(Isabela narrando)
Eu usava um vestido branco, que reluzia a pequenos raios de sol que chegavam até minha pele. Eu passava por um lugar escuro, parecia perdida.
Meus cabelos pretos, estavam bem curtos, eu estava com cortes profundos por todo o corpo. Mas aquilo era o que menos importava, eu estava agoniada. Passava por lugares sombrios, com árvores retorcidas, e o vento gélido fazia meu corpo se arrepiar.
Eu andava por aquela floresta e no final do caminho de árvores retorcidas, haviam pequenos seres.
Pareciam crianças, mas emitiam uma luz tão forte, que eu duvidava com todas as minhas forças que eles fossem simples humanos.
Cada uma delas, estava com uma carta na mão. Uma das minhas cartas. As cartas do Dan. Levei a mão a boca.
A primeira carta foi aberta e ele resumiu a carta em uma palavra.
Sua voz saiu como uma melodia suave.
"POSITIVO". Foi o que ele me disse, e o céu ganhou uma cor mais suave.
O segundo, abriu a carta e leu "DECEPÇÃO". O céu se tornou negro novamente.
A terceira carta, foi "DESESPERO", depois "MÁGOAS", "TRISTEZAS", "MEDO", "ANGÚSTIA", "SUICÍDIO".
A cada palavra ruim, o céu se fechava mais, até começar uma chuva forte. A chuva entretanto, não molhava as crianças ou as cartas. Só molhavam a mim.
E foi assim, por longos minutos, até que que eu cheguei na última carta que eu escrevi, e quando a criança virou a carta para mim, ela estava vazia. Não havia uma palavra nela como as outras.
Eu senti um vazio crescente em mim. Ele apontou as outras cartas pra mim, e agora, elas também estavam vazias.
O que aquilo queria dizer?
Em um estrondo, o céu se tornou azul novamente. Um azul tão intenso ao qual eu nunca tinha visto. O sol tocava a minha pele, tirando qualquer vestígio de chuva. As árvores retorcidas do caminho ao qual passei, começaram a brotar folhas, flores e frutos. Pequenas flores saiam do chão e pássaros cantavam uma melodia única.
Tudo estava bem novamente. Tudo estava em paz.
Olhei para as crianças mais uma vez e agora, todas as cartas tinham uma única palavra: "RECOMEÇO".
Uma linda menina veio até mim, ela usava um vestido rosa, tinha os cabelos tão negros quanto os meus e uma pequena e brilhante coroa em sua cabeça. Quando seus pequenos dedos tocaram os meus, eu tinha certeza de quem ela era.
Eu só pude me abaixar e chorar, ela me abraçou com força.
xxxxx: Eu não podia ter entrado na sua vida naquele momento. Mas, eu fui desobediente e quis te conhecer logo. Fugi para entrar no seu ventre e me perdoe por te fazer sofrer tanto. Todos os momentos que passamos juntas valeram a pena, só não pensei que trariam tanta tristeza ao seu coração. Mas eu prometo que isso tudo vai passar, e eu vou te cuidar e te proteger pra sempre. Eu te amo, mamãe.
Dizendo isso, ela me deu um beijo no rosto e me puxou pela mão. Ela me mostrou uma luz muito forte, ali parecia o final do caminho. Mas, eu queria ficar mais com ela. Eu queria ficar mais com minha filha.
Ela sorriu e me abraçou.
xxxxx: Vá mamãe. Em breve, você terá outros filhos. E cuide bem deles, um dia, a gente se encontra de novo. Não leve remorsos, eu estou muito bem. A vida é boa e eu vou te amar pra sempre.
Eu a abracei de novo, a peguei no meu colo e solucei.
Depois, a deixei no chão. Ela apontou para o portal de luz e eu entendi que era a minha hora. Suspirei e olhei para trás, as crianças acenavam para mim e eu, acenei de volta. Dei alguns passos
xxxxx: Mamãe?
Me virei para ela
xxxxx: Não deixa a tia Laura fazer nada com os gêmeos.
Assenti com a cabeça e continuei a caminhar.
Dan: Por favor, Isabela. Eu te amo. Eu não sei viver sem você, tudo que eu preciso é que você acorde. Tudo que eu preciso é que não me deixe.
Eu ouvia saindo do portal, entro naquela luz e minha visão se embaça.
Sinto uma dormência em minhas costas e um gosto amargo na boca. Algo segurava a minha mão, eu ouvia o barulho de alguns aparelhos irritantes e uma voz ao fundo.
Tive que fazer uma incrível força para que meus olhos conseguissem se abrir e eu vejo uma sala branca.
Forço a visão e após alguns segundos, eu consigo ver normalmente.
Olho para o lado e Danilo também está lá. Em uma cama de hospital, cheio de coisas em seu corpo, mas ele estava sorrindo.
Dan: Eu sabia que acordaria. Como está se sentindo?
Eu não sabia o que responder, ainda estava confusa. Olhei sua mão e ela segurava a minha.
Isa: Hã, o que aconteceu?
Dan: Você não se lembra? - ele estalou a língua -
Isa: Hum, não. - disse incerta, como se uma parte da minha memória não estivesse lá -
Dan: Você, sofreu um.. acidente de carro.
E lá estavam elas, as lembranças daquele dia, me acertando em cheio e me deixando zonza. Torci a boca.
Isa: Mas.. você, não estava lá. No carro comigo. Por que está aqui então?
Dan: Isa, seu estado era bem grave. Uma das partes do carro perfuraram um de seus rins. E, você precisava de um. Urgentemente.
Isa: Tá, mas o que você tem... -eu parei de falar e levei a mão a boca- Danilo, você.. você me doou o seu rim?
Dan: É. Mas esse é meu presente de aniversário. - ele fez bico -
Eu pisquei diversas vezes, esperando que algo fizesse sentido.
Isa: Ãh, obrigada.
Um médico entrou ali e fez alguns exames e perguntas.
E logo, comecei a receber visitas.
Meu pai, minha mãe, Mary, Juliano e Laura, Lore e uma "amiga" nova.
Foi bom me distrair por alguns minutos, mas.. eu ainda estava com o Danilo martelando em minha cabeça.Alguém gostando da história?
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Beijinhos *-*
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Uma Patricinha No Morro - Segunda Temporada
RandomAlguns anos se passaram desde o nascimento de seu último filho. A vida tranquila e serena em uma pequena cidade na Alemanha, estava completamente agradável. Mas surge uma oportunidade, capaz de mudar toda aquela tranquilidade. Três jovens sedentos...