Mais um bebê?

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(Malu narrando)
Como eu ia ser avó? Como ser avó de GÊMEOS?
Ao receber a notícia, tive tanta raiva por ela ter escondido de mim, que gritei com ela e até a chamei de irresponsável.
Afinal, ela mal conhece um garoto e já vai pra cama com ele? E se no lugar de uma gravidez, fosse um DST?
Ela foi muito tola em não ter usado camisinha.
"Tão tola como você." Meu subconsciente me lembrou.
Tão tola quanto eu. Tão facilmente iludida como eu fui.
Deixei toda a ira de lado, para olhar seus olhos. Ela estava triste, decepcionada consigo mesmo e com um medo tão intenso que transpareciam em seu olhar.
E lá estava eu, com dezessete anos de novo. Sentindo tanto medo quanto ela.
Tanta vergonha, tanta raiva de mim mesma.
Era a mesma história se repetindo. Quando estava na mesma situação que ela, eu apenas pensei que minha vida havia acabado ali.
Mas não, minha pequena Laura deu sentido a tudo. Ela me fez uma pessoa melhor.
E agora, era a hora da minha princesa descobrir isso. Fácil? Nunca é! Mas a vida só é levada com um bom jogo de cintura.
A abracei forte, a pegando de surpresa.
Malu: Há vinte anos atrás, eu me peguei em uma situação tão complicada como a sua. Eu estava grávida, sem onde morar, sua avó tinha me colocado pra fora de casa e eu e seu pai não estávamos mais juntos.
Ela levantou a cabeça para me olhar, eu e o Diego sempre preferimos deixar as coisas do passado para trás. Mas naquele momento, eu achei totalmente necessário que ela soubesse o que aconteceu.
Malu: Eu tinha dezessete anos e na minha primeira vez, engravidei. - ela fez uma careta - E eu senti tanto medo ao ponto de pensar em.. em tirar você.
Ela abaixou a cabeça.
Malu: Mas sabe? Com o passar dos dias, eu imaginava meu barrigão enorme, imaginava seu rostinho e imaginava que mesmo que fosse difícil, eu sempre teria você ao meu lado.
Ela me abraçou forte.
Laura: Mamãe, o papai vai me matar.
Malu: Ela vai ficar chateado no começo, meu amor. Mas logo, tudo vai se ajeitar. - dei uma longa pausa - Agora vamos voltar pra casa?
Ela levantou em um salto, seus olhos arregalados.
Laura: Não mamãe, por favor. Eu quero ficar aqui.
Malu: Laura, mas você tem sua casa.
Laura: E eu sempre vou ter, vou ir sempre lá. Mas nesses meses, eu meio que.. aprendi a ser gente. Aprendi a ser responsável e lidar com os meus erros. Eu tô trabalhando e ajudando o Ju com as despesas.
Eu fitei o chão. Tudo bem, ela tinha seus motivos. Mas eu jamais pensei que minha patricinha fosse escolher morar na humildade. No fundo, bem no fundo, eu estava orgulhosa.
Mas ainda tinha uma coisa me incomodando. Eu não sabia se era uma boa hora pra contar.
Laura: O que foi, mãe? Ficou pálida do nada.
Segurei as suas duas mãos com força.
Malu: Eu quero te contar uma coisa. Mas quero que você guarde apenas para você. Não conte nem para os seus irmãos.
Laura: Mãe, você está me assustando.
Eu limpei a garganta
Malu: Eu estou, hãn, tipo... meio que..
Laura: Mãe, não faz esse enredo todo. Eu tô ficando nervosa.
Malu: Eu também estou grávida.
Laura me olhou com os olhos arregalados e com a boca aberta. Ficou assim por alguns segundos, até começar a gritar, me abraçar e me beijar.
Laura: Você já contou ao papai?
Malu: Ainda não - mordi os lábios - Mas uma coisa de cada vez, né? Ainda tenho que contar que ele vai ser vovô.
Laura: Vovô de gêmeos. - ela mordeu o lábio inferior - Estamos ferradas.
Malu: Super ferradas.
Ouço meu iPhone tocar.
Malu: Espero que não seja mais problemas. - olhei no visor - É a Isa.
Atendi
Malu: Oi filha.
Ouvi alguém limpar a garganta do outro lado da linha, mas não era a minha filha.
xxxx: Senhora Sanchez, tudo bem?
Malu: Quem é? Por que está com o celular da minha Isabela?
xxxx: Eu sou hã, o Danilo.
Malu: Danilo? Eu mandei a Isabela ficar longe de você. Eu sabia que uma hora ou outra, você traria ainda mais problemas. O que você fez?
Danilo: Se-nhora Sanchez eu, eu não tive culpa. Eu tentei evitar, mas.. ela é teimosa e.. não me ouviu.
Malu: O que está acontecendo? Não tenho tempo para rodeios.
Danilo: A Isa sofreu um pequeno acidente de carro, nada muito grave. Mas ela está no hospital.
Senti meu coração parar de bater por alguns instantes e um nó enorme se formou em minha garganta. A minha Isabela?
Danilo me falou em que hospital ela estava e eu contei tudo a Laura.
Chamamos o Juliano, que foi correndo nos ajudar. Pegou um carro com seu pai e estávamos a caminho.
Liguei para o Diego, e ele entrou em pânico. Por fim, ficamos todos sentados na sala de espera, impacientes, tentando manter a calma.
Nem olhei para o tal do Danilo, ele some e faz a minha menina tentar suicídio e agora volta e a coloca em um acidente? Eu não deixarei mais com que ele se aproxime dela. Nunca mais.

Malu super/mega/blaster protetora!
Danilo super sobrando ali.
Aiai, e esses médicos que nunca vem dar notícias? Torcendo pela melhora da nossa guerreira. ê4¯ !hø­sâÉ2Ú8%
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 Uma Patricinha No Morro - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora