Motivos para não desistir.

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(Laura narrando)
Estávamos todos na sala de espera, Juliano afagava os meus cabelos e discretamente passava os dedos pela  minha barriga.
Eu estava em pânico, não queria que nada acontecesse com minha irmã. De repente, papai chega ali. Com uma cara de poucos amigos.
Diego: Quem foi o responsável pelo acidente da Isabela? - ele cerrou os punhos -
Antes que mamãe pudesse denunciar o Danilo, eu o respondi. Afinal, ele era um filho da mãe, ridículo e muuito cretino, mas ele não merecia ser espancado por papai ali.
Laura: Pelo o que sabemos, a culpa não foi de ninguém. A estrada estava molhada e.. ela perdeu o controle do carro.
Papai me olhou por alguns segundos e depois se jogou no sofá, apoiando os braços nas pernas e cobrindo o rosto com as mãos. Mamãe o abraçou de lado.
Malu: Calma, querido. Vai dar tudo certo.
(...)
Horas se passaram e nada de nenhuma notícia chegar, aquilo era angustiante. Fui em casa tomar um banho e comer alguma coisa, quando entrei no nosso quarto e senti seu perfume ainda presente ali, deixei com que todas as lágrimas que eu havia segurado antes viessem a tona. 
Um medo de não tê-la mais me deixou em frangalhos. Eu não podia perder a minha Isa, não podia. 
Comecei a olhar suas coisas, suas roupas, suas maquiagens, as nossas fotos juntas. Eu queria ter qualquer coisa que me desse esperança, olhei para Juliano, ele me olhava em silêncio, sentado na minha cama.
Passei os dedos em mais algumas coisas dela, até que vi uma coisa que despertou uma curiosidade avassaladora em mim. Uma caixa preta, decorada com várias caveiras e com marcas de algo vermelho, que na minha percepção parecia sangue. Um enorme calafrio me atingiu, aquilo não parecia ser dela.
Peguei a caixa e levei até a cama. Abri e nela haviam cartas. Oi? Cartas? 
Tirei as cartas, e coloquei em cima da cama. Elas estavam perfeitamente arrumadas, em ordem.
Juliano: O que é isso? - ele se sentou ao meu lado, curioso -
Dei de ombros, ainda tentando processar tanta informação. Olhei dentro da caixa, nelas haviam lâminas velhas e enferrujadas, e várias palavras escritas por todo o interior da caixa.
Cartas para Dan. Suicídio. Morte. Enforcamento. Lâminas. Cortes fundos. Cortar os pulsos. Dores.
Mordi o lábio com força, aquilo era assustador.
Juliano: Ãh, Laura?
Olhei para ele. 
Ele me mostrou um pequeno papel, colado na caixa com durex. Ele puxou e me entregou. Abri rapidamente.
"Motivos para eu não desistir.
1- Malu nunca desistiu de mim, mesmo eu não sendo verdadeiramente sua filha.
2- O papai é um gato e eu tenho que estar viva para espantar as engraçadinhas que chegarem perto dele.
3- Eu ainda tenho que ver o Lore tomar jeito e se casar.
4- Eu prometi a Laura que cuidaria dela para sempre, e assim vai ser, até o último dia da minha vida. "
Os soluços já saíam sem permissão. Meu peito doía tanto. Juliano me abraçou com força. Seu abraço deveria ganhar algum Oscar ou qualquer outra premiação de abraço mais confortante do mundo.
Mas, para isso, várias pessoas teriam que o abraçar para dar-lhe o prêmio. E eu não quero isso. Seus abraços são meus.
Ele me deu um beijo na testa e eu limpei os olhos.
Juliano: Não é melhor guardar isso?
Olhei para as cartas e algo se despertou em mim. Guardei os "motivos para não desistir" no bolso da minha calça e peguei todas as cartas e em ordem, coloquei dentro da bolsa.
As cartas não eram para o Dan? Então eu ia fazer o que já deveria ter sido feito.
Comi um sanduíche (só porque o Ju disse que não me levaria a lugar nenhum enquanto eu não comesse -.-) e voltamos para o hospital.
Laura: Alguma notícia? - perguntei assim que cheguei a sala de esperas -
Diego: Nada ainda. - papai suspirou -
Laura: Vão para casa comer alguma coisa.
Malu: Eu quero ficar aqui.
Laura: Mamãe, você tem que se cuidar, lembra? Qualquer coisa, eu ligo pra vocês.
Malu: Você tem razão. Não esquece de me ligar.
Laura: Pode deixar.
Nos abraçamos e eles foram. Danilo permanecia no mesmo lugar, imóvel. Ele tinha os olhos inchados, como se estivesse chorado a pouco tempo. Ninguém ainda havia conversado com ele, só demos o nosso desprezo.
Mas agora, eu havia algo que lhe pertencia.
Laura: Danilo?
Ele levantou o olhar.
Dan: Olá, Laura.
Laura: Vá para casa você também. Você precisa relaxar um pouco.
Dan: Eu não vou conseguir relaxar até saber que ela está bem.
Suspirei. Eu sabia que ele era bem cabeça-dura e que ele não ouviria ninguém.
Laura: Sendo assim, eu tenho algo para te entregar.
Dan: O que é? 
Tirei todas as cartas da bolsa. Deveria ter umas quinhentas ali.
Laura: Eu achei nas coisas dela. São pra você. Acho que Isa nunca teve a oportunidade de te entregar, então, tô fazendo isso por ela. 
Dan: Obrigado, Laura. Muito legal de sua parte.
Ele sorriu e começou a ler uma por uma. Eu fiquei com vontade de perguntar o que estava escrito ou do que se tratava. Mas deixei minha curiosidade de lado. Não era a hora.

Cartas para Dan? Alguém tem alguma idéia do que esteja escrito nelas?
E será que Laura fez certo em entregar elas para ele? 
Será que Isabela ficaria brava? 
Huuum! No próximo cap, narração de Dan e teremos uma ideia de tudo que Isa estava sentindo quando escreveu cada uma delas.
Mas para isso, preciso que você deixe seu comentário e votos. É bom saber se tem alguém gostando ! àË

 Uma Patricinha No Morro - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora