Dedicado à
(Lorenzo narrando)
Minha vida estava de cabeça para baixo. Eu estava em um estado tão deprimente ao ponto de passar os dias em casa, revivendo momentos da minha infância com a Isa.
Sempre tive uma relação meio afastada da minha irmã, nossas conversas se resumiam a negócios: eu a pagava para ficar de boa fechada e me dar cobertura, enquanto eu saia com mais uma mulher.
Agora, eu me via em um pesadelo, era algo angustiante demais pra mim. Ela ainda não estava recebendo visitas, então desde o seu acidente, eu não fui ao hospital.
Eu estava precisando conversar com alguém, com qualquer pessoa.
Peguei o celular e entrei no WhatsApp, vi o nome da Ana Caroline ali. Desde o nosso último mini-encontro no café, não conversamos mais. Foram tantos acontecimentos que.. eu mal tinha vontade de respirar
Lore: Carol?
Ela demorou alguns minutos para visualizar e responder. Pelo que conhecia da sua personalidade, sabia que foi tudo de propósito.
Ana: Ana Caroline pra você ;)
Olá garanhão :p
Lore: Olá, língua afiada!
Ana: Ei!
Lore: Toma sair comigo? Tipo, agora? Tô precisando conversar.
Ana: Conversar sobre mulheres? Bebidas? Baladas? Sexo?
Ou você consegue falar sobre alguma outra coisa?
Lore: Você sabe mesmo pegar no pé de um homem.
Ana: De um vagabundo*
Lore: Que seja!
Eu só preciso desabafar.
Minha vida está de cabeça para baixo
E eu não consigo passar por tudo sozinho
Tô me sentindo um fraco
Pateticamente fraco. Mas eu estou com medo.
Ana: Céus, Lorenzo. O que aconteceu? :(
Lore: Minha irmã sofreu um acidente de carro.
E agora, ela está em estado grave, precisando seriamente de um transplante.
E adivinha? Não fui compatível para doar.
Ana: Calma, querido.
Tudo vai ficar bem.
Nos vemos no lago em 20 minutos?
Lore: Seria ótimo.
Ana: Ok. Nos vemos lá.
Nos vemos lá. Repeti em voz alta.
Tomei um banho rápido, coloquei uma bermuda cinza e uma blusa vermelha. Calcei minhas havaianas e guardei nos bolsos a carteira e o meu iPhone. Passei um perfume e passei as mãos no cabelo.
Desci as escadas correndo, evitando todo aquele silêncio enlouquecedor. A casa estava tão vazia e.. sem vida.
Senti meu coração se apertar e meus olhos se embaçaram pelas lágrimas.
Fui andando mesmo. Tudo que eu precisava era espairecer um pouco. Tentar tirar toda aquela tristeza sem fim de dentro do meu coração.
Cheguei no lago, mas Carol ainda não estava. O sol já ia ao encontro do lago, demonstrando que em poucas horas, aconteceria o pôr-do-sol.
Me sentei na grama e enchi os pulmões com aquele ar puro. Sentia uma brisa tocar a minha pele e por um momento, fechei os olhos, tentando esquecer toda aquela bagunça mental.
Senti alguém envolver seus braços pelo meu pescoço, por um momento, senti que toda a dor presente no meu coração, foi substituido por um alívio instantâneo.
Virei meu rosto para vê-la. Eu sabia que era ela, a moça da língua afiada.
Ela sorriu lindamente para mim e se sentou ao meu lado. Ela tinha uma beleza tão angelical que fazia meu coração se aquecer.
Ana usava um vestido branco, com pequenas flores rosas estampadas. Trazia consigo uma cesta, estava com o cabelo solto, fazendo com que a brisa os tocasse, os jogando levemente para trás.
Ana: Como está sua irmã?
Lore: Na mesma. - suspirei e senti lágrimas escorrendo -
Ana: Ô, meu amor. - ela se ajoelhou e me abraçou -(Laura narrando)
O Lore já esteve aqui, estava tão agitado, tão nervoso. Praticamente implorou para ser o primeiro a fazer o teste.
Saiu de lá chorando, ele não era compatível. Disse que precisava passar um tempo sozinho e foi embora.
O segundo a entrar, foi meu pai. E o resultado foi o mesmo. Tão abalado quanto o Lore, ele disse que precisava andar um pouco e igualmente, se retirou do hospital.
Juliano: Agora sou eu. Espero poder ajudar. - ele me abraçou forte e foi para a sala -
Malu: O Juliano é um bom menino. Ele gosta muito de você.
Laura: Eu sei. Ele também é muito importante pra mim.
Ficamos em silêncio.
Laura: Eu só queria poder ajudar a Isa. Estou me sentindo na beira do abismo, sem poder fazer nada.
Malu: É por uma boa causa.
Laura: Desde quando crianças são coisas boas na idade que eu tenho, mãe? -rosnei -
E do nada, eu caí em um choro sentido. Minha vida seria tão mais fácil se eu não tivesse sido tão idiota. Se essas crianças não estivessem aqui.
Mamãe se levantou e segurou a minha mão. Fomos até o carro em silêncio e ela tirou de lá um violão.
Hã? Um violão? O que mamãe estava pensando em fazer?
Entramos em algumas salas e ela me amostrou uma espécie de janela de vidro. Cheguei perto e vi dezenas de bebês, um mais lindo que o outro. Aquilo fez meu coração dar piruetas no peito.
Sentamos no chão e mamãe puxou o violão para o seu colo.
Malu: (Ouçam a mídia)
Um mês e o tempo voa, eu já sou
E você nem descobriu
São dois e chega perto, mas eu ainda sou
Pequeno demais, viu?
Três meses e o tormento
Esse teu sofrimento eu também já posso sentir
Vê se aquieta o coração
Pra quando eu sair daquiTalvez eu dê trabalho, uma vida de despesas
Mas por favor me deixa ficar
E se por um acaso, eu não tiver seus olhos
Você ainda vai me amar
Eu sei que ansiedade, é quase uma inimiga
Mas eu não quero ser confusão
Então por favor, me deixa na sua vida
Mas vê se aquieta o seu coraçãoSe é tempestade, todo medo
Se for arrependimento, por favor tira daí
Você ainda não me tem inteiro
Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir
E quando a barriga for crescendo
Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver
Seca o choro e fica aqui comigo
Que até assim tristinha, eu já sei que eu amo vocêQuatro meses, tempo eu te imploro paciência
Eu vim do céu por causa do amor
No quinto faltam quatro e eu aposto que os presentes
Já tão vindo em rosa ou azul
E quando chega o sexto todo mundo já vê
Que você não anda sozinha
No sétimo eu já tenho lencinhos com meu nome
Desculpa pai, mas ela é só minhaSe é tempestade, todo medo
Se for arrependimento, por favor tira daí
Você ainda não me tem inteiro
Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir
E quando a barriga for crescendo
Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver
Seca o choro e fica aqui comigo
Que até assim tristinha, eu já sei que eu amo vocêOitavo mês aguenta, que eu já tô chegando
Só quero um jeito de te encontrar
No nono vem a pressa, a dor, o choro a gente
Desculpa você ter que sangrar
E por mais uns anos você vai fazer planos
Pensando se eles servem pra mimE eu vou te acordar, bem de madrugada
Você vai me amar mesmo assim
O meu primeiro passo, vai ser no seu abraço
Me segura quando eu cair
E no final do dia é só a tua voz
Que vai poder me fazer dormirSe é tempestade, todo medo
Se for arrependimento, por favor tira daí
Você ainda não me tem inteiro
Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir
E quando a barriga for crescendo
Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te verHum... seca o choro e fica aqui comigo
Que até assim tristinha, eu já sei que eu amo vocêOioi coisas lindas da minha vida! ÀE p
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Uma Patricinha No Morro - Segunda Temporada
AcakAlguns anos se passaram desde o nascimento de seu último filho. A vida tranquila e serena em uma pequena cidade na Alemanha, estava completamente agradável. Mas surge uma oportunidade, capaz de mudar toda aquela tranquilidade. Três jovens sedentos...