Por que eu te deixei partir?

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(Carol narrando)

Carol: PAI, EU N-Ã-O QUERO SAIR.
Leandro: Filha, vai ser bom pra você.
Carol: Eu sei o que é melhor pra mim. - me enfiei em baixo das cobertas -
Meu pai suspirou. E se sentou ao meu lado, alisando meus cabelos.
Leandro: Por que não vai ao shopping com sua mãe? Ou então, vá ao lago. Você sempre amou aquele lugar, sempre disse que aquilo renovava suas energias.
Ah, claro. Ir no lago, onde cada parte só me faz lembrar DELE. Tudo que eu preciso pra me afundar ainda mais nessa depressão.
Quando percebo, já estou chorando novamente. Eu nunca fui uma pessoa fraca, nunca chorei por homem, sempre gostei de ser a bonitinha desapegada de Ipanema.
Gostava de pegar e não me apegar, gostava de pegar alguém nos dias de carência e logo depois, ir pra um pagode sem ter que dar satisfação a ninguém.
Era bom, era mais que o suficiente pra mim. Mas aí, ele apareceu. Apareceu e quebrou todas as minhas regras, quebrou todo o lado racional que eu tinha.
E eu comecei a agir somente pelo coração, deixei ele me desmontar inteira. Fiz dele o meu porto seguro e lhe confiei todos os segredos.
Só, que a minha âncora me levou pra baixo. E quando eu mais precisei, ele deixou minha mão.
E doeu, doeu tão fundo que eu acho que nunca vou me recuperar totalmente.
Leandro: Filha - ele suspirou - Por mim.
Tirei algumas cobertas e o olhei, suas olheiras, seus olhos brilhando pelas lágrimas.. suas marcas das noites que passou sem dormir ao meu lado. E meu coração saltou no peito.
Ele não merecia.
Tomada pelo desejo de vê-lo sorrir, após tantos meses, sequei as lágrimas e me levantei, colocando um sorriso falso no rosto.
Carol: Você tem razão, papai. Eu não posso viver nesse quarto, tenho que reagir. - falei para animá-lo, tentando esconder a minha tristeza e a incrível vontade de chorar -
Leandro: Ô, minha menina.
Seu sorriso foi tão lindo, que um pequeno e sincero sorriso também se formou em mim. E então, ele me abraçou e eu deixei uma pequena lágrima escorrer pelo meu rosto.
Leandro: Vai, se arruma bem bonita. - deu leves tapinhas em minha perna, me encorajando - Quer que eu te acompanhe?
Ele já estava fazendo muito por mim, precisava de um descanso.
Carol: Não, pai. Tá tudo bem. - sorri amarelo - Acho melhor eu me arrumar.
Leandro: Claro, meu amor. Qualquer coisa, estou lá embaixo. - depositou um beijo em minha testa e saiu -
Olhei em volta, e tive uma vontade imensa de chorar de novo. Mas, engoli o mesmo; fazendo minha garganta arranhar.
Carol: Eu vou conseguir. É fácil. - repeti pra mim mesma, levantando da cama - Nem precisa ser exatamente no lago. Pode ser uma volta no quarteirão. O papai vai ficar feliz.
Olhei meu reflexo no espelho do quarto e nossa... eu estava horrível! Ia ter muito trabalho para chegar a um estado considerado decente.
Ia ter que esconder as olheiras, lavar esse cabelo mega oleoso, tirar esse moletom velho, me depilar... Quase voltei para a cama, mas eu precisava dar um passo, né? E meu pai estava tão feliz.
Mandei a preguiça embora e fui me depilar, depois fiz uma hidratação no cabelo, uma esfoliação no meu corpo e no meu rosto. Tomei um banho demorado, fui escolher uma roupa. Optei por um short jeans curto e desfiado, uma batinha branca com um decote e detalhes em renda; e uma Melissa Flox nos pés.
Depois, fiz um make leve. Base, pó, muito corretivo, rímel e um batom nude. Me olhei no espelho e super amei o resultado, me senti mulher de novo. Aproveitei para colocar algumas pulseiras e amarrar uma faixa linda na cabeça.
Peguei uma bolsa, coloquei meu celular, trident e um pouco de dinheiro. Passei meu perfume e estava outra pessoa.
Desci as escadas correndo, mais animada do que nunca.
Leandro: Céus, filha. Você está linda. - disse segurando minha mão e me girando -
Carol: Obrigada, pai. Deu trabalho.
Leandro: Valeu a pena.
Carol: Vou andar por aí.
Leandro: Tudo bem. Juízo, heim. Qualquer coisa, me liga.
Carol: Não esquenta, senhor Leandro. - beijei sua bochecha e sai pela porta -.
Quando cheguei do lado de fora, me senti uma vampira. Fazia tanto tempo que não saia de casa, que até estranhei a claridade.
Olhei o lindo céu azul lá fora e me xinguei em pensamento por todos os dias lindos que perdi por um carinha que nem deve se lembrar de mim.
Fui caminhando, olhando tudo com outros olhos. Fascinada com tudo aquilo. Do nada, vejo que estou no caminho do lago, e travo, pensando em retornar. Mas, por que não? O que eu queria não era vencer os meus fantasmas?
Fui andando, olhando o pôr-de-sol, quando vejo um cara jogado na grama. Reconheço de longe, e fico o olhando fixamente, sem saber exatamente o que fazer.
Mas, como sou idiota e não aprendo nunca, decido ouvir o meu coração e me aproximo. Depois de chamá-lo e o ver sorrir ao ouvir minha voz, deito ao seu lado.
Quando seus olhos se abrem e se fixam aos meus, sinto todas as borboletas do mundo voando em meu estômago e um sorriso largo se forma em meu rosto.
Lore: Carol?
Carol: Olha, o bonitinho ainda sabe meu nome.
Lore: Como eu poderia esquecer? O coração gravou, dai já era. - ele falou meio embolado -
Carol: Tu bebeu?
Lore: Um pouquinho só. - fez um quantidade extremamente pequena com as mãos -
Carol: Ahaam, sei. E o que é isso em sua mão?
Lore: Me cortei, sem querer.
Carol: Sempre arrumando confusão. Revirei os olhos e me sentei, ele fez o mesmo. Peguei sua mão com cuidado e retirei minha faixa do cabelo, amarrando em sua mão.
Carol: Vai servir pra estancar o sangue, até chegar no hospital.
Lore: Obrigado. - ele sorriu de lado -
Fiquei o encarando por algum tempo, era inevitável me perder em sua beleza.
Lore: Por que eu te deixei partir?

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 Uma Patricinha No Morro - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora