(Isabela narrando)
Coloquei um short jeans e uma blusa caidinha nos ombros, uma rasteirinha e pronto! Fiz um make leve, soltei meus longos cabelos negros e estava pronta. Mary colocou um vestido soltinho, muito lindo, uma rasteirinha e prendeu os cabelos em um rabo alto. Fiz um make nela bem parecido com o meu e saímos.
No caminho, muitos meninos assobiavam e davam cantadas ridículas em mim, mas eu não ligava. Mary tentava me empurrar algum deles, mas eu não queria ninguém.
Preferia ficar isolada, no meu mundo, presa na própria caverna que eu escolhi e fiz para mim. Preferia evitar o mundo, pessoas eram frias, más e calculistas demais e tudo que eu quero é não me envolver com nenhuma.
Cheguei no churrasco e fiquei surpresa: Como pode ter tanta gente assim reunida em um só lugar? Suspirei antes de me enfiar no meio da multidão, esperando chegar só Deus sabe onde.
Acho muita graça de como o pessoal aqui é animado, é festa todo dia e não tem tempo ruim. Tem sempre um lugar pra ir, alguém pra conversar e pessoas que sorriem com o olhar. Sou completamente apaixonada por pessoas assim. Tenho certeza que Laura é a única pessoa que não gosta disso tudo, dessa vibe que só os brasileiros tem.
Hum, Laura. Ela e esse tal do Gustavo, não sei não. Estou com uma intuição muito ruim de isso tudo, ela mau conhece ele. Fazer o que se ela não me ouve? Eu só posso cruzar meus dedos e pedir aos céus que nada que eu esteja sentindo se conclua.
Ouço um som muito bom, não era funk, mas me causava a mesma sensação quando eles chegavam aos meus ouvidos.
Isa: Mary? - praticamente gritei em seu ouvido, já que a música estava em uma altura fora do normal -
Mary: Oi - respondeu no mesmo tom -
Isa: O que é isso? Que som é esse?
Mary: Maravilhoso, não é? Isso é pagode!
Isa: Pa-guo-de? - meu sotaque tornou a palavra bem engraçada, fazendo Mary gargalhar -
Mary: Venha, vamos dançar.
Eu não sabia dançar, ela me ensinava a sambar e uns gatinhos assobiavam, me deixando muito sem graça, mas nem isso conseguiu deixar com que eu me abalasse, estava decidida a aprender aquela dança.
Dancei (ou quase isso), bebi, comi mais do que o necessário, mais do que eu devia e mais do que meu estômago era capaz de armazenar. Ri, sorri, sorri com a alma. Eu me sentia feliz ali.
Fiquei com dois gatinhos, mas nem perguntei o nome. Algumas pessoas acham isso coisa de mulher fácil, mas eu não acho. Acho que é coisa de mulher que já sofreu demais e não quer mais se envolver.
Já fiz muitas coisas que eu achei que eram certas, por amor. E o meu medo é que Laura passe pela mesma coisa. Há medos e traumas em mim que eu não posso mudar, há cicatrizes que não se fecham com facilidade. Há uma marca em mim, bem funda, que me impede de amar novamente, que me impede de ter vontade de me entregar para uma nova pessoa.
Eu estou bem assim, estou bem sozinha. Estou bem trancada em um mundo aleatório que criei. Gosto da solidão e gosto do conforto que ela me trás.
Gosto de pensar que, não tem ninguém para me ferir novamente, não tem ninguém para me fazer mal.
Me despeço rapidamente de Mary, volto para casa em silêncio e me tranco no quarto. Agradeço por Laura não estar lá.
Entro no banheiro e suspiro alto. Imagens do passado invadem a minha mente e sinto meus olhos se molhando. Eu prometi, prometi para mim mesma que jamais choraria por causa dele, mas eu não era forte o suficiente para aguentar aquele turbilhão de sentimentos do passado, tomando conta de mim, mais uma vez.
Esfreguei os olhos com força, deixando com que meus olhos ganhassem um preto intenso, causado pela minha maquiagem que se desfazia com minhas lágrimas. Minha respiração já estava forte e os soluços cada vez mais frequentes. Tirei minha roupa e coloquei o chuveiro no mais quente que consegui, esperava que de alguma forma, a água levasse consigo todas as dores que assombravam a minha alma, dia após dia.
Olhei meus pulsos, as cicatrizes ainda eram visíveis, a dor ainda era palpável. Todas as tentativas de suicídio, vieram como flashes em minha mente e eu gritei.
Gritei com toda a força que tinha, e me joguei ao chão. Eu me sentia um nada, me sentia idiota demais por ter caído em seus jogos. Me sinto cansada demais e saio do banheiro, me jogando na cama, sem roupas e molhada.
Fecho os olhos com força, e torço, mais uma vez, que eu não possa mais abri-los. E que eu saia dessa vida, com a pouca dignidade que ainda me resta.
Puxo um lençol e coloco sobre o meu corpo nu, e após mais alguns soluços, adormeço.Alguém lendo? Alguém gostando?
Comentem e votem, por favor.
Sem isso, sem vocês, não há história nenhuma!
Muito obrigada por lerem! Beijinhos "
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Uma Patricinha No Morro - Segunda Temporada
DiversosAlguns anos se passaram desde o nascimento de seu último filho. A vida tranquila e serena em uma pequena cidade na Alemanha, estava completamente agradável. Mas surge uma oportunidade, capaz de mudar toda aquela tranquilidade. Três jovens sedentos...