Família

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Um bando é como uma família. Não como uma família moderna onde todos se ouvem e buscam se compreender. Uma daquelas famílias tradicionais com um representante mais forte ditando as regras. E, no caso, meu bando era realmente minha família. Minha mãe o Alfa e eu a beta mais jovem. Meu pai era ômega até conhecer minha mãe.

Eu seria ômega. Sou muito capaz de me virar sozinha. Mas meu pai tinha horror a essa ideia. E minha mãe literalmente me estraçalharia se eu tentasse resistir a ela em algum momento.

Além deles havia no bando meu tio, sua linda esposa, os gêmeos e a pequena Daizy, minha tia louca que vivia viajando e meu irmão idiota. Não é um bando muito grande.

Todos morávamos na mesma casa. Perto do centro. Um lugar bem discreto cheio de passagens secretas para o subsolo e túneis que davam acesso a várias partes da cidade. Inclusive a escola e o hospital. Na verdade, são muitos túneis e eu nunca percorri todos. Também temos uma espécie de masmorra onde prendemos os descontrolados.

Eu não era nenhum tipo de bebê lobo do mal. Durante a primeira década de vida, mesmo os nascidos Lobsomem são crianças puras e inofensivas. Os "sintomas" de licantropia vem junto com a puberdade. Então digamos que eu estou nessa a uns cinco anos. O começo foi difícil, afinal a primeira lua cheia é algo bem mais complexo que a primeira menstruação.

E então você se tornava realmente parte de bando. E a cada ano que passa os meus planos de morar sozinha numa cidade bem distante ou fugir de casa se tornam cada vez mais perigosos. Nenhum adolescente normal gosta de estar preso a sua família, da ideia de ser dependente. Eu não tinha como me livrar disso.

Até tinha, mas uma das alternativas significava suicídio e a outra assassinato. Como eu nunca fui muito dramática, precisava de uma vítima e um bom motivo.

Não é ganância. Eu só não aguentava mais ter de viver segundo as leis e os princípios de outras pessoas. Presa a uma cidade como aquela e sendo humilhada pelos outros. Se eu fosse Alfa, seria diferente. Meus betas seriam livres para ir e vir e eu os ajudaria sempre. Não viveríamos sempre com medo pois saberíamos que podíamos contar uns com os outros. Isso mesmo. Confiança e liberdade.

E no entanto, eu nunca pensei que isso realmente chegaria a acontecer. Principalmente daquela forma.

Eu estava escorada de costas em uma árvore. A maior da praça. Graças a Deus não era um lugar movimentado. Atrás de mim os rugidos ferozes e o som das pancadas era cada vez mais intenso. Eu estava ofegante. Em pânico. Como eu tinha ido parar alí? Arrisquei dar uma olhada para trás. A loba se agarrara as costas do seu adversário, mas ele, maior e muito mais forte a arremessou contra um dos postes. Vi seu corpo magro cair inerte no chão. Oh, meu Deus. Ela estava morta? Eu precisava fazer alguma coisa, porque agora o grande Alfa ia em direção a ela o ódio brilhando em seus olhos vermelhos. Eu não tinha escolha.

"True Alpha" - Just a Fairy Tale.Onde histórias criam vida. Descubra agora