A Ponte Velha

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A chamada ponte velha era nada além do que o que seu nome sugeria: uma ponte de corda antiga e desgastada que passava sobre o rio que seperava a cidade da reserva florestal. Ficava alguns metros bosque a dentro e era uma das poucas formas de cruzar o rio.

O único outro caminho, fora a entrada principal do parque que havia dentro da reserva, do outro lado da floresta, para a cidade era a ponte enferrujada que dava para a praça leste, num bairro proximo ao centro. Não entendo essa mania de dar apelidos à pontes.

Os dois percursos estavam completamente abandonados, as pessoas não se importavam mais com a reserva, não a visitavam. Eu não entendi o motivo de uma luta sobre a ponte, mas não podia atrapalhar meu irmão. Então,  se pretendia enfiar meu punho na cara de Brenda, era melhor que fosse bem longe da festa.

Fomos seguidas por adolescentes em algazarra. Ansiosos para ver se nos descabelariamos e rasgariamos nossas roupas. Johnny vinha pedindo que eu me acalmasse, mas eu nunca havia me sentido tão calma. Tudo que eu queria era acertar o estômago dela com força o suficiente para deixa-la sem ar. Só isso. Nem se quer prtendia mata-la.

Logo foi possível ouvir o ruído feroz do rio. Era época de chuvas e ele estava especialmente caudaloso. Confesso que senti um instante de vertigem quando alcançamos a margem. O rio ficava alguns metros abaixo da ponte. Tipo, vários metros. Parecia ser bem fundo. Tudo bem, eu não pretendia cair de qualquer forma.

- E então, Nina? - Brenda perguntou. - Como vai ser?

O coro recomeçou. Eu a encarei sem tentar esconder meu sorriso malicioso.

- Quais são suas regras, Price?  - Perguntei.

- Nina, desista disso!  - Johnny suplicou.

- Não se preocupe Johnny! - Eublhe lancei uma piscadela. - Não vou estragar a cara de morcego da sua prima.

- Engraçado, Rockgroove! Mas já passamos da fase de falar. - Ela apontou para a ponte. - As regras são as seguintes: você tenta desviar dos meus golpes e não cair da ponte. Consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo?

- Preocupe-se com o que você consegue fazer. Vai precisar se lembrar disso quando eu estiver pisando na sua garganta! - Retruquei.

- Não seja tão arrogante!

- Não seja tão idiota.

Nos posicionamos sobre ponte que rangia e balancava a cada uma de nossas respirações. Brenda armou guarda e eu fiz o mesmo. O coro se calou enquanto nos encaravamos. Voltando a gritar energicamente quando ela avançou. Deviei de seus três primeiros golpes, buscando uma falha na sua guarda. Quando seu punho direito veio em direção ao meu rosto, eu a segurei pelo pulso e, puxando-a para um pouco mais perto, acertei uma joelhada em suas costelas. Joelhadas não são muito caracteristicas do karatê, mas eu não resisti.

Ela se contraiu com a dor e eu aproveitei que ainda a segurava para joga-la no chão. A pequena multidão que nos assistia berrou um "uhh" sentidos pela dor da menina. Eu ri baixinho antes que ela se levantasse em um salto.

Dessa vez não esperei que ela avançasse. Ensaiei dois socos apenas para distraí-la e a fiz andar alguns metros pra trás com um chute no peito. Ela se reequilibrou e urrando de raiva refez a guarda. Eu me aproximei alguns passos. E me posicionei. Ela não demorou  a atacar, quando defendi um chute na altura da minha orelha ela acertou um soco na boca do meu estômago.

Eu cambaleei sem ar. Estava tonta mas pude ver ela colocar as garras para fora e arrebentar a corda de um dos lados da ponte. A estrutura cedeu, inclinando-se e me fazendo deslizar na direção do rio.

"True Alpha" - Just a Fairy Tale.Onde histórias criam vida. Descubra agora