Mais uma gravidez indesejada.

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(Malu narrando)
Senti meu coração dar pulos com tudo que aconteceu no passado.
Eu tinha tanta mágoa da Daniela, tinha nojo de olhá-la.
Pedro: Vocês já se conhecem?
Malu: Não!
Dani: Sim!
Nos olhamos
Malu: Sim!
Dani: Não!
Pedro: Ei, ei. Vocês se conhecem ou não?
Malu: Nos vimos algumas vezes na rua. Nada além disso.
Eu sei que era mentira. Eu sei o que ela fez pra mim. Sei que nunca a perdoaria por tudo o que fez comigo.
Mas droga, meu irmão estava feliz e isso contava demais. Eu nunca o vi tão animado com ninguém antes, ele sempre foi tão sozinho. Eu não era capaz de acabar com toda essa felicidade.
Dei uma desculpa qualquer e deixei os dois sozinhos. Eu só espero que ela tenha mudado.

(Laura narrando)
Acordei com alguém me balançando, bocejei e esfreguei os olhos com força. Estreitei os olhos e vi o Juliano em minha frente, com uma enorme bandeja em seu colo.
Olhei em volta e percebi que já estava no quarto.
Laura: Já é de tarde? Dormi demais.
Juliano: Sim, você dormiu. E agora, precisa se alimentar.
Olhei na bandeja, havia pão de queijo, bolo de chocolate, uma maçã e suco de laranja. Sorri e senti minha barriga roncar.
Comecei a comer.
Laura: Obrigada por me abrigar aqui, mesmo depois de tudo que eu te disse.
Juliano: Tudo o que você me disse, já passou. O que importa agora, é essa criança que está aí dentro. Quem é o pai?
Suspirei, era tão desconfortável ter que conversar sobre isso com o Juliano.
Laura: Essa criança não tem pai.
Juliano: Ele não quis assumir? É isso?
Laura: Eu não contei a ele que estou.. hum, grávida.
Juliano: E por quê não disse?
Laura: Porque eu descobri que ele não era quem eu pensava.
Juliano: As pessoas não são apenas o que demonstram ser.
Laura: Agora eu sei disso! - eu suspirei - Eu não quero ter que encarar o meu pai. Ele vai me matar.
Juliano: Mas eles vão ficar preocupados.
Laura: É.. acho que vou mandar Mary deixar um bilhete lá, ela faria isso, não é?
Juliano: Com certeza, faria.
Laura: Vou poder mesmo ficar aqui?
Juliano: O tempo que quiser. A casa é bem simples e pequena, mas o que é meu, é de vocês também.
Senti uma lágrima solitária escorrer pelo o meu rosto. Juliano era uma das pessoas mais generosas que já conheci em minha vida. Ele podia não ter nada, mas estava disposto a dividir tudo que tinha comigo.
Enquanto eu, tão esnobe e nariz em pé, só queria tudo para mim. Acho que essa criança veio, para me fazer acordar para a vida. E me aproximando do Juliano, pude receber uma linda lição de vida.
Laura: Juliano, posso te dar um abraço?
Ele me encarou por alguns segundos, meio sem reação. Por algum tempo, até me arrependi por ter feito isso, mas ele se ajoelhou sobre a cama e abriu os braços para mim. Eu sorri e me ajoelhei também, abraçando com todas as minhas forças.
Laura: Jamais poderei agradecer tudo o que está fazendo por mim.
Juliano: Não esquenta, Laurinha.
Ele se desfez do abraço.
Juliano: Temos que marcar um médico pra você.
Laura: Tudo bem.
Juliano: Temos uma pequena clínica aqui no morro, sei que não é o que você esperava, mas é a única coisa que posso pagar. - ele colocou as mãos no bolso e fitou o chão sem graça -
Laura: Sem problemas. - foi o melhor que consegui responder -
Juliano: Quer que eu ligue para alguém te fazer companhia? Eu preciso ir trabalhar e não fico a vontade te deixando sozinha.
Laura: Hum, não. Ninguém. Não se preocupe comigo. Vou ficar bem, qualquer coisa te ligo.
Juliano: Tudo bem então. Qualquer coisa, me liga mesmo, ok? Tem algumas coisas na geladeira, fique a vontade. A casa é sua. - ele pegou uma bolsa - Tchau! - me deu um beijo na testa e saiu -
Eu me sentia tão sozinha, é como se eu não tivesse ninguém comigo. Eu estava assustada, estava com medo.
Meu iPhone toca. Será que é a minha mãe? Ela vai morrer quando não me encontrar e eu estou com o coração apertado por isso, mas eu ainda não consigo enfrentar toda essa confusão. Eu preciso de um tempo para organizar meus pensamentos e sentimentos.
Olho no visor, um número ao qual eu não tenhi na agenda. Quem seria?
Laura: O-oi?
xxxxx: Laura? É a Joyce!
Ufa! Essa menina é um amor, me ligou para saber como eu estava e se precisava de algo. Prometeu também, me fazer uma visita amanhã, o que me deixou bem animada.
Liguei para a Isabela, só ela podia me ajudar.
Isa: Onde você está?
Laura: Você está perto dos nossos pais?
Isa: Não! Eles ainda não chegaram e você tem sorte por isso.
Laura: Eu preciso da sua ajuda! Vem ao morro!
Isa: Morro? O que você está fazendo no morro, Laura?
Laura: Sem perguntas, Isa. Só venha aqui.
Em poucos minutos, a encontrei na entrada do morro e com ela, estava a Mary. Essas duas grudaram, só pode.
As levei até a casa do Juliano e entramos.
Mary: Você na casa do meu irmão? O que eu perdi? Por quanto tempo dormi? Você não odeia ele?
Caraca, quantas perguntas!
Laura: Seu irmão me abrigou aqui, porque não tenho pra onde ir.
Isa: Como assim não tem pra onde ir? Você tem casa e..
Laura: EU ESTOU GRÁVIDA.
Comecei a chorar e as duas ficaram me olhando espantadas. Isa veio me abraçar.
Isa: O que vai fazer agora, Laura?
Laura: Você tem que me ajudar, por favor. Eu não quero encarar nossos pais agora.
Isa: Tudo bem, tudo vai ficar bem. Eu vou arrumar uma boa desculpa, ok?
Mary: E o Gustavo, ele..?
Laura: Ele nunca vai saber dessa criança. Ele é um cretino!
Ouço as duas suspirando.
Laura: Eu não quero essa criança.
Isa: Laura, não fale isso.
Laura: Eu odeio essa infeliz dessa criança.
Mary: Laura, se acalme. Não fale assim.
Isa: Isso é coisa de momento, logo seu amor de mãe vai se despertar.
Laura: Você nem sabe do que está falando, Isabela! Você nem sequer sabe o que estou sentindo.
Isa: Eu sei tudo que se passa por sua mente nesse momento.
Laura: Ah é? E como sabe então?
Isa: Por que eu também já fiquei grávida.
Abri e fechei a boca diversas vezes, nenhuma palavra conseguia sair. Como a Isabela já engravidou? Como eu nunca soube disso?
Isa: Sabe o Danilo?
Concordei com a cabeça, ainda sem palavras.
Isa: Eu achava que ele era o amor da minha vida e que ele era o homem com quem eu me casaria e o homem ao qual meus filhos chamariam de pai. Mas então, eu me entreguei e após alguns sintomas, fiz um exame. Dei a notícia a ele e adivinha? Ele sumiu. Desapareceu.
Mary: E essa criança? O que aconteceu com ela?
Laura: Isabela, por favor, você não abortou, né?

Será que a Isabela faria isso?
Tadinha da nossa Isa :(
OMG, Malu não contou a Pedro sobre a Daniela.
E mais: Malu pensando em abortar? Ela não pode!
Muitas tretas para um capítulo só!
Alguém gostou? Comentem para eu saber! øÿÿÿÿÿ

 Uma Patricinha No Morro - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora