(PH narrando)
O almoço corria bem, era bom ver minha família tão feliz. Laura falava animadamente sobre uma coleção nova de qualquer estilista famoso, não sou de guardar nomes desnecessários, pelo simples fato deles serem desnecessários. Lorenzo ria com os três melhores amigos, fazendo piada com algo que eu não pude identificar o que era. Minha Maria, conversava com Melanie, sobre o quanto sentiria falta daquilo tudo e a pequena-grande demais Isa, estava mais uma vez em silêncio. Respirei fundo ao perceber a tristeza em seus olhos, nunca fui a favor dela saber da Nicole. Ela não precisava de uma mãe daquelas, ela tinha a Malu. Mas eu tive que admitir que isso era o certo.
Pensei sozinho em como tudo se passou nesses 18 anos aqui. Eram pra ser no máximo dois, mas acho que tudo isso fez bem pra gente.
Lembrei do nascimento do Lorenzo e como tudo foi difícil depois daquele momento. Eram muitas crianças para cuidar, e Malu as vezes, enlouquecia. Despejando todo seu estresse nesse pobre ser que vos fala.
Nos seis meses do meu tão esperado menino, ele estava mais calmo. Já tinha acalmado todo aquela gritaria e choro, sem nenhum motivo aparente. O que Laura tinha de calma, ele tinha te agitado. Chorava dia e noite, eu tinha até medo que algum vizinho me denunciasse, pensando que eu maltratava aquela criança.
Certo dia, eu estava na fila do supermercado. Eu, Malu ao meu lado e ele no carrinho.
Malu: Pegou fraudas?
Diego: Sim! P, M e G. Um tamanho pra cada filho. (Nessa época, Laura ainda usava para dormir)
Malu: Talco?
Diego: Sim!
Malu: Sabonete neutro?
Diego: An-hã
Malu: Lenços?
Diego: Hum, não.
Malu: Ótimo, o Lô tem alergia.
Revirei os olhos, não sabia que um bebê precisava de tantas coisas! Enquanto minha querida esposa, me fazia repassar a lista, para ter a total certeza que não esqueci nada, sinto alguém tropeçar no carrinho do bebê.
xxxxx: Ops, desculpa! Que bebê lindo! Que lindos olhos azuis!
Eu e Malu deixamos a lista de lado para agradecer o elogio de mais uma desconhecida apaixonada pelo meu lindo filho. Mas quando meus olhos se cruzaram com aquela mulher, meu sorriso foi involuntariamente trocado por uma expressão séria. Senti meu rosto ferver e sem perceber, cerrei os punhos com muita força.
xxxxx: Diego Sanchez? É você mesmo?
Peguei o carrinho e sai empurrando, deixando-a sem resposta. Eu tinha tanto nojo daquela mulher.
Malu: Diego, ela..
Diego: Sim, a Raquel.
Ela apareceu mais algumas vezes, mas eu nem dava a oportunidade dela se explicar. Afinal, isso não tem explicação. Independente de sermos novos, nossos pais aceitando ou não, era uma criança, era uma vida. E ela não tinha o direito de acabar com ela assim.
Soube por alto que devido ao aborto, ela havia ficado estéril, estava morando em uma cidade do interior e já havia passado pela cama de todos os homens casados da Alemanha.
Ouvi uma risada bem escandalosa, a risada mais linda e engraçada. Olhei e era Malu, só podia. Parece que aquela menina do morro, ainda vivia dentro dela. Continuava com a mesma garra, com a mesma teimosia.
Percebi que enquanto eu permanecia em meus desvaneios, todos acabaram suas refeições.
Laura: Vamos, papai?
Diego: Vamos, querida. Vou pagar a conta.
Lorenzo: Te esperamos lá fora.
Fui até o caixa e entreguei a conta e o dinheiro. Uma mulher alta, com o cabelo acima dos ombros e com os olhos cor de mel, me encarava. Me encarava ao ponto de me deixar sem graça, quanto tempo faz que essa coitada não vê um homem?
Finalmente ela entregou meu troco e um papel.
Diego: O que é isso?
xxxxx: Meu número - ela piscou pra mim -
Diego: Desculpa, mas eu não me lembro de ter te pedido isso. Eu não preciso dele. - a devolvi o papel - Tenha uma boa tarde.
Em todos esses anos, permaneci fiel a minha patricinha. Eu sei que você deve estar com uma super cara de "eu não acredito". Mas eu mudei, de verdade.
No dia seguinte
Olhei o relógio, 14:35. Nosso voo seria o próximo, e no aeroporto, muitos abraços, choros e promessas de sempre manterem contato.
Laura se agarrava a Alana e Elise. Lorenzo, abraçava de lado seus três amigos.
Malu, como sempre, muito chorona, abraçava Melanie de um jeito que eu estava com medo dela lhe quebrar todos os ossos do corpo. E eu e Isa, os sem amigos em questão, permanecíamos de longe. Olhando aquela cena e torcendo para que o avião chegasse logo. Antes de nós acabarmos com a cota de suspiros do dia.
- VÔO 3-5-6-7 Alemanha x Brasil.
- VÔO 3-5-6-7 Alemanha x Brasil.
Aquele sotaque ao falar Brasil, me fez sorrir. E por falar em sotaque, estava com saudade daquele jeito único do carioca falar. O meu, eu já perdi a tempo. Junto com as gírias, mas sei lá, sinto falta.
Após mais abraços e choros, subimos no avião. Sentei ao lado de Malu, Isa com Laura e Lorenzo com uma menina. Olhei o repreendendo, sabia exatamente o que ele estava pensando. Mas ele apenas deu de ombros.
Horas depois, sinto alguém me balançar.
Malu: Querido, chegamos!
Abri os olhos, e logo ouço os meus queridos adolescentes berrando! Briga? Mas já?
Me levantei e peguei a única bolsa que a minha querida esposa carregava.
Laura: Como você pode já ter ficado com uma garota no avião? Foram apenas algumas horas, Lorenzo Dornelles!
Lore: Ah, Laura. Eu sou homem!
Percebi Malu torcendo a boca, era exatamente a mesma coisa que eu a dizia quando tentava explicar mais uma traição.
Isa: É um tapado mesmo! Papai também é homem e mesmo assim sempre foi fiel a mamãe.
Glup! Senti os olhares da Malu sobre mim e para minha própria segurança, achei melhor não encará-la.
Eu e a patricinha, decidimos ficar na nossa, como se não tivéssemos ouvido nada sobre o assunto, e depois de mais alguns minutos de discussão, eles pararam.
Pegamos um táxi e Malu lhe informou o endereço.
Lore: Olha o tamanho dos shorts! Olha o tamanho das bundas! Eu estou no paraíso!
Ah, a testosterona!
Isa: Cala a boca, moleque! - ela bufou -
Em alguns minutos, estavamos em frente a mansão dos Dornelles.
Laura: Que casa ma-ra-vi-lho-sa!
Isa: Vamos ficar mesmo aqui? UAU!
Descemos e Flávia veio correndo nos receber, havia quase um ano que nos vimos pela última vez.
Flávia: Meus netos queridos! Quanta saudade - abraçou os três -
Laura: Também estamos, vovó!
Malu: De mim ninguém sente falta?
Flávia: Oh, minha querida. Claro que senti. - as duas se abraçaram forte - Olá querido genro.
Diego: Oi, sogrinha. - a abracei -
Flávia: Vamos entrar?
Assentimos e entramos. Ei RJ, estamos de volta!
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Uma Patricinha No Morro - Segunda Temporada
AcakAlguns anos se passaram desde o nascimento de seu último filho. A vida tranquila e serena em uma pequena cidade na Alemanha, estava completamente agradável. Mas surge uma oportunidade, capaz de mudar toda aquela tranquilidade. Três jovens sedentos...