Ela não pode me deixar.

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(Isabela narrando)
Nesse mês que se passou, eu juro que tentei tomar as rédias da minha vida. Juro que tentei mandar nos meus sentimentos e nessa bagunça mental que eu estou vivendo desde o dia que o Dan me deixou sozinha.
Estou me dedicando a ONG e tento ao máximo deixar meus problemas pessoais de lado quando estou lá. Eu faço isso pelas crianças, faço isso porque me sinto bem ao vê-los bem.
Danilo? Não sei quem é! Quer dizer, isso ocorre somente quando estou lá. Me fazendo de muito forte na frente dele.
Mas quando eu chego em casa, eu desabo. Eu me torno aquela adolescente de novo.
Céus, será que essa tortura nunca vai acabar? Será que essa culpa vai vim sempre me assombrar?
Saio da ONG correndo. Novamente a chuva veio e novamente, eu deixei que a droga dos meus sentimentos falassem mais alto e me entreguei aos seus beijos.
Era um cenário idêntico ao da última vez. Chuva, beijo, desespero, Danilo correndo atrás de mim na chuva.
Que raios eu tenho na cabeça? Será que eu não consigo aprender com os meus erros? Será que eu já esqueci o que o Danilo fez? Ele é um monstro e isso nunca, jamais vai mudar.
Saio correndo até um dos carros do papai. Seu corolla preto.
Entro com tudo e tranco a porta. Afundo a cabeça no volante. Só ouço os meus soluços, a forte chuva que cai sobre o teto do carro e Danilo socando a droga do vidro.
Dan: Isabela, vamos conversar. Você não pode sair assim.
Eu não aguentava ouvir sua voz. Não aguentava olhá-lo. Eu estava com nojo dele. Estava com nojo de mim por ter cedido aos seus encantos mais uma vez.
Dan: Anda, Isa! Foi só um beijo. Não vai se repetir. Abra essa porta.
Não vai se repetir? Quem garante? Eu já havia prometido pra mim, que jamais te daria outra chance. O que você fez não pode ter perdão.
Totalmente exausta, ligo o carro.
Dan: Isabela, não vou deixar você sair desse jeito! Saia logo desse carro.
Era tarde demais, acelerei e sai dali.
Durante todo o caminho, eu chorava e a chuva piorava. Meu celular vibrava insistentemente no banco.
Eu sabia que era ele.
Com minha mente pertubada, grito, tentando afastar aquela dor. E as lágrimas e soluços frequentes, fazem com que eu perca o rumo da estrada.
Sinto o carro virar pelo menos quatro vezes e uma escuridão extremamente convidativa me leva para ela.

(Danilo narrando)
Eu odeio ver a Isabela assim, odeio ver o estrago que provoco na vida dela.
Eu tento o máximo ficar longe dela e assim, evitar ainda mais problemas para ela. Mas não dá, ela é tão viciante. Seu cheiro é tão convidativo. Seus lábios perfeitamente desenhados parecem implorar para que eu os toque.
E quando me entrego aos seus encantos, a abalo. Ver transtornada, me faz o pior dos caras.
Vejo mais uma vez ela correr para o seu carro, como da primeira vez. Parecia que lá era o seu refúgio. A fortaleza que impedia a minha presença. Ela não estava bem para dirigir assim, algo podia acontecer e... algo em mim gritava para que eu não a deixasse ir.
Quando ela arrancou com o carro, parecia que havia uma parte de mim com ela, um frio atingiu a minha barriga.
Peguei o meu carro correndo e a segui. Nada podia acontecer com ela. Absolutamente nada.
A chuva estava forte, eu mal conseguia ver a estrada. O carro da Isa permanecia em alta velocidade e eu temia que o pior acontecesse.
Até que vi seu carro perder o controle e capotar várias vezes.
Parei o carro e desci correndo. Meus olhos agora inundavam tanto como a chuva naquele momento.
Corri até ela, gritei por seu nome diversas vezes, mas ela não me respondeu.
Peguei meu celular e liguei para o resgate.
Dan: Por favor, Isa. Eu não posso te perder.
O resgate demorou um bom tempo para chegar e eu já estava em pânico. Chorava ao ponto de soluçar. Mais uma vez estou colocando a vida dela em risco.
Eles tiraram ela das ferragens e a minha menina estava desacordada, com cortes grandes e profundos pela testa.
Olhei ao lado do carro, e lá estava seu celular. O peguei, precisava avisar a alguém.
O seu iPhone estava com a tela trincada, mas ainda funcionava perfeitamente.
Havia um porém. A senha. Qual senha seria a dela?
Tentei o número do aniversário dela.
Tentei momentos felizes como o dia que nos conhecemos, o dia do nosso primeiro beijo e o dia em que a pedi em namoro.
Todos deram erro.
Eu sei que parece bobo, um cara desse tamanho se preocupando em guardar datas tão banais para garotos da mesma idade que eu.
Mas ela me marcava. Me deixava tolo. Irracional.
Fui para o hospital, decidi que avisaria a alguém - ou pelo menos tentaria - quando chegasse lá.
Peguei meu carro e acelerei o máximo que eu pude, eu não queria deixá-la sozinha nem por um segundo.
Cheguei a tempo de vê-la sendo levada por um maca, para uma sala em uma velocidade fora do normal, o que fez meu coração pular. Era algo tão grave assim?
Suspirei tão alto, que aposto que metade do hospital ouviu.
Fica bem, Isabela.
Eu sabia que eles avisariam assim que tivessem uma notícia. Então, o que me restava era esperar.
Olhei seu celular novamente.
A senha. Raios, qual é a senha?
Algo passou pela minha cabeça e eu digitei os números rapidamente. Por incrível que pareça, ele desbloqueou.
Era data que ela perdeu o bebê.
Aquilo doeu tanto, que era como se alguém estivesse arrancado meus rins sem anestesia.
Ela guardava aquela data, aquilo a assombrava tanto. Afastei os pensamentos e procurei o contato com o nome de "Mãe".
Apertei em chamar e a cada "tu" que o celular fazia, meu coração ia até a boca e voltava.
Agora eu vou ouvir. Ouvir muito!

Tadiiinha da Isa! Que dó dela! Será que é algo grave?
Não posso nem imaginar quando a família dela receber a notícia.
Danilo está mais que ferrado, e o bom é que ele sabe disso.
Alguém gostando? Quero votos e comentários! Îâ püj

 Uma Patricinha No Morro - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora