Quase relaxo... QUASE.

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Hoje foi o último dia de aula do mês (ALELUIA), temos 15 dias em recesso de carnaval, eu já moro quase sozinha, só vejo minha mãe a noite, então vou passar 15 dias praticamente só.

Eu soube que hoje vai ter um show de Reggae na praia, tô pensando em ir, me distrair um pouco, é sempre bom né?!
Mas antes de sair eu tenho que comer algo, minha mãe mesmo diz que "Saco vazio não para em pé."
Pego um macarrão instantâneo e coloco pra ser cozido, enquanto isso vou até meu quarto separar a roupa que vou usar no show.

Meu quarto está uma zona!
Tem roupa sobre o computador, roupa debaixo da cama, comida espalhada...
Tenho que arrumar isso, se não, é capaz de eu me perder aqui.

Arrumo tudo, o que demorou muito tempo, tinha coisas que eu nem lembrava ter debaixo daquela camada de bagunça.
Separo minha roupa, e sinto um cheiro estranho, um cheiro seila de... QUEIMADO!

Caralho, o miojo!

Desci as escadas quase embolando, chego na cozinha e está o maior fumaçeiro!
E agora, oque que eu faço?? Como eu já tinha visto em alguns seriados quando isso acontecia, eles jogam um pano pra conter o fogo, e assim fiz eu.
Até que funcionou mesmo.

Mano, eu quase explodi a casa! Como que eu esqueci do miojo? Sou muito lerda mesmo. Mais um motivo para eu ir assistir ao show, tenho que relaxar.

Tomo meu banho, e vou me vestir.
Coloco um Short Jeans, uma blusa preta escrita Good Vibes, um tênis vermelho. Uso minhas pulseiras hippies, e solto o cabelo, que por incrível que pareça não está parecendo um ninho de passarinho.

Estou pensando em pintar o cabelo, fazer uma californiana talvez...

Quando eu estava saindo, ouço a porta abrir, era minha mãe. O que é meio estranho, pois sempre ela volta a noite.

-Mãe? Chegou cedo, que... Estranho.
-Pois é filha, resolveram me liberar cedo hoje, eu soube que vai ter um show de reggae, você quer que eu te leve?
-Eu estava indo mesmo pra lá, quero uma carona sim.
-Ok, filha. Só vou trocar de roupa.

Minha mãe é Médica, e quase mora dentro do Hospital. Por isso que ela chega tarde em casa.

-Pronta? -ela diz enquanto pega as chaves do carro.

- Sim, sim. -assenti

Entramos no carro e fomos em direção a praia.

-E aí, filha? Como vai a vida?

-Normal, nada interessante.

-Nenhum namoradinho?

-Não, mãe. Nenhum namoradinho.

- Você já vai fazer 16 anos, Maju. -eu não entendi o que ela quis dizer com isso.

- E...?

- Nada demais. É que normalmente nessa idade as meninas costumam ter algum paquera.

- Mãe, se tem uma coisa que eu não sou, é normal.

Rimos juntas.

-Azar os dos meninos filha, porque você é linda, e louca... Muito louca.
Rimos de novo.

Eu nunca tive um namorado, nem gostei de um garoto. A única coisa que eu sou apaixonada até hoje, é coxinha.
Se eu pudesse eu casava com uma coxinha. Eu não tenho essa opção?
E eu também nunca... Beijei.
A Isy me contou que já beijou um garoto, e é bom.

Mas eu não me sinto incomodada por ser "BV", eu acho até legal, me sinto exclusiva, porque vamos combinar que é raro ter minas BV hoje em dia!

Chegamos na praia, eu desco do carro.

Minha mãe abaixa o vidro,

—Que horas eu te busco?
—A hora que a senhora achar melhor.
—Certo.

Quando ela da partida no carro, ela grita:

—Vê se paquera alguém filhotaaaa... - a voz dela vai sumindo enquanto fica mais longe.

Tinham 3 garotos numa distância considerável, que estavam rindo.
Eu fiquei uns três segundos imóvel, tentando recompor a dignidade que me restava.
Minha mãe é muito louca, cara!

Vejo um aglomerado se formar, acho que o show vai começar.

O show começa, e nossa, músicas fodas!
Chego mais perto e... OLOCO!
Quem estava tocando a guitarra era o.. O... O... LUCCA!
Sabe o Lucca??? O Lucca da escola? Aquele lá... Não, ta de zueira, aquele não é o Lucca.
Mas sim, era ele mesmo.

Uou, eu nunca imaginei que alguém que andasse com o babaca do Pedro pudesse ter algum talento a não ser estupidez. Mas esse é o universo, sempre nos surpreendendo.

Mas vamos ligar os pontos, Lucca e Pedro são inseparáveis. Onde o Lucca está, o Pedro está também.
O que me faz pensar que o Babaca supremo se faz presente no mesmo local em que eu estou habitando, porque? Porque o universo adora, ama, se diverte em me sacanear.

Resolvo ir comer algo, já que o miojo que eu ia me alimentar ficou em casa carbonizado.
Vou até um quiosque comprar minha paixão (coxinha <3 ), e beber algo.
Comprei a coxinha e um energético, parece que hoje a escola toda resolveu dar uma passadinha no Show, tem muitos alunos por aqui.
Eu topo ver todos, menos o Pedro.

Enquanto eu estou distraída no meu ritual da coxinha, sinto algo tocar no meu ombro.
Olho pro lado, e era o Lucca.

—Ei, você não é a irrita.. Ops, digo, a Maria Júlia?
— Maju. Sim, sou eu.
—Não sabia que você curtia reggae.
-—Eu não sabia que você tocava reggae. Pensei que você tinha o mesmo nível mental do Babaca, mas você parece ter mais neurônios. Parabéns.
Ele ri.
-—Ah, o Pedro é assim com todo mundo, Maju. Ele gosta de zuar as pessoas, e principalmente aquelas que não aguentam brincar.
-—Porque você anda com ele?
—Somos amigos desde pequenos.
—Nossa, seus anticorpos são realmente bem resistentes. Você não se contaminou com a babaquice dele. -Lucca ri.

—Você é engraçada, porque é tão quieta na escola? Só vejo você com uma loirinha. -ele faz uma cara como se quisesse lembrar o nome dela.
—Sim, a Louise. Eu sou na minha porque não acho necessário interagir com o pessoal daquela sala.
-—Nossa...
-—Mas você eu estou relevando, relaxa.
Ele ri mais uma vez.

O Lucca parecia ser um cara legal, mas o fato dele andar com o Pedro tira essas qualidades dele.

-—Sua amiga, namora?
—Hmmmm, ta interessado? -faço uma cara de maliciosa.
-—Anh, vamos mudar o assunto. -ele coça a cabeça.
—Que zueira Monstra foi aquela que você fez com a Thiffany? Oloco, muito boa!
A gente ri.

E como era de se esperar, surge o Pedro. Do Além? Brotou? Não sei, mas ele apareceu alí.

—Irritadinha! - ele vem com um sorriso no rosto.
—fala sério... -reviro os olhos.
—Você por aqui! -ele cruza os braços.
—Não, eu não estou aqui! Você está vendo coisas. -faço uma cara irônica pra ele.
—Relaxa, irritadinha.
— É o que estou indo fazer. Já vou indo, Lucca. Cuidado com o babaca!

Ligo para minha mãe, que vem me buscar uns cinco minutos depois da ligação, e aqui estou eu, em casa, com meu pijama de branco de bolinhas amarelas, assistindo As três espiãs de mais, esperando o sono chegar.

Adolescente Em CriseOnde histórias criam vida. Descubra agora