(Isabela narrando)
Deixei os livros um pouco de lado, senti que precisava descansar um pouco a mente. Olhei uma foto com a minha mãe sobre a cômoda e agradeci mentalmente por tê-la em minha vida. Eu não sei o que seria de mim sem ela. Ela é minha base.
Ouvi meu celular vibrar, era a Marielly. A Mary é minha primeira amiga, eu tenho uma grande dificuldade em me aproximar das pessoas. O que me surpreendeu é que essa moça linda, chegou do nada na minha vida, durante uma aula de anatomia e com aquele jeito doce e que faz amizade fácil, me conquistou da forma mais querida.
Isa: Fala coisa linda.
Mary: Vamos saiiiiir! Eu não aguento mais ler sobre corpos humanos.
Isa: Sair? Agora? Quero ficar em casa!
Um fato sobre mim é que não importa o que tenha fora de casa, eu prefiro o aconchego da minha cama sobre todas as opções.
Mary: Isabela, querida. Entenda: Não importa onde eu esteja, só não quero mais ver esses livros!
Isa: Venha aqui pra casa! Traga todo o leite condensado que encontrar por aí!
Mary: Lá vem a obesiane! - ela riu - Ok, gordelícia! Nos vemos daqui a pouco. Por favor, não morra de saudades!
Isa: Como se desse para sentir saudades de você!
Mary: Ah, cala a boca! Já chego aí! Tchaau!
Isa: Bye.
Guardei meus livros e desci as escadas. Tomei um remédio para dor de cabeça e me joguei no sofá, ligando em um canal qualquer. E logo, a minha vaquinha chega, fazendo bagunça.
Fizemos uma super panela de brigadeiro e nos jogamos na minha cama.
Mary: Sério, eu acho que vou morrer de tédio - ela bufou -
Isa: Neem me fale!
Mary: Bem que seu irmão podia aparecer assim, sem camisa, me chamando para dar uma volta.
Isa: Ah querida, o que ele mais ia te dar era volta! Ele é um galinha, manda mensagem de amor para as dez namoradas de vez. E adivinha quem nem se importa mais em gravar os nomes? Pois é, eu!
Mary: Mas cara, eu não me importaria em dividi-lo. Ele é gato demais.
Isa: Lógico que é gato, é meu irmão. Teve que vim puxando, né?
Mary: Ha, muito engraçada. - ficamos em silêncio por alguns segundos - Não acho vocês parecerem nem de longe.
Isa: Também não acho. E as vezes me sinto deslocada.
Mary: Deslocada?
Isa: É, como se eu não me encaixasse na família. Eles são Dornelles, reconhecidos em todos os lugares, loiros de olhos azuis e eu sou tão... normal. Sou Silva, cabelo preto, olhos castanhos. Pareço com todo mundo, menos com minha própria família.
Mary: Eu acho legal vocês serem diferentes.
Isa: E você? Parece com seu irmão?
Mary: Um pouco. Meu irmão também é gato, tá? Pegaria fácil!
Isa: Marielly, você tá falando do seu irmão!
Mary: Ué, tô falando a verdade! - nós rimos - Vamos para um lugar diferente? Gente rica não sabe se divertir.
Isa: E para onde vamos?
Mary: Para minha humilde residência! Anda, garota! Larga essa panela e vem!
Coloquei uma roupa mais apresentável e peguei o HB20 do meu pai. Saímos em direção a casa da Mary, que eu ainda não sabia onde era.
Meia hora depois, chegamos na entrada do morro. A Mary mora aqui? Como ela nunca me contou? Ela falou com um cara lá da entrada e subimos.
Isa: Não sabia que morava no morro.
Mary: Isso incomoda você?
Isa: Nem um pouco! Eu só, estou surpresa.
Mary: Já veio aqui antes?
Isa: Ah sim, vim em um baile aqui com os meus irmãos.
Mary: Entendi.
Ela me mostrou o caminho, e logo estávamos em sua casa. Era uma casa simples, mas bem bonita.
xxxxx: Olá querida, trouxe visitas?
Mary: Oi mãe. Trouxe, essa é a Isabela. Isa, essa é a minha mãe, Beatriz.
Bea: Um prazer, querida.
Isa: O prazer é todo meu, tia!
Mary: Vamos pro meu quarto.
Chegamos e nos jogamos em sua cama.
Mary: Vou ligar para o meu irmão para ver se hoje rola alguma coisa aqui.
Vi ela ligando e logo, ela volta.
Mary: Vai ter uma churrascada e um bom pagode! Partiu?
Isa: Lógico! Acho o morro bem legal. Parece que aqui sempre tem algo pra fazer.
Mary: Sim, é divertido. No começo eu não queria me mudar para cá, mas.. aprendi a gostar daqui.
Isa: Por que vieram pra cá? - ouvi ela suspirar alto - Não precisa falar se não quiser.
Mary: Não, tudo bem. - ela encarou o chão - Desde que me entendo por gente, meu sonho sempre foi vestir um jaleco branco e poder ajudar as pessoas. Ser uma médica diferente, que não estava ali só pelo dinheiro, mas sim pelo amor.. Mas bom, minha família não tinha condições financeiras, a mensalidade é uma verdadeira fortuna e.. eu até pensei em desistir. Fiz muitos vestibulares, tentei muitos processos de bolsa, tentei pedir ajuda do governo... NADA! Então, meu pai, resolveu vim para cá e voltar ao tráfico.
Isa: Voltar ao tráfico?
Mary: É, a muito tempo atrás, ele foi dono do morro, mas por nossa família, ela saiu.
Isa: E pela sua família, ele voltou!
Mary: Isso! A verdade é que nesse país, você consegue entrar mais facilmente no tráfico do que em uma faculdade.
Isa: Lamentável! E o seu irmão, o que acha disso tudo?
Mary: Meu irmão é meio contra o tráfico, sabe? Eu também não sou muito a favor, mas é com o que a gente vive. Meu pai também paga a mensalidade da faculdade do Juliano e nos dá tudo.
Isa: Juliano é seu irmão?
Mary: É, você ainda não sabia?
Isa: Eu nem sonhava com isso!
Mary: Ele tá gamado na fresca da sua irmã.
Isa: Eu tô sabendo. E ele não mora aqui?
Mary: Não. Papai preferiu dar uma casa pra ele morar sozinho, porque meu irmão vivia trazendo mulheres pra cá e tudo mais.
Isa: Entendi.
Mary: Mas agora, chega de papo! Vamos nos arrumar para o churrasco! É hoje que tu pega uns gatinhos!A pedidos, um pouco da Isa. No próximo Cap com ela, vai ser narrado um pouco mais de sua vida!
E a Marielly entrou na história! A Mary foi a selecionada do Instagram (maryh_cristine) e já entrou com tudo! Amiga da Isa e irmã do Juliano. Comentem o que estão achando.
E, estou pensando em uma nova personagem, pra ser a namorada do Lorenzo. O que vocês acham?
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Uma Patricinha No Morro - Segunda Temporada
AcakAlguns anos se passaram desde o nascimento de seu último filho. A vida tranquila e serena em uma pequena cidade na Alemanha, estava completamente agradável. Mas surge uma oportunidade, capaz de mudar toda aquela tranquilidade. Três jovens sedentos...