sua mãe! - Disseram.

Que merda. Assim de que adiantava ser alfa? Eu continuava precisando da autorização dela para tudo, da opinião dela em tudo. Mas talvez isso faça parte de ser um bom alfa, ou até uma boa pessoa. Reconhecer a experiência do outro. Fui até ela.

- Descobriu o que queria? - Perguntou quando entrei em seu quarto. Papai havia saído para a piscina, então estávamos sozinhas.

- Ahn, não sei se quero mesmo saber a resposta... - Comecei. - Mas vomo você sabe?

- Acha mesmo que Danny e Dylan usam meu e-mail como ponte para hackear o computador de um oficial e ter acesso a informações sigilosas sobre mais de 500 assassinatos e ninguém percebe nada? - Perguntou.

- Bem, aparentemente eles acham... - Tinha de me lembrar de xinga-los por isso. - Estamos com problemas?

- Não, ninguém percebeu! - Eu a encarei confusa. - Achei as listas no lixo. O resto eu estava apenas supondo e você acabou de confirmar pra mim. Agora vou pensar em um bom castigo.

- Mãe! - Resmunguei.

- Nem comece! - Ela ergueu o indicador para que eu me calasse. - Me diga, descobriu?

- Acho que sim. - Suspirei me sentando na cama.

- O que você acha que aconteceu? - Perguntou. Eu narrei as minhas descobertas e conclusões e no final falei sobre o medo que sentia de estar sendo perseguida pela esposa de um psicopata. Ela me lançou um olhar dócil e maternal. - As vezes você me enche de orgulho. Seria uma excelente detetive, sabia?

- Eu estou certa? - Perguntei, sentindo o medo corroer meus nervos. Não queria ter que matar mais ninguém e certamente não queria ser morta.

- Na maior parte sim. - Ela revirou sua mala. E se dirigiu ao banheiro. - Não precisa se preocupar com a Sra. Stewart. Ela não vai buscar vingança. E o depoimento dela confirma suas suspeitas. Claro que não vai encontra-lo em registros policiais, uma vez que foi dado apenas a mim.

- Tem certeza? - Perguntei aliviada.

- Tenho. - Ela voltou ao quarto, usando biquine. - Agora não pense mais nisso, certo?

- Tudo bem! - Eu sorri. Me espreguicei. - Acho que vou trocar de roupa e relaxar um pouco na piscina.

- Não mesmo. Você está de castigo. Você e seus primos. - Ela sorriu satisfeita, vestindo sua saida de praia. - Não vão aproveitar nada desse hotel além das camas. Já para o seu quarto e não saia de lá até o jantar.

- Mas eu não tava te enchendo de orgulho ainda pouco? - Insisti.

- Vou ficar ainda mais orgulhosa amanhã quando não estiver mais de castigo! - Ela me deu um beijo na testa e saiu.

Eu bufei, enfiando a cara no travesseiro. Esperava que tivesse algo bom na TV.

O tempo passou voando, graças a Deus. Logo era domingo a noite. A maioria das caixas já estava vazia no sótão. Estava pronta para dormir quando Brenda bateu na porta do meu novo quarto.

- Que puta casa, em? - Ela disse quando sentamos na cama.

- É realmente bem grande. - Concordei. - Noah estava um pouco preocupado que tivesse de dividir o quarto com o Johnny.

-Eu também, mas não pelos mesmo motivos.- Nós rimos, o que foi constrangedor.

- Bem... - Pigarreei. - Cada um ficou com seu próprio quarto.

- É... ótimo. - Ela encarou o chão. - Olha, eu sei que Johnny te contou tudo sobre a reação do meu pai.

Não havíamos nos falado desde àquela tarde no quarto dos gêmeos. Ela parecia nervosa e eu não queria pressiona-la.

- Contou. - Confirmei.

- Não quero que você fique pensando nisso. - Pediu. - Na verdade eu gostaria que você fingisse que nunca aconteceu. Meu pai enviou os papéis dando minha guarda para sua mãe. Agora vocês são oficialmente a minha família e não quero lembrar que um dia foi diferente.

- Tudo bem! - Eu sorri fraco pra ela. - Vida nova agora.

- É...

- Está nervosa para chegar na escola amanhã? - Perguntei, mudando de assunto.

- Um pouco. - Confessou

- Eu também! - Disse Johnny, entrando no quarto. O descarado estava ouvindo a conversa de trás da porta. Se jogou na cama entre nós. - Mas espero que sejam todos gays. Não vou deixar nada para vocês, queridas.

Eu acariciei seus cabelos e Brenda o chamou de vadia. Ficamos discutindo nossas expectativas até não aguentarmos mais.

Senti um forte frio na barriga pouco antes de adormecer.

- Beacon Hills! - Suspirei. - Espero que aqui tudo seja normal...

"True Alpha" - Just a Fairy Tale.Onde histórias criam vida. Descubra agora